Nathi 06/06/2023
Leitura acadêmica
O método fenomenológico e existencialista é muito humano e particular, respeita a singularidade de cada cliente e caminha lado a lado com ele em busca de um sentido, no livro encontramos um estudo a partir do encontro de João com seu psicoterapeuta sobre a prática e o enfoque da psicoterapia fenomenológica.
Logo nos primeiros capítulos, João não acredita muito na psicoterapia, chega ao consultório buscando por uma cura, pela receita mágica para resolver os seus problemas, cheio de medo, desconfiança, esquece que o terapeuta não é uma máquina e não vai ter a fórmula para resolver todos os seus problemas. Ao longo do processo terapêutico, o paciente começa a desenvolver uma certa confiança, consegue compartilhar sobre sua história, sua relação com o seus pais e principalmente sua relação com a sua avó.
Diante da morte de sua avó, João desenvolveu culpa por pensar que poderia ter agido de outra maneira. A terapia acontece a partir de uma construção, o psicólogo constrói junto com o paciente os melhores caminhos a se seguir, ele deixa de lado todas as suas crenças e entra por inteiro no mundo do paciente. A partir dessa relação, a culpa de João foi perdendo a intensidade, foi possível para ele encara o absurdo da realidade que havia criado.
João se esconde muito nas generalizações, no pensamento cristalizado, acredita que todas as avós são iguais a dele, o papel da terapia foi não deixar o universo do paciente fechado num mesmo círculo, aproximando-o algumas vezes de cenas ou formulações que ele quis evitar, afastando-o outras vezes de concepções radicalmente cerradas, manteve sempre presente a possibilidade e considerações alternativas para as situações problemáticas. Foram movimentos feitos num espaço densamente afetivo.
João chegou a consultório buscando pela cura, entretanto, a cura não se dá necessariamente apenas na terapia, é uma construção gerada na vida, muitas expectativas terapêuticas passam para além do consultório, as relações, a cultura, o meio, tudo influência no processo da construção da sua cura, para cada indivíduo existe um caminho diferente para se chegar até a cura. A psicoterapia existencial não pretende ter um mapa para a leitura das pessoas, ao contrário, ao ampliar os significados possíveis da realidade almeja desenvolver o cliente a tarefa de traçar seus próprios mapas, a partir dos quais pode e quer ser visto.
São várias as escolhas que o paciente busca seguir, por esse motivo desenvolve o medo em entender se realmente está no caminho certo, o terapeuta deve se atentar as escolhas de seu paciente, as vezes por possuir vivências e pensamentos diferentes pode classificar como patológico algo que não é, isso é completamente errôneo da parte do terapeuta, por esse motivo é essencial a suspensão fenomenológica, ou seja suspender os conceitos tradicionais e enraizados no terapeuta, ele tem que ter critérios bem delineado para poder discernir o campo de fenômeno com que lida.
Ao escutar seu cliente, o terapeuta cria o âmbito para "curar" os estereótipos culturais, deixando esses fenômenos (re)aparecerem a luz do sentido próprio de cada vida. Por isso, o método que segue é chamado de fenomenológico.
Ao oferecer ao seu cliente a possibilidade de recriar a realidade, empreende junto com ele a trajetória rumo à cura. Essa experiência de relacionamento humano, o procurar junto com o outro, não reduz a "solucionar um problema" ou a "eliminar um sintoma". Pretende ser uma experiência prototípica, evidenciando a imensa capacidade humana de reinventar o mundo.