O livro do riso e do esquecimento

O livro do riso e do esquecimento Milan Kundera




Resenhas - O Livro do Riso e do Esquecimento


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Caco 09/04/2024

Não precisa ficar em litost para ler esse livro!
Kundera é um escritor admirável. Consegue conduzir prosa, diálogo, filosofia e ensaio num mesmo enredo e ainda assim cativar o leitor. A leitura deste livro é dividida em 7 partes. Cada um dos capítulos evoca a narrativa de personagens distintos. O ritmo é agradável e perdura quase toda obra, exceto o capítulo "Os anjos" onde acredito que Milan Kundera viaja um pouco na maionese, mas nada que atrapalhe a história.

É preciso dizer que a palavra Litost que tem até um capítulo exclusivo a ela. Se for a procura de uma tradução no Google, encontrará ironicamente a palavra "leveza", um substantivo que ficou famoso no título de sua obra-prima.
Litost não tem tradução em outros idiomas. A origem dela é tcheca. Parece com inveja mas não é. Seu equivalente mais próximo é imaginar que está na merda e se acaso ver alguém que está melhor que ti, desejar ardentemente que este chegue ao fundo do poço contigo. É estar próximo de sua própria mediocridade. Aquele que é ferido quer estar no mesmo lugar daquele que não se fere. Há um adjetivo derivado no idioma tcheco que pode indicar alguém que leva tudo para o lado pessoal, o famoso dramático.

Por fim, recomendo fortemente o romance aos leitores familiarizados com as obras deste autor, mais especificamente o clássico A Insustentável Leveza do Ser. Cabe ressaltar que esta obra publicada em 1984, assim como O livro do riso e do esquecimento e a Imortalidade fazem parte de uma trilogia. A temática em comum é a abordagem voltada ao erotismo assim como o exilio do escritor na França. O motivo: A República Tcheca fazia parte do bloco comunista da União Soviética.

Nota: 8,14 (0 a 10,5)
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Michela Wakami 27/03/2024

Detestei
Um livro que fala mais sobre sexo, do que de qualquer outra coisa.
Aqui tem suruba, tem pedofilia, etc.
Iwatanii 27/03/2024minha estante
Misericórdia ?


Ramon 27/03/2024minha estante
As vezes penso em ler algo desse autor, mas sempre fico com um pé atrás com o que está na moda...


Michela Wakami 27/03/2024minha estante
Ramon, eu também tenho pé atrás, mas infelizmente as vezes acabando dando azar de arriscar errado.?
Só terminei de ler esse, para poder alertar as pessoas, que assim como eu, não gostam desse tipo de livro, pois ninguém fala sobre isso nas resenhas.


Michela Wakami 27/03/2024minha estante
Ou melhor, quase ninguém*.


Michela Wakami 27/03/2024minha estante
Misericórdia mesmo, amiga.


anoca 27/03/2024minha estante
amo qnd algm diz que o livro tem pornografia pq nem chego perto.. obrigada


Michela Wakami 27/03/2024minha estante
Por nada, Anoca. ??

Também amo ser avisada.


Paloma 29/03/2024minha estante
Gosto quando você fala sobre na resenha. Assim fica mais fácil a escolha de querer ler ou não.


Michela Wakami 29/03/2024minha estante
Obrigada, Paloma. ??


Ramon 29/03/2024minha estante
Lembrei de um livro que me decepcionou muito pelo mesmo motivo, se chama Quarto Escuro. Recomendo que passe longe. Comprei pela sinopse na contracapa e o livro não entregou nada do que prometia.


Michela Wakami 29/03/2024minha estante
Obrigada pelo aviso, Ramon.
Vou passar longe, com certeza.
Pior é a sinopse não trazer nenhum tipo de alerta.
A casos em que, nem correspondem com o conteúdo, parece até, que foi escrita, por alguém que não leu o livro.?


Alê | @alexandrejjr 30/03/2024minha estante
Acho, sinceramente, que esse livro fala sobre muitas outras coisas antes do sexo. Mas entendo o incômodo, especialmente pelas claras passagens machistas presentes no romance. Mas reitero: existe um projeto estético interessante nesse livro, goste-se ou não dele.


Michela Wakami 30/03/2024minha estante
Alê, sinceramente, eu nem olhei pelo lado machista.
Meu incômodo maior é o fato de uma mulher que após a morte de seu marido, não conseguir mais se realizar sexualmente com outros adultos, por ver neles o rosto do marido falecido, e indo para uma ilha aonde só moram crianças, ter relações sexuais com elas e só assim conseguir se realizar sexualmente.

