O natimorto

O natimorto Lourenço Mutarelli




Resenhas - O Natimorto


29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Adriano 27/01/2022

Lourenço Mutarelli segue se mostrando, no mundo literário, tão genial quanto foi enquanto se dedicou aos quadrinhos. Em "O Natimorto", o autor nos traz, tal qual em "O cheiro do ralo", personagens sem nome, situações e diálogos que flutuam entre o fascinante e perturbador, e uma experiência de leitura, no mínimo, marcante. Tudo isso através de uma escrita muito particular.
Ainda devo levar um tempo digerindo os diálogos entre "O Agente" e "A voz", e a relação entre as imagens chocantes dos maços de cigarro e as cartas de tarô. Ainda assim, não vejo a hora de abrir mais um livro do genial Mutarelli.
comentários(0)comente



Diego Piu 08/06/2023

Fluido (clichê escrever isso em resenhas literárias? Que seja). Um romance com muito Tarô envolvido, sou altamente suspeito para julgar.

Tirando a parte que ele atribui uma origem muito esotérica ao baralho de 78 cartas (e tudo bem pq aqui é um romance e esse ar de mistério ajuda no clima da trama), boa parte dos significados dos arcanos está bem fiel, e isso já é maravilhoso, um romance que leva o Tarô a sério (que eu descubra outros).

A escrita é de uma poesia encantadora!
comentários(0)comente



Gabriel 12/09/2022

Peça de teatro, romance, poesia, roteiro de filme... ou tudo isso? Mutarelli é um dos autores brasileiros mais inventivos que já li. Escrita crua, direta. Porém, livro denso cheio de camadas e metáforas. Nada está ali por acaso, as referências devem ser absorvidas não apenas na periferia do romance, mas como sua espinha dorsal. Símbolos e significados para dar sentido a vida de um sujeito transtornado que vai se reconhecendo ao longo do processo de fechamento em si mesmo e abandono do mundo real. O 'não lugar' como área nebulosa, um limbo. Processo mórbido, desconfortável e agonizante. Uma representação bem contemporânea do caminho que o homem medíocre e ressentido desse início de século pode trilhar.
comentários(0)comente



Lidy 25/03/2011

À margem da própria humanidade
O Agente, a Voz, a Esposa e o Maestro. Quatro personagens foram suficientes para construir a narrativa da segunda obra de Lourenço Mutarelli, O Natimorto. O autor desenvolve com destreza uma história fora do convencional em forma e contexto, expondo fragmentos semelhantes às poesias, como se fossem oriundos de um texto teatral.

O contato prematuro com a narrativa do Agente mesclada aos diálogos é suficiente para constatar a genialidade do escritor ao designar os elementos da história. O Agente apropria as imagens com mensagens antifumo em maços de cigarro ele interpreta as fotografias como cartas de tarô utilizando por base o conhecimento sobre carteado, obtido com a tia que o criou.

Ele envolve uma jovem cantora com as tentativas de prever o futuro por meio dessas interpretações. A Voz, recém chegada à cidade e carregando a expectativa pelo reconhecimento de seu talento, canta com tamanha beleza e candura a ponto de tornar-se inaudível. O Agente, cansado de lidar com a sensação de invisibilidade perto àqueles de sua convivência, a impotência e a traição da mulher, encontra alento na Voz. Atenta às histórias, ela é, em um primeiro momento, a personificação da pureza e perfeição não mais encontrada por ele na sociedade.

Em um misto de encanto, loucura e fuga a um mundo onde as mazelas são predominantes, a personagem central faz-lhe uma proposta isolar-se com ele no hotel onde ela se hospeda. E ali viver, sem a necessidade de recorrer ao mundo pecaminoso. Mas o desafio que num primeiro instante a instiga, revela-se agonizante com a convivência diária.

[Leia o restante no blog: http://ow.ly/4mF6I ]
comentários(0)comente



Aline 25/10/2010

Viscoso, porém gostoso.
Rápido, criativo e esquisito. Um bom livro para quem quer variar. Recomendo.
comentários(0)comente



gabrielvgcosta 25/11/2022

Mutarelli com um sabor agridoce
As barrreiras entre teatro, quadrinhos, poesia, cinema e romance são quebradas novamente por Lourenço Mutarelli em mais uma grande obra.

Não contém o humor habitual do Mutarelli, mas o incômodo marca presença. Um livro para se ler e reler com atenção.

Falta-me bagagem para absorver toda a complexidade da obra.

Uma releitura em um futuro próximo vira acalhar.
comentários(0)comente



Isinhaps 20/11/2009

Natimorro
Terrivelmente poético. O livro começa com uma proposta tentadora para todos aqueles sensíveis demais...mas, pelo visto, Mutarelli curte mesmo a exorbitação da sensibilidade, a tal ponto que ela deixa de ser "humana". Para quem gosta de livros perturbadores é um prato cheio!
comentários(0)comente



Tito 22/06/2010

Outra história de dissolução, agora antevista pelos novos arcanos formados pelas sinistras advertências presentes nos maços de cigarro.
Ana 26/09/2010minha estante
ah, o Mutarelli ... li um (de título longo, que não lembro agora, e gostei muito). Aí fui esperando tudo do 'cheiro do ralo', e achei chato. Acabei não lendo mais nada do Mutarelli, mas acho que deveria ... (até pq tenho um estigma de não gostar de unanimidades: além do Mutarelli, sou a única pessoa que conheço que abomina cupuaçu, por exemplo)




Daniel 15/06/2023

Tarô e os maços de cigarros
Mutarelli é uma gênio e sua genialidade está em conseguir se aprofundar no estranho, no não convencional, das relações humanas, dos traumas e das manipulações. Nesse livro o Agente é quem nos mostra sua forma de pensar e apresenta sua relação, entre as imagens anti tabagismo nos maços de cigarros e as cartas do tarô.
comentários(0)comente



