vênus 26/05/2023
"Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz."
Não sou chegada à poesia... ou melhor, não era chegada à poesia ? até ler esse livro.
O volume chegou até minhas mãos de presente e ainda fermentou muito na estante até que eu finalmente me encorajasse a lê-lo. E que surpresa deliciosa!
Manuel de Barros faz, em O Livro das Ignorãnças, uma desconstrução do mundo em "agramática" (como o autor faz referência à própria poesia).
A brasilidade, a simplicidade, os detalhes e a arte pura são LINDOS nessa obra, lindos!
A princípio, achei que a experiência seria ruim, já que nunca leio poesia, e pensar em iniciar por um livro "difícil" me deixou apreensiva. Logo percebi o engano e me percebi totalmente envolvida em desvendar a arte dentro dos versos de Manuel.
O autor brinca com palavras e nós brincamos ao desarrumá-las. Pelo menos, eu me senti assim ao entrar em contato com tamanha expressão da linguagem.
Além disso, por estar acostumada a ler poesias desgarradas (em questões de vestibulares), poder apreciar uma obra que tem um fio conciso de início, meio e fim foi esclarecedor. Adorei as autoreferências!
Penso que esse livro tem que ser lido, digerido e relido, contemplado e re-relido. Há muito o que sentir nos versos que voam para fora da asa.
Enfim, foi uma leitura tão boa que eu fiquei na necessidade de ne derramar sobre essa resenha. Leiam, leiam!
"Me procurei a vida inteira e não me achei ? pelo que fui salvo."
PS: FIQUEM COM O MAIS CHEIROSO TRECHO:
"As coisas que não existem são mais bonitas"