Observação: crianças de 6 a 12 anos.

E isso é retratado em várias páginas.

E tem outras partes sexuais entre adultos, e na maioria das vezes, sexo em grupos, que também me incomodam.

Se essas coisas não te incomodam, tudo bem.
Mas me incomodam e muito.

Por isso dei essa nota baixa, e fiz esse comentário na resenha.

E assim como eu, tem várias outras pessoas que não gostam desse tipo de livro, esse alerta é para essas pessoas.

Se tinha algo de relevante, nesse livro, passou a não ser mais relevante para mim.
A única coisa que senti, foi vontade de nunca mais ler nada do autor.


priscyla.bellini2023 04/04/2024minha estante
Sou testemunha ksksks Não li, nem lerei, mas ainda quero ler outros livros do autor.




Nathi.Hrlena 05/02/2024

Milan Kundera é sem sombra de dúvidas um dos meus autores preferidos.
Nessa obra, praga também faz parte da narrativa, não como pano de fundo, mas como parte da narrativa (muito presente sempre em suas obras).
O passado e o presente também são pontos importantes e como li por aqui, contemplam os 3Ps da obra.
Gosto dos personagens e como os elementos do passado e do presente se fazem na história, sempre de genialidade ímpar.

Um detalhe que me pegou, foi que já nesse livro ele traz o peso da leveza, mais tarde vindo para a sua obra mais magnífica e minha preferida.
?
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Lurdes 14/12/2023

O autor apresentava sua biografia apenas assim:
?Milan Kundera nasceu na antiga Tchecoslováquia. Em 1975, instalou-se na França?. O resto não importa: o que conta são os textos."

E que textos, senhores!

Milan Kundera é brilhante, provocativo e algumas vezes inclassificável.
Assim também o é este seu Livro do Riso e do Esquecimento, primeira publicação dele após se exilar na França.
Um dos meus livros da vida é A insustentável leveza do ser, escrito alguns anos depois, e muitos temas são recorrentes, como as questões políticas, a sexualidade, a busca de autoconhecimento.

É um romance? Um ensaio? São contos? Não importa.
A narrativa é apresentada em sete partes distintas (mas não tanto).
Todos os personagens estão enredados em suas memórias, ou ausência delas, nos risos perdidos, em um clima de melancolia.
Em 1968, a antiga Tchecoslováquia foi invadida pela Rússia e o rígido regime que se instaura implementa uma série de mudanças na dinâmica do pais, na sua cultura, na sua memória. Ocorre uma perseguição sistemática a qualquer um que pareça minimamente opositor, começando pelos historiadores, intelectuais e escritores, como Kundera. Mesmo ele tendo feito parte do partido comunista, agora é considerado "traidor" e é banido, não tendo como exercer seu ofício, a não ser usando pseudônimos e sendo acobertado por amigos. Em um dos capítulos ele conta sobre o periodo em que escrevia uma coluna de astrologia para poder ter alguma renda.
O clima é de "1984", com o apagamento e reescrita da memória do pais. Cartas que se perdem, um pai em processo de demência que esquece as palavras, uma mulher cujo marido a chama por vários nomes diferentes ao longo da vida em comum.
Muitos trechos são verdadeiros ensaios filosóficos, com citações de muitos autores. Um deles é Ionesco (por quem sou apaixonada) e seu Teatro do Absurdo, em especial a peça O Rinoceronte, retratada na capa desta edição.
E era assim que o autor via seu pais, sob o prisma do Absurdo, do Surrealismo.. e da saudade.
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Lys Coimbra 22/08/2023

De todos os livros de Kundera que já li, este é o que menos gostei até agora!
Não é uma obra ruim, mas sem dúvida frustrou minhas expectativas, sempre altas baseadas no meu histórico com a obra do autor.
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Meme 18/07/2023

Kundera ainda me deixou muita coisa pra ler....
Ter lido esse livro no qual o passado é o protagonista ,sendo eu ,uma pessoa que vive no passado foi maravilhoso. E sendo de alguma forma um até logo ao Kundera...não existe despedida para autores...até ??
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Renato 16/07/2023

O que é a ?litost?? (Citação)
O que é a ?litost??