Menezes 11/10/2009

Mundo estranho de Mutarelli
Ao encarar Lourenço você deve ter em conta algumas coisas: Que você possivelmente gosta de Kafka e que se algo está parecendo esquisito é porque é mesmo, e por último é um mundo muito próximo de um eufêmico pesadelo. Falo eufêmico, pois ele não é necessariamente forte, mas quando colocado em análise nua e crua é algo que passa beirando o grotesco, mas suavemente, como é o caso do final do livro em questão.
Natimorto está sendo relançado pela Cia. Das Letras, juntamente com o novo livro de Mutarelli Miguel e os Demônios, que alias foi lançado ontem, ao qual eu pretendo ainda falar brevemente. A história do nosso livro em questão gira em torno de uma mulher “A Voz” que tem um canto tão puro que ninguém consegue escutar e seu agente, “O Agente”, que lê a sorte nas propagandas antitabagistas dos maços de cigarro, ao qual ele tem a teoria de que são reinterpretações de cartas de tarô. Curioso e confuso? Normal. Mas espere ainda tem mais, ao serem expulsos da casa da mulher do gente ele propõem que eles vivam juntos em quarto de hotel por 5 ou 6 anos. Ah, sim ele é escrito em um misto de poesia com teatro. Sim, é realmente bem interessante, mas não espere nenhuma jóia escondida ou floreio narrativo mais extraordinário que isso, eu li em uma sentada e foi divertidíssimo!
O agente é um personagem deliciosamente deprimente, quase tão deprimente quanto os personagens de Phillip Roth, conforme os dias vão passando e o relacionamento dos dois vai mudando isso vai se tornando uma espiral destrutiva, que culmina na insinuação mais grotescamente medonha de um final de livor que eu tenha lido recentemente.
O grande defeito da história é sua brevidade, parecia que dava muito mais pano pra a manga, parece que quando você está no melhor filme a luz acaba ou aparece alguém dizendo “é tudo por hoje”, mas ele vai virar filme, não sei como uma vez que não consigo ver a história como um filme sem destruir toda sua estilística esperta, mas tomara que como filme verifiquem outras possibilidades para essa história macabra.

http:\\metempsicose-mtempsicose.blogspot.com
comentários(0)comente



Luiz Ribeiro 01/10/2010

poesia em romance em teatro em imagem
De uma poesia dilacerada e de um sentimentalismo patético, Mutarelli construiu um universo lírico e problemático, enfático e escorregadio.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



uaterr 08/03/2024

O Natimorto
É um livro bem peculiar, cheio de metáforas! Achei muito interessante a forma como o personagem interpreta as imagens nos maços de cigarro e associa com as cartas de tarô. O final é meio intrigante?
comentários(0)comente



Dara 27/12/2020

O grito mudo da intrusão ressentida.
O Mutarelli é um pouco de tudo. Ator, escritor, quadrinista.

Eu já ouvi falar dele antes, mas nunca havia escutado. Hábito que admito inevitavelmente cultivar.

Ouvi justamente sobre "O Natimorto". Na realidade, folheei-o enquanto encontrava um amigo. Lembro-me de ler um trecho. Lembro-me de ter sentido minha mão pesar com a gravidade da Terra sobre o que lia. Esqueci-me até ganhá-lo num presente súbito. Recebi-o com uma surpresa alegre e com uma familiaridade desconhecida. Foi no 'só depois' que o re.conheci.

Gosto da solidão ressentida e pessimista do Agente. Não posso deixar de admitir, é um pouco a minha.

"Quem quebrará o silêncio?
Ninguém quebra o silêncio.
Nós apenas o cobrimos com palavras.
Com ruídos e palavras."

É também um pouco a da Voz. Personagem esta que é nomeada precisamente com aquilo que inexiste em si. Sua falta é anunciada com luzes de neon que piscam nervosamente. O outro faz do seu buraco a evidenciação mais aberta e escrachada. Em certo nível a produz. (Será que a falta da voz era uma falta tão dolorosa antes?).

O Agente diz "O nada é ausência. Não há graça na ausência" e a Voz responde "Será?". Questão que abre e não fecha. O feminino e o vislumbre do movimento possível unicamente pela falta. As ausências podem ser grandes estradas.

A dinâmica do amigo intruso que "pede uma coisa aparentemente tão inoportuna... com tanta doçura". Entra e fica e vai ficando. Contra intuitivo deixa-lo ficar. Lembrei-me do conto do barba azul. Em um dado momento da trama pensei que ele caminhava em direção ao destino que buscava evitar. Mas não. Depois vi que não.

Registro da anotação que fiz na página 32: MUITO cuidado com a redoma que os homens nos querem dentro.

"A Voz - Se minha voz é tão... maravilhosa como você diz... não seria egoísta demais você tê-la só para si?". As transparências enganam. O ressentimento ciumento compõe a arte dessa rica metáfora que é este livro.

Colapso.

"Antes, tudo o que eu dizia era fantástico e deveria ser escrito num livro, agora tudo o que falo é bobagem." Lembrei-me da capa do Seminário 4. O quadro do Francisco de Goya. Escrevi "O tempo devora muita coisa".

E depois, por fim, a introjeção e ingestão do outro.

Nossa! Quanta coisa reverberou desse encontro literário!
Espero ainda ler muito Mutarelli.
Alê | @alexandrejjr 07/06/2021minha estante
Que resenha fantástica! Parabéns!


Dara 07/06/2021minha estante
Oi, Alexandre. Obrigada pelo comentário e por me lembrar desse texto!
Um abraço!




29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR