Procyon 21/05/2022
Pré-Cinemas e Pós-Cinemas ? comentário
O livro é um compilado dos maisnimportantes artigos publicados pelo pesquisador brasileiro Arlindo Machado em relação ao mundo audiovisual. O trabalho de Machado, publicado pela Editora Papirus, elucida, a partir de uma visão histórica, a transformação das mídias audiovisuais decorrentes das sucessivas inovações tecnológicas no campo da comunicação.
Com uma linguagem acadêmica, o autor confere uma proposta de comunicação hermética. O autor inicia seu livro discorrendo sobre a ausência da existência de textos de história que estabeleçam uma data efetiva para o nascimento do cinema. Para o autor, a história técnica do cinema, relacionada a produtividade
industrial, não teria muito a proporcionar para uma compreensão correlata ao
surgimento e desenvolvimento do cinema, pois as contribuições existentes foram feitas
por curiosos e estavam principalmente ligadas a sua materialização. No entanto,
?quanto mais os historiadores se afundam na história do cinema, na tentativa de
desenterrar o primeiro ancestral, mais eles são remetidos para trás, até os mitos e ritos dos primórdios? (MACHADO, 1997, p.14). Isso significa que não existe um marco cronológico que possa eleger o ponto de partida inaugural do nascimento do cinema, pois desde a pré-
história, momento em que o homem traçava imagens nas cavernas, a luz e o movimento
se sobressaiam através das sombras das imagens. E, apesar da invenção do cinema estar
atribuída aos irmãos Lumière
, a primeira sessão de cinema nos moldes da sala escura
aconteceu há mais de dois mil anos.
Machado segue nesse estilo até o último capítulo, que, por sinal, é o mais interessante do livro. Nos artigos sobre a contemporaneidade, Machado retoma algumas questões importantes, como definições muito rígidas do que seria a ?natureza? do cinema e do vídeo, ou que tipo de imagens e procedimentos seriam mais ?adequados? a um e outro. Na sua análise sobre a Guerra do Golfo, ?telejornal em tempo de guerra?, Machado afirma que a guerra ?não existiu, foi um efeito de mídia?. Nesse sentido, ele faz uma análise da potencialidade do efeito da mídia em tempos atuais.
É um livro interessante para quem está na área de cinema, mas também muito prolixo. Às vezes o número de citações de outros autores chega a ser maior do que o próprio texto do autor. Ainda assim, valeu a pena pela pesquisa.