Litost é uma palavra tcheca intraduzível em outras línguas. Sua primeira sílaba, que se pronuncia de maneira longa e acentuada, lembra o lamento de um cachorro abandonado. Para o sentido da palavra, procuro inutilmente um equivalente em outras línguas, embora eu tenha dificuldade de imaginar que se possa compreender a alma humana sem ela.
Vou dar um exemplo: o estudante tomava banho com sua amiga, também estudante, no rio. A moça era esportiva, mas ele nadava muito mal. Não sabia respirar embaixo d'água, nadava devagar, a cabeça nervosamente levantada acima da superfície. A estudante estava tão irracionalmente apaixonada por ele e era tão delicada que nadava quase tão devagar quanto ele. Mas como o horário de banho estava quase na hora de acabar, ela quis dar por um instante livre curso a seu instinto esportivo e dirigiu-se à margem oposta num crawl rápido. O estudante fez um esforço para nadar mais depressa, mas engoliu água. Sentiu-se diminuído, desmascarado na sua inferioridade física, e sentiu a litost. Lembrou-se de sua infância doentia, sem exercícios físicos e sem amigos, sob o olhar excessivameqte afetuoso da mãe e ficou desesperado consigo mesmo e com sua vida. Ao voltarem para casa por um caminho campestre, os dois se conservaram calados. Ferido e humilhado, ele sentia um irresistível desejo de bater nela. "Oque está acontencendo com voce?" perguntou ela, e ele a censurou: ela sabia muito bem que havia correntes perto da outra margem, ele a tinha proibido de nadar daquele lado, porque ela corria o risco de se afogar ? e deu-lhe um tapa no rosto. A moça começou a chorar e, diante das lágrimas em seu rosto, ele sentiu pena dela, tomou-a nos braços e sua litost se dissipou.


Video do canal: Isto não é Filosofia
https://youtu.be/_7KNFC7EmoQ
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Vanessa.Benko 09/06/2023

Dessa maneira, metamorfoseado em sombra, eles o deixarão viver
Publicado em 1978, em meio à atmosfera opressiva do regime comunista da antiga Tchecoslováquia, Kundera utiliza seu talento singular para abordar a condição humana e desvendar as nuances da existência. Aqui encontramos uma narrativa que mescla características de romance, conto e ensaio, desafiando as convenções literárias tradicionais.
O autor explora as tensões e as consequências da opressão política na vida cotidiana das pessoas. Essa atmosfera política conturbada serve de pano de fundo para as reflexões filosóficas e existenciais presentes ao longo do livro.
Kundera examina o riso como uma manifestação da natureza humana, revelando sua complexidade e poder transformador. Na obra, o riso é um elemento central na luta contra a opressão e a tirania - retratado como uma forma de resistência e de escape. O autor enfatiza o poder subversivo do riso, capaz de desmascarar a hipocrisia e desafiar o poder estabelecido.
Além disso, Kundera explora o riso como uma resposta à tragédia da existência humana. Ele revela como o riso pode ser uma maneira de enfrentar o absurdo e o caos da vida, permitindo que os personagens encontrem alívio e consolo em meio à adversidade. O riso é visto como uma forma de lidar com o sofrimento e encontrar um sentido na existência.
No entanto, o riso também é apresentado como algo ambíguo e ambivalente. Kundera destaca que o riso pode ser usado como uma arma destrutiva, capaz de causar dor e humilhação. Ele explora as nuances do riso, revelando como sua intenção e contexto podem determinar se é libertador ou cruel.
Ao longo do livro, Kundera entrelaça a definição de riso com outros temas, como a memória e o esquecimento. O riso é visto como uma forma de superar o peso do passado e liberar-se das amarras da história. É uma força capaz de quebrar as correntes do tempo e permitir a renovação pessoal e coletiva.
Um aspecto marcante do livro é a forma como o autor desafia o leitor, rompendo com a linearidade narrativa e criando uma atmosfera onírica e fragmentada. Através de saltos temporais e mudanças bruscas de perspectiva, Kundera nos convida a refletir sobre a natureza subjetiva da memória e a forma como ela molda nossa compreensão do passado e nossa construção de identidade.
Kundera destaca o esquecimento como uma ferramenta de poder. Ele ilustra como regimes políticos autoritários utilizam o esquecimento como forma de apagar eventos históricos traumáticos e controlar a narrativa oficial. O esquecimento se torna um instrumento de manipulação e controle, obscurecendo a verdade e silenciando vozes dissidentes.
Além disso, o livro aborda o esquecimento como uma forma de libertação pessoal. Ele explora como a capacidade de esquecer pode permitir que os personagens se livrem do peso do passado e encontrem uma nova perspectiva. O esquecimento é retratado como uma maneira de abrir espaço para a renovação, permitindo que os personagens se reinventem e sigam em frente.
No entanto, o autor também ressalta as consequências do esquecimento. Ele mostra como a amnésia coletiva pode levar à repetição de erros e à perda de identidade. O esquecimento excessivo pode levar ao apagamento da memória cultural e histórica, deixando lacunas na compreensão do presente e dificultando a construção de um futuro consciente e informado.
Portanto, através de uma narrativa complexa e provocativa, Milan Kundera nos presenteia com um livro que desafia nossa compreensão da vida, da memória e da liberdade.
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Helder 27/05/2023

