Luiza 19/04/2021
Inesquecível pardo, paisano e pobre Ojuobá ?
Livro [MARAVILHOSO!] escrito por Jorge Amado, na Bahia, de março a julho de 1969.
Foi uma releitura. Fiquei mais emocionada do que da primeira vez que li. Eu choro de emoção lendo Amado. Vejo direitinho as cenas de suas histórias, como um filme que nos comove todas as vezes que assistimos... São cenas vívidas que não esquecemos jamais.
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?? Pardo, paisano e pobre ? tirado a sabichão e a porreta? (de um relatório policial sobre Pedro Archanjo, em 1926).
?? ?Iaba é uma diabo sem rabo?. CARYBÉ
No amplo território do Pelourinho, homens e mulheres ensinam e estudam. Universidade vasta e vária, se estende e ramifica no Tabuão, nas Portas do Carmo e em Santo Antônio Além-do-Carmo, na Baixa dos Sapateiros, nos mercados, no Maciel, na Lapinha, no Largo da Sé, no Tororó, na Barroquinha, nas Sete Portas e no Rio Vermelho, em todas as partes onde homens e mulheres trabalham os metais e as madeiras, utilizam ervas e raízes, misturam ritmos, passos e sangue; na mistura criaram uma cor e um som, imagem nova, original.
Aqui ressoam os atabaques, os berimbaus, os ganzás, os agogôs, os pandeiros, os adufes, os caxixis, as cabaças: os instrumentos pobres tão ricos de ritmo e melodia. Nesse território popular nasceram a música e a dança...
"Louvemos pois as glórias alcançadas
Nas suas grandes jornadas
Nesse mundo de meu Deus
E tudo que expomos nas avenidas
São histórias já vividas
Contada nos livros seus"
Capoeiristas, filhas-de-santo, iaôs, pastoras, orixás, o Terno de Reis e o Afoxé, passistas e formosas cantam, dançam e abrem alas. Mestre Pedro Archanjo Ojuobá pede passagem...
Pedro Archanjo Ojuobá vem dançando, não é um só, é vário, numeroso, múltiplo, velho, quarentão, moço, rapazola, andarilho, dançador, boa-prosa, bom no trago, rebelde, sedicioso, grevista, arruaceiro, tocador de violão e cavaquinho, namorado, terno amante, pai-d?égua, escritor, sábio, um feiticeiro. Todos pobres, pardos e paisanos.