Sobre o Blablablá e o mas-mas dos filósofos

Sobre o Blablablá e o mas-mas dos filósofos FREDERIC SCHIFFER




Resenhas - Sobre o blablablá e o mas-mas dos filósofos


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Bruno Oliveira 11/09/2012

Eu tenho um pé atrás com livros livros que denunciam vícios alheios. Explico: quando alguém denuncia um vício ou moda que lhe incomoda, normalmente deixa claro não só os defeitos dos outros, mas seus próprios também. É como quem diz "ah, odeio funk, só gosto de música" e mostra não apenas que odeia funk, o que não é nenhum pecado, mas que também é burro e preconceituoso, uma coisa muito feia de se ser. Bom, de qualquer modo, não é pecado também. Dane-se.

Com isso, ao ler esse livro fiquei temeroso de encontrar um bobão criticando outros bobões. Porém, no geral, acho que isso não se concretizou.

O livro traz algumas críticas boas e outras ótimas ao pedantismo e a afetação, seus alvos principais, tendo um tom de "tô cansado dessa merda" que dá um tom bem diferente para a obra. É leve e bem autoral, para não dizer personalista. O autor em vários momentos desvia dos assuntos principais para vagar por lugares em que não haveria necessidade de estar - suas memórias, pensamentos avulsos -, sendo que, às vezes, encontra coisas interessantes nesses passeios e outras nem tanto. Aliás, voltando uns séculos na história, podemos lembrar que Montaigne, por exemplo, era um mestre em se perder no meio do texto, e seu senso de referência defeituoso não o fez um filósofo pior. Bem do oposto.

Uma coisa que acho ruim é certo medo de propor que caracteriza os filósofos de hoje e que está presente no Shiffer também. Filosofamos, erramos, filosofaram, erraram e assim se sucedeu até os tempos de hoje desde aqueles gregos sabichões... Bom, e aí, mano, você acha que vai conseguir o que nem Aristóteles conseguiu? Criar um sistema próprio? Para quê? Vaidade? Desiste aí, irmão, vamos propor pequenos ajustes no pensamento que já existe, comentar filósofos do passado e lembrar a importância de propostas já existentes, pois criar uma nova tá foda; é coisa antiquada, lá do tempo do Descartes. Vamos tomar um vinho.

Em suma, acho que o autor cai nisso um pouco, ele fala dos vícios, dos problemas dos filósofos e, ao mesmo tempo, não dá um passo para além dessa crítica sem muito comprometimento com seus alvos ou com a própria exposição. Ele está dentro de uma zona de conforto em que sequer aponta um exemplo de filósofo pedante ou afetado. Claro, ele está pensando em conceitos e não nomeando bois, além disso, esse desleixo tem tudo que ver com o clima do livro, podem argumentar. Porém, isso é muito cômodo, inclusive, é tão comodo quanto sentar detrás de uma mesa e dizer "há injustiça no mundo", como se isso significasse alguma coisa. Não significa. A coisa só fica legal quando dizemos algo que comprometa; que comprometa o outro a quem estamos atacando e criticando e também a nós mesmos, que passamos a fazer parte de nossa crítica, assumindo-a.

De qualquer modo, é um bom livro, dá para ler numa tarde e tem momentos muito interessantes.
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Inlectus 08/10/2012

Bom livro.


É uma leitura engraçada, e muito lapidador para se aprender a pensar e criticar com graça, gostei.
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