Um Kundera para não esquecer
Este é o segundo livro que leio do autor e posso dizer que foi um desafio interessante.
Diferente do que eu pensava, este livro tem uma narrativa diferente de um romance, o que a princípio me trouxe uma certa estranheza, pois aqui temos sete contos com poucas conexões entre eles e que discutem diversos temas, mas sempre passando levemente pelo riso, mas principalmente pelo Esquecimento que é algo muito forte que assolou a República Tcheca após a invasão russa em 1968.
Este é o primeiro livro que Kundera escreveu no exilio, quando foi expulso de seu país como diversos outros intelectuais que pensavam diferente dos comunistas russos. Kundera escreveu este livro em 1978 e já morando em Paris, o que talvez até explique a liberalidade de alguns textos que talvez na França fossem mais aceitáveis já naquele momento, mas que no mundo do leste europeu de onde ele vinha, com certeza devem ter causado diversas polêmicas.
Acho que posso dizer que todos os textos deste livro falam sobre política e/ou erotismo, e tudo de maneira filosófica fazendo a gente parar e pensar em tudo o que o autor vai trazendo em seus textos.
Porém, diferente de sua obra prima A Insustentável Leveza do Ser onde as discussões filosóficas estavam inseridas na história e a movimentavam, aqui elas aparecem de uma maneira mais truncada, o que torna este livro mais desafiador do que seu grande sucesso.
Mas isso não é demérito. O que me causou estranheza é que muitas vezes eu tinha a impressão de que ele estava falando sobre um assunto, mas ai de repente ele passava a divagar sobre outro assunto, e este era tão interessante que me dava vontade de parar para marcar partes e partes do texto, e ai de repente eu já não lembrava sobre o que o texto vinha falando no seu início.
E agora, fazendo esta resenha aqui eu já não me lembro de muitas informações que talvez tenham sido essenciais para algumas pessoas, mas mesmo assim terminei este livro carregando incríveis momentos na minha cabeça que acho que levarei para a vida.
Momentos como a história de Mirek, que se apaixonou por uma mulher feia com quem deixou cartas no passado que hoje podem o condenar no novo regime, onde tudo aquilo que é contra o governo é apagado, e ele não quer que seu passado seja apagado, mesmo que ele seja preso por isso. Ou a história das Cartas de Tamina, que fugiu da República Tcheca com o marido que acabou morrendo em seu novo país. E Tamina está esquecendo este amor e deseja reencontrar diários que escreveu durante anos e que talvez falem mais de amor do que de política, mas ficaram em Praga, local onde ela não pode voltar. A necessidade dela em ter estes diários de volta e as maneiras que acredita poder recuperá-los chegaram até a me trazer uma sensação de claustrofobia. Que vontade de me oferecer para ir até ali buscá-los. E temos ainda o maravilhoso capítulo do jovem estudante que se apaixona pela mulher mais velha que tinha um marido bronco e um amante bruto e que se apaixona pela inteligência do jovem, que frequenta uma reunião de escritores alemães que me fizeram sentir um leitor sem cultura, ou sentir o litost, que você precisa ler o livro para descobrir do que se trata. E por fim temos um capitulo sensacional onde o erotismo está exacerbado, mas que discute diversos assuntos interessantes que devem ter sido muito polêmicos na data de lançamento deste livro, pois o texto tem muitos trechos que parecem extremamente machistas, mas que no final percebemos que na real quem controla todas as relações são as mulheres, que neste conto de Kundera são extremamente libertárias e bem resolvidas. Para se bater palma, mas que em tempos de “sabidos do twitter” podem ser lidos de maneira enviesadas e gerar um cancelamento para o bom velhinho Milan Kundera e sua vida tranquila em Paris aos 94 anos.
Ah, mas você pode estar se perguntando onde esta o riso? Te confesso que me parece que o riso foi abolido daquele local com a chegada do comunistas, mas mesmo assim ainda temos um trecho delicioso de Kundera, ou seu personagem, trabalhando como astrólogo para um jornal controlado por comunistas e numa parte onde ele nos conta que o riso foi inventado pelo diabo e que depois os anjos tentaram copiá-lo.
Resumindo, é um livraço. Desafie-se. Pegue um marca-texto. Leia devagar. E não desista. Te garanto que vai valer a pena, e que ao chegar ao fim você terá a sensação de que está mais inteligente e que sua visão de mundo aumentou.

