Suzanie 18/07/2021O mito da beleza como controle socialEsse livro não é de leitura fácil, muitas vezes incomoda ou podemos achar radical. Certo é que em algum momento toda leitora se identificará com algo que lhe causava estranhamento ou dor, e não sabia exatamente como nomear ou explicar, algo maior que um mero incômodo pessoal, maior que cada uma individualmente.
Acredito que sua leitura seja um divisor de águas, pois a partir dela somos capazes de melhor reconhecer o mito da beleza ao nosso redor, e mesmo interiorizado em nós.
Selecionei alguns trechos do último capítulo:
O mito da beleza combateu as novas liberdades das mulheres transpondo diretamente para nosso corpo e nosso rosto os limites sociais impostos à vida da mulher. Em consequência disso, precisamos agora nos fazer as perguntas sobre nosso lugar no nosso corpo, da mesma forma que as mulheres da geração passada questionaram sobre seu lugar na sociedade.
(?)
Nós mulheres ja confirmamos não haver nada de inferior com nossa mente. Será que nosso corpo é mesmo inferior?
(?)
O mito da beleza propôs às mulheres uma falsa escolha. O que eu serei, sexy ou séria? Precisamos rejeitar esse dilema falso e forçado.
(?)
Se rejeitarmos a afirmação insistente de que a aparência de uma mulher é seu discurso, se ouvirmos umas às outras fora dos limites do mito da beleza, isso já será um passo político à frente.
(?)
Não teremos tudo isso enquanto não nos identificarmos com os interesses das outras mulheres, e não permitirmos que nossa solidariedade natural supere os obstáculos à organização originados pela rivalidade e competição provocadas artificialmente em nós pela reação do sistema contra o feminismo.
(?)
A mudança mais difícil, porém mais necessária, não virá dos homens nem da mídia, mas das mulheres - da forma pela qual encaramos as outras mulheres e nos comportamos em relação a elas.
Recomendo muito a leitura a todos, homens e mulheres.