Silicone XXI

Silicone XXI Alfredo Sirkis




Resenhas - Silicone XXI


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Ligran 01/03/2022

Cyberpunk à Brasileira misturado com policial noir.
O livro apresenta uma investigação sobre um tal "maníaco da pistola L" que tem cometido crimes contra andrógenos.

A história começa com uma pegada policial/noir com o detetive narrando seu ponto sobre a investigação e outros elementos.

Num determinado ponto, o clima vira pra uma ação de tirar o fôlego. O desenrolar do caso faz você querer ler sem parar pra descobrir o vem pela frente.

Essa obra é tratada como uma das principais representantes do estilo chamado por Roberto Causo como "Tupinipunk", o cyberpunk brasileiro.

Segundo a professora Elizabeth Ginway, no livro Ficção Científica Brasileira, uma das principais características que difere o Tupinipunk do Cyberpunk anglo-americano é a presença da sexualidade e da esperança de um mundo socialmente melhor. E nessa obra a sexualidade já começa no motivo do crime. Já o vislumbre de um mundo melhor fica representado pelas comunidades "agroespirituais".

O livro é excelente como representante do Tupinipunk, como obra de ficção científica nacional e como "romance policial futurista". Vale muito a leitura e eu recomendo demais.
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Davenir - Diário de Anarres 21/12/2021

Uma profecia da ignorância
"Isso foi o começo, depois ele começou a defender umas ideias loucas sobre eutanásia. Disse que era a favor de eutanásia social, política, cultural e demográfica. Falou um monte de besteiras. (...) Disse que os grandes problemas do Brasil eram o excesso de gente e as eleições, que a gente precisava precisava de um homem forte pra diminuir a população, essas coisas." p.189.

"Silicone XXI" é a obra que inaugura o que veio a ser chamado de Tupinipunk, um subgênero que faz uma releitura brasileira ao Cyberpunk. Santa Clara Poltergeist (Fausto Fawcett) de 1991, Piritas Siderais (1994), de Guilherme Kujawsky e Distrito Federal (Luiz Brás) são outras obras que se encaixam no Tupinipunk, ainda que o próprio autor não visse sua obra como Ficção Científica, ressaltando apenas seu aspecto Policial, sou obrigado a discordar, pois não é a Pistola Laser e os carros flutuantes que tornam a obra uma FC.

Como em um bom romance policial, acompanhamos uma investigação de uma serie de assassinatos, cometidos pelo chamado "Maníaco da Pistola L" e também de "siliconpênis" contra homossexuais. O investigador negro de 52 anos, da polícia metropolitana José Balduino e a jovem Lili Braga, jornalista investigativa de 25 anos, sexualmente liberal, logo chegam ao nome de Estrôncio Luz, major reformado do exército que exige ser chamado de general, que alimenta ideias de eugenia social e limpeza étnica, mas que tenta compensar sua impotência com um pênis de silicone cirurgicamente implantado.

O vilão é, na verdade, uma das mensagens principais do livro, referência a truculência dos militares, ironicamente associado a uma homossexualidade enrustida e a um saudosíssimo, uma vez que o romance (de 1985) se passa em 2019. Estrôncio Luz é uma referência quase direta ao elemento radioativo e ao General Cruz, que exemplificava a truculência dos militares. Retirando a questão atômica, que saiu de pauta após o fim da Guerra Fria e do medo nuclear, e substituindo pela conveniência do Corona vírus, a questão ideológica do saudosismo militar ganha tons quase proféticos, e até otimistas, vide o nosso atual governo que se orgulha de cancelar CPFs. Por outro lado, também temos um futuro pós governos social-democratas, em que iniciativas e comunidades verdes, com respeito ao sincretismo religioso brasileiro, se espalharam pelo país, dando um aspecto utópico ao futuro tecnológico cyberpunk, um vez que o autor é um dos fundadores do Partido Verde e teve ocupou várias vezes seguidas cargos legislativos, até seu falecimento em 2020.