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Leila 22/05/2023

O livro do riso e do esquecimento, do renomado autor Milan Kundera, é uma obra que me conquistou profundamente, assim como sua obra-prima A insustentável leveza do ser que é um dos meus livros da vida. Aqui, Kundera revisita alguns dos mesmos temas que abordou em seu livro anterior e também expõe a vida das pessoas na Republica Tcheca após a invasão russa de 1968.

Uma das características marcantes do livro é a sua natureza híbrida, que mescla romance, contos e ensaios. Essa abordagem multifacetada permite ao autor explorar os temas de maneiras diferentes, oferecendo ao leitor uma perspectiva ampla e variada sobre os assuntos tratados. Kundera apresenta narrativas entrelaçadas, personagens complexos e reflexões profundas, criando uma teia literária envolvente.

O tema central da obra gira em torno do apagamento da memória, da tendência que temos de esquecer rapidamente os eventos negativos, feios e errados. Kundera questiona a capacidade da sociedade em lidar com a História e ressalta a importância de confrontar o passado, mesmo que seja desconfortável, para evitar a repetição dos erros.

Além disso, o autor elege o riso como uma forma de enfrentar o absurdo da vida. O humor e a ironia são utilizados como instrumentos para desmascarar as contradições e os equívocos humanos. Kundera enfatiza a capacidade do riso em desafiar convenções, revelar a fragilidade das estruturas sociais e criar um senso de liberdade diante das circunstâncias opressivas.

Encontrei diversos pontos de similaridade entre O livro do riso e do esquecimento e A insustentável leveza do ser. Ambas as obras exploram temas existenciais profundos e oferecem insights perspicazes sobre a natureza humana. Kundera possui uma habilidade única de retratar as complexidades das relações humanas, mergulhando nas nuances da existência e apresentando personagens memoráveis ( como o Tomas e Teresa de A insustentável leveza do ser ).

Enfim, O livro do riso e do esquecimento é uma leitura rica e instigante. Milan Kundera mais uma vez demonstra sua maestria na escrita, combinando narrativa envolvente, reflexões filosóficas e um olhar aguçado sobre a condição humana, isso sem mencionar as suas pitadas de erotismo, né? rsrsrs. Se você apreciou A insustentável leveza do ser e/ou outros livros do autor, certamente encontrará em O livro do riso e do esquecimento outra obra inspiradora e provocativa.
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BJekyll0 15/11/2022

Tamina
É um livro que traz uma mistura de sentimentos. Acolhimento, revolta, asco, pena, erotismo, dor, saudade...
No começo senti que estava lendo fragmentos dos diários de pessoas que estão completamente desconectadas. Mas no fim, percebi que todos nós vivemos "pendurados em uma linha fina sobre a Fronteira". Frequentemente lembrados do nosso próprio esquecimento.
O livro traz como plano de fundo um contexto político, o que reforça a memória da história e do esquecimento, mesmo que forçado. Kundera como sempre é brilhante.
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Julia 01/09/2022

Esse é o segundo livro de Milan Kundera que eu leio, fui surpreendida porque gostei bem mais do que do primeiro.
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Henrique Fendrich 21/09/2021

Reli esse livro depois de 14 anos, como fiz com outros do Kundera. Continuei gostando (é mais um que considero superior ao "A insustentável leveza do ser").

É um "romance" apenas porque não temos classificação melhor, pois, na verdade, é um livro que perpassa e subverte os gêneros, entre os quais se destaca o conto e o ensaio. A sua ficção é permeada pela metalinguagem e por relatos de experiências pessoais do autor. O que pode, num primeiro momento, deixar o leitor um tanto "perdido", na verdade representa uma interessante unidade a partir dos assuntos que dão título à obra. O "riso" e, sobretudo, o "esquecimento" dão a dimensão filosófica na qual os seus personagens irão atuar.

