Resenhas - Pequenos Burgueses

Invasão Bárbara 05/11/2023

Pequeno-burgueses
Primeira peça de teatro escrita pelo russo Górki em 1901 e encenada pela companhia do Stanislavski (o criador do método de atuação que o Max Schreck usou para interpretar Nosferatu) em 1902.

A história em quatro atos se passa na casa da família Bessiêmenov, e mostra o dia a dia de um grupo pequeno-burguês de pessoas ociosas ou sem grandes ideias, apenas existindo. Além dos familiares, há também alguns pensionistas, amigos e empregados sempre presentes.

Bessiêmenov é dono de uma companhia de pintura de casas e está preocupado porque seu três filhos, entre 25 e 30 anos, ainda moram com ele: Piôtrex éum estudante que foi expulso da faculdade e desde então faz planos grandiosos (mas nunca põe eles em prática), Tatiana está amargurada por ninguém ter se apaixonado por ela até então, e Nil, o filho adotivo que trabalha de forma exaustiva como maquinista e detesta todos na casa por considerá-los arrogantes e preguiçosos.

Na residência também moram Eliane, um jovem viúva festeira e mal falada; Chíchkine, um estudante; e Tlêteriev (melhor personagem), um corista da igreja alcoólatra e pessimista que fica filosofando sobre tudo que acontece ao redor dele.

Mesmo nenhum deles tendo grandes condições financeiras ou qualquer relevância social, em praticamente todo primeiro ato, assistimos esses personagens zombando, humilhando ou falando com falsa piedade sobre trabalhadores e camponeses, por considerá-los inferiores social e intelectualmente.

A história da peça em si gira em torno das tragédias que ocorrem depois que Nil se apaixona por Pôlia, uma empregada doméstica. A família tinha planos para o jovem e esperavam que o operário acatasse tudo silenciosamente e de bom grado, mas a força e independência dele acabam desestabilizando todos os habitantes da residência.

A forma com que o Górki exalta a classe trabalhadora foi a responsável pelo sucesso da peça, e mostra também o clima de revolta que começava a se instalar na Rússia czarista, que culminaria nas Revoluções de 1905 e 1917. Stanislaviski chegou a dizer que Pequeno-Burgueses inaugurou o teatro sócio-político.

site: https://www.instagram.com/invasao_barbara/

Filipe 25/04/2023

A novela de uma família com tudo o que tem direito, cobranças, confusões e relações conflituosas. De certa forma, me lembrou Os Bruddenbrook, de Thomas Mann, só que mais caótico.

A tentativa - e sucesso - de Górki de zombar e expor o núcleo de família burguês russo é o que marca essa leitura. Para mim, o que mais agregou foram as 20 páginas iniciais contando a história do autor, das suas obras e da cultura à sua época.

Paula1882 24/03/2021

Uma peça que mostra a vida de moradores de uma casa na Rússia pré revolução. As discussões que os personagens tem acerca da vida e das coisas que acreditam demonstram bem o desejo de alguns pelo que viria anos depois no país.

Maria.Luisa 16/01/2021

É literalmente a história da vida familiar de um militante do Juntos! (Psol)

Rafaella 02/08/2018

Durante mais de três meses, vivi este texto porque fiz uma montagem teatral adaptada dele. Incrível como os clássicos continuam atuais em diversas épocas e lugares. A luta entre classes, as relações humanas desgastadas, a depressão, os conflitos... tudo ali, em 1901 e aqui, em 2018. Vale muito a pena a leitura.

Hilton Neves 23/02/2018

Embora o Teteriev possa nos ter ensinado algo de bêbados, o que até nos leva à rixa de Iago com Otelo; ele é arrogantaço, ao ponto de viver feito um bêbado desleixado perdedor soltando indiretas, fazendo gracinhas e mandando nos outros.

ENAVARRO 17/09/2015

Teatro russo
Confesso que li só porque o tradutor é um amigo meu, mas gostei bastante. Os autores russos em geral são bastante densos e críticos. O mais interessante nesta obra é perceber que o tema ainda continua muito atual.

Pedro 23/11/2012

Realismo Russo ao extremo
A peça trabalha com um excelente diálogo, onde o cenário é a sala de estar de uma casa de classe média-baixa. Nota-se o orgulho e o conservadorismo no chefe da família, enquanto cada um dos parentes e agregados da casa representa uma classe "pequena-burguesa". O auge da trama acontece quando um ente envenena-se (ou não...), o que traz a discussão da civilidade e dos modos à tona. Interessante o trabalho da compaixão, e da falta dela.