A leitura é muito divertida, uma vez que o autor trata a ironia e irreverência das pornochanchadas, os assuntos sérios e o próprio estilo policial e a enxurrada de termos técnicos do cyberpunk. Infelizmente o livro foi incompreendido, na sua época, recebendo resenhas negativas na época, talvez tenha influenciado a encerrar sua carreira literária. Ironicamente, o publico mais capaz de entender a beleza da obra, é justamente o nicho da FC, gênero negado pelo próprio autor. Espero que essa resenha possa ajudar a promover esse reencontro, entre deste belo exemplo de Ficção Científica Brasileira, com B maiúsculo mesmo, antes tarde do que nunca.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2021/12/resenha-214-silicone-xxi-afredo-sirkis.html
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eme 25/03/2021

Surpreendente e atemporal!
Esse livro foi escrito em 1985 e é um romance policial futurista BRASILEIRO que se passa em 2019.

Rapaz, simplesmente genial. Primeiro porque é completamente atemporal e porque não temos um personagem protagonista fixo. O protagonismo é inteiramente da problemática do enredo: O Inspetor José Balduíno dando tudo de si para prender o criminoso maluco que pretende exterminar todo tipo de minoria social com seus ideais fascistas, genocidas e patriarcais. Familiar, não é?

O contraste na cabeça do autor de que em 2019 estaríamos vivendo num Brasil de altíssima tecnologia, ciência muitíssimo avançada, justiça, naves e robôs e ainda assim involuntariamente colocar um vilão que muito se assemelhe a uma versão caricata e mais violenta do presidente atual é incrível. Ainda mais quando esse vilão consegue apoio popular com um discurso assassino preocupante por causa de seu tom carismático, populista, incisivo e superficialmente "do contra". A população é convencida a torcer contra si mesma e a imprensa contribui com um jornalismo que mais atrapalha que ajuda.

A construção da narrativa é delirante e você não consegue largar, a escrita de Alfredo Sirkis é muito fluida, atrativa e improvável, o que só potencializou a construção do enredo. TUDO se encaixa. Recomendo muito a leitura, parece ter pouco reconhecimento e é um tapa na cara de quem (sobre)vive no BraZil enfermo e decaído do (des) governo de Bolsonaro.

Minhas ressalvas são apenas a linguagem transfóbica da época, o gatilho de estupro e os adjetivos e termos explicitamente racistas direcionados ao Inspetor Balduíno dentro da história e na escrita.
Claudio.Santana 18/07/2021minha estante
E quem conheceu Sirkis sabe que o Balduíno era ele mesmo...


eme 12/09/2021minha estante
que interessante! não sabia disso




Sci Fi Brasil 23/04/2013

Cyberpunk que não é cyberpunk
Li uma vez uma entravista do Sirkis garantindo que "Silicone XXI" não era um livro de ficção científica e nem tinha sido feito com essa ideia. Ele repetia e martelava: "é um romance policial, a ambientação fica em segundo lugar".

Engraçado é que, mesmo assim, ele acabou se firmando como um dos livros com ambientação cyberpunk mais famosos no mercado nacional. Apesar de bombardeado pela crítica, ele tem alguns pontos positivos.

"Silicone XXI" é um emaranhado de clichês óbvios, o que lhe rendeu resenhas muito ruins na época do lançamento. O problema é que, ao meu ver, os críticos não entenderam que o livro era uma grande piada. O uso de clichês, como o próprio Sirkis já falou, tinha como objetivo brincar com o gênero policial. Eram propositais, uma paródia dos livros lançados até então

E quem lê Silicone XXI CIENTE de que se trata de uma paródia tem MUITO mais chances de gostar do livro. Os personagens são engraçados, as situações brincam com vários filmes e livros do gênero. Longe de ser fantástico, o livro de Alfredo Sirkis ainda é engraçado, interessante e deveria ser mais lido pelos fãs do gênero no Brasil. Uma pena ele ter caído no completo ostracismo.
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