O livro, portanto, não é linear, são vários pequenos capítulos de leitura muito ágil, que contam diferentes histórias, embora alguns personagens (e alguns refrões) se repitam. Há 14 anos atrás eu já havia deixado registrado que "me atrai muito a não linearidade das histórias". Kundera escreve com muita naturalidade, inclusive sobre temas-tabus, e aí, quando nos damos conta, já estamos nós mesmos achando que eles nem são tão tabus assim (o Henrique de 14 anos atrás, contudo, certamente se chocou muito mais do que o de hoje).

Mesmo o Henrique do passado, porém, deixou registrado o seguinte: "Todas as páginas, embora dotadas de uma crueza que à primeira vista pode assustar, são recheadas de vida e sentimento, como poucos" e, ainda, "Sinto uma ternura muito grande pulsando por ali". Essa ternura sinto especialmente na primeira história de Tamina, com a sua tentativa de fazer com que alguém fosse à Praga e pegasse para ela as cartas do seu falecido marido.

Nas minhas antigas anotações, encontro também uma exaltação às metáforas do autor, "criativas, bem explicadas, e se repetem no decorrer da história", "como se o significado delas ficasse martelando o tempo todo". Cito o exemplo da "dança da roda", usada por Kundera como uma espécie de exaltação, praticamente um transe, entre pessoas que compartilham de um mesmo pensamento e de uma sensação de unidade, mas o que mais me marcou nessa primeira leitura, e uma das poucas coisas de que me lembrava, era a "metáfora do avestruz" (a ave que abre a boca como se estivesse querendo nos comunicar alguma coisa e não sabemos o quê, mas é meramente o desejo de expressar a sua individualidade, e se nós não a ouvimos é, em grande parte, porque estamos preocupados com a nossa própria).

A parte "política" também desempenha um papel importante, como em toda obra do Kundera, a partir da invasão russa que acabou com a epifania da Primavera de Praga. Acho muito interessante a maneira como o autor insere a política tanto na ficção como na sua filosofia.

As duas últimas histórias me agradaram menos, em especial o caráter excessivamente alegórico da penúltima, além de eu achar que as reflexões do Kundera sobre a música traem um elitismo e um conservadorismo que não se coadunam com os seus personagens. Mas mesmo nessas últimas histórias eu encontro achados incríveis. Um pequeno capítulo de duas páginas sobre um enterro, um homem que quer fazer um discurso e outro homem cujo chapéu é levado pelo vento é uma das coisas mais sublimes do livro e funcionaria isolado.

Também há passagens problemáticas facilmente identificadas como machismo, no mínimo dos personagens, o que, certamente, não me agrada. Apesar de, no geral, ter gostado do livro, noto que dei 4 estrelas agora, depois de ter dado 5 na primeira leitura. As 5 estrelas eu dei com louvor nas duas vezes em que li "A brincadeira".
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Claccostaa 09/09/2021

2a viagem à ilha de Kundera
O meu segundo livro de Kundera. Que sorte é poder ter acesso a tanta riqueza, a tanta sensibilidade, sendo atingida por palavras que atravessam os limites da linguagem, traduzindo tão lindamente sensações que eu jurei serem indefiníveis.
Ler O Livro do Riso e do Esquecimento é um processo tão rico, tão claro e tão misterioso, ao mesmo tempo... As rererencias políticas conseguem atingir temáticas existenciais. Diálogos sobre relacionamentos, sexo, erotismo fogem do que, na primeira visão, poderia estar contido no universo particular. O indivíduo e a sociedade são dois e um ao mesmo tempo. O próprio riso, que pode ser tão banal, tão cotidiano, uma harmonia de sons inteligíveis, vira coisas que só um gênio consegue metabolizar. Eu sou uma grande fã e tudo que eu queria era esquecer esse livro, só pra ter o prazer de ler pela primeira vez.
Não posso deixar de falar, no entanto, da ausência de protagonistas femininos. Com exceção de Tamina, as mulheres parecem sempre estar a serviço dos homens (e nunca sendo referenciais intelectuais ou algo do tipo). Não gosto de moralizar obras, nem personagens, mas, sendo mulher, não consigo permanecer inerte a "coisificação".
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