OceaneMontanea 02/07/2010Eu precisava ler algo assim...Ler esse livro foi muito mais que um passatempo, foi uma experiência. É incrível como o livro se encaixou no meu momento de vida. Dizer que a história de Tessa Scott, a menina de 16 anos que está fadada a sofrer e morrer pelo câncer é uma “lição de vida” seria muito clichê, e eu tento evitar clichês o máximo que eu puder. É uma história que dói no coração, e se você estiver em um momento de reflexão na sua vida, como eu estava, com os olhos bem abertos certamente você vai ver em Adam o seu grande amor, em Zoey aquela sua melhor amiga ou amigo que talvez você deixa de lado com mais freqüência do que deseja, em Cal o seu irmão ou irmã chato, que te perturba, que te irrita, mas que é seu irmão e é sua família e talvez só precise de um pouco mais de você, do seu tempo, do seu amor. Os pais de Tessa podem ser os seus pais, imperfeitos, que não te tratam como os pais dos filmes, que podem ás vezes te fazer sentir como se você não fosse amado, mas é o que a vida te deu, e você também tem que fazer a sua parte para fazer dar certo o relacionamento de vocês.
A lista de desejos de Tessa antes de morrer são coisas que a maioria dos adolescentes no fundo quer fazer. Sexo, drogas, dizer sim para tudo por um dia, dirigir por aí sem carteira, infringir o máximo de leis possíveis em um só dia, etc. Ás vezes o modo como ela reage a certas coisas me deu raiva, mas sei lá o que eu faria no lugar dela. Todos sabemos que vamos morrer, mas ver a morte eminentemente próxima deve ser como um sonho ruim, uma piada, uma brincadeira de mau gosto da qual esperamos sair, e nos vemos frustrados quando não conseguimos.
Um trecho que eu gostei muito, e que se tornou uma espécie de oração para mim é esse:
“Feitiços para afastar a morte.
Peça à sua melhor amiga para ler as melhores partes da revista que estiver lendo: moda, fofocas. Diga-lhe para se sentar perto o suficiente para você poder alisar-lhe a barriga em toda sua incrível extensão. E, quando ela tiver de ir para casa, respire fundo e diga-lhe que a ama. Porque é verdade. E, quando ela se inclinar na sua direção e sussurrar a mesma coisa, abrace-a com força, porque essas não são palavras que vocês diriam em circunstâncias normais.
Faça seu irmão se sentar ao seu lado depois de chegar da escola e contar cada detalhe do seu dia, cada aula, cada conversa, inclusive o que comeu na cantina, até ele ficar tão entediado que implore para sair e ir jogar futebol com os amigos no parque.
Observe sua mãe tirar os sapatos e massagear os pés, porque seu novo emprego na livraria significa que ela tem de passar o dia inteiro em pé e ser educado com desconhecidos. Ria quando ela der um livro de presente ao seu pai porque tem um desconto e pode se dar ao luxo de ser generosa.
Veja seu pai beijar a bochecha dela. Repare em como sorriem. Saiba que, aconteça o que acontecer, eles são seus pais.
Ouça sua vizinha podar as rosas enquanto as sombras se espicham pelo gramado. Ela cantarola uma canção antiga, e você está debaixo do cobertor junto com seu namorado. Diga-lhe que sente orgulho dele, porque ele plantou aquele jardim e incentivou a mãe a cuidar das plantas.
Estude a Lua. Está bem próxima e rodeada por um halo cor-de-rosa. Seu namorado lhe diz que isso é uma ilusão de ótica, que ela só parece grande por causa do ângulo em relação à Terra.
Compare seu tamanho com o da Lua.
E à noite, quando você for levada novamente para o andar de cima e mais um dia terminar, recuse-se a deixar seu namorado dormir na cama de armar. Diga-lhe que quer ser abraçada e não tenha medo de ele não querer porque, se ele diz que sim, é porque a ama, e isso é tudo que importa. Entrelace suas pernas com as dele. Ouça-o dormir, ouça sua respiração suave.
E quando ouvir um ruído, como o vento batendo em uma pipa e chegando cada vez mais perto, como as pás de um moinho girando lentamente, diga:
- Ainda não, ainda não.
Continue respirando. Apenas siga fazendo isso. É fácil. Inspira, expira.”