Tenda dos Milagres

Tenda dos Milagres Jorge Amado




Resenhas - Tenda dos Milagres


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Víviann 26/02/2021

Pedro Archanjo Ojuobá
Esse livro é mais umas das obras ilustres escritas por Jorge Amado. Ela retrata de forma cômica e realista a vida do povo baiano, utilizando de conversas populares e acontecimentos cotidianos para trazer assuntos tão relevantes para o debate em nossa sociedade. Entre eles: intolerância religiosa, racismo, preconceito regional, desigualdade, preconceito de classes e entre outros que relatados nos acontecimentos traz temas tão fortes de forma mais leve, porém, com precisão.
Essa leitura te leva a pensar mais em suas ações, a pensar mais sobre como o Brasil trata seus pensadores e em como o preconceito está tão enraizado na nossa sociedade.
Indico para todos aqueles que gostam de descobrir mais sobre a cultura baiana, os que se interessam pelos assuntos já citados e para toda a população que sabe ler, porque uma obra como essa é leitura obrigatória para todos os brasileiros!
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Caser 27/03/2020

Jorge Amado faz de Tenda dos Milagres um manifesto à miscigenação, traço idiossincrático do povo brasileiro: contribuição do Brasil à civilização. Vejo que Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, foi certamente um dos referenciais do autor, além, claro, de vários personagens reais e acontecimentos históricos de sua época.

Ler Amado é um prazer. Seus personagens cativam.

Nessa obra, acompanhamos as aventuras e desventuras de Pedro Arcanjo, ojuobá, olhos de xangô, aquele que tudo vê e tudo sabe. Defensor do povo baiano, mestiço, mestre de encantamentos do candomblé e da palavra. É uma referência a figuras históricas da Bahia, como a do antropólogo baiano Miguel Querino, Dorival Caymmi e do próprio Jorge Amado.
Além do protagonista, outros personagens merecem destaque como o amigo e parceiro Lídio Corró. A menção final a Lídio é uma das passagens mais comoventes do livro; Tadeu Canhoto, filho de Pedro Arcanjo – há referências nessa personagem sobre Marighella (Amado e Marighella foram redatores oficiais do PC do B). Rosa de oxalá, o amor não realizado de Arcanjo; a história surreal e lendária de Doroteia, orixá encapetada, mãe de Tadeu, entre outros.

A meu ver, as partes referentes ao tempo presente da narrativa, sobre o Nobel que se interessa pela obra de Pedro Arcanjo, a aspirante a poetisa Ana Mercedes e o jornalista Fausto Pena, é a parte narrativa mais fraca do livro em relação à riqueza da história de Pedro Arcanjo. Aí o autor desejava apontar as relações de aparência e vaidade da mídia, da publicidade e do meio intelectual da época (1969).

Antes de ler o livro, já tinha visto a minissérie da Globo, de 1985, aliás, excelente. Recomendo também (tem DVD).

Leia o livro e depois a minissérie, e, também, se puder e quiser, o filme de 1979, dirigido por Nelson Pereira dos Santos.
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yuri29 11/10/2019

Magistral, simples assim.
Nunca tinha lido um livro do Jorge Amado. Confesso que essa obra me deixou marcas importantes. Por exemplo, como o conhecimento é importante para nós. Esse livro é fundamental, e na minha opinião, poderia ser obrigatório nas escolas. Nos ajuda a compreender questões como o desdém das autoridades para com a população no Brasil e como, sempre, mas sempre, as questões sociais eram tratadas como coisa de polícia. Jorge Amado trata com maestria a questão do negro do Brasil, do preconceito, da luta do povo baiano e a perseguição religiosa. É até difícil sintetizar em palavras o significado de uma obra desta magnitude. Recomendo "Tenda dos Milagres" para todo mundo.

OBS: Pedro Archanjo já é meu personagem favorito disparado.
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EvaíOliveira 25/07/2021

Tenda dos milagres é, basicamente, a narrativa das proezas e dos amores de Pedro Arcanjo, mestiço pobre, bedel da Faculdade de Medicina da Bahia, que se converte em estudioso apaixonado de sua gente, publicando livros sobre o sincretismo genético e cultural do povo baiano.
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Thiago275 17/03/2019

Um manifesto antirracista
Tenda dos Milagres é o terceiro romance de Jorge Amado que leio. Na escola, li Capitães da Areia e lembro de ter gostado muito. Ano passado, li O País do Carnaval, primeiro romance do autor, e achei apenas ok. Mas Tenda dos Milagres já mostra um escritor maduro, com um estilo bem marcante e sedutor, embora talvez não muito apropriado para as ultra sensibilidades de hoje em dia.

Acompanhamos a história em duas linhas narrativas diferentes. Em primeira pessoa, acompanhamos Fausto Pena, um poeta, e como ele recebeu a incumbência de pesquisar sobre Pedro Archanjo, personagem quase folclórico de Salvador, bedel da Faculdade de Medicina, que escreveu alguns livros sobre a cultura baiana e sobre a miscigenação brasileira. Ocorre que o Prêmio Nobel Americano James D. Levenson entrou em contato com a obra de Pedro Archanjo e de repente, de autor obscuro e rejeitado, ele virou cult. E, na segunda linha narrativa, em terceira pessoa, acompanhamos a trajetória do próprio Pedro Archanjo.

O jeito como Jorge Amado escreveu o livro é bastante interessante para fazermos uma comparação entre os diferentes momentos que o Brasil passava e de como as circunstâncias podem mudar, e as coisas permanecerem, de certa maneira, iguais.

O livro foi publicado em 1969 e a história de Fausto Pena se passa nessa época (é o tempo presente). Em plena ditadura militar, é interessantíssimo acompanharmos a censura (velada ou não) que havia, principalmente na ocasião em que um seminário sobre Pedro Archanjo e sobre miscigenação foi cancelado, pois daria ensejo a "ideias subversivas". Mas claro que o Governo não teve nada a ver com o cancelamento. Foram os próprios organizadores que, baseados num pensamento bastante sensato, decidiram não levar a ideia à frente.

As homenagens feitas a Pedro Archanjo por ocasião de seu centenário são tão distantes da realidade que chegam a ser cômicas (além de hipócritas).

Acompanhando Pedro Archanjo, conhecemos a Tenda dos Milagres, onde vivia seu amigo Lidio Corró, riscador de milagres, ou seja, pintor de cenas milagrosas encomendadas por devotos que iam entregá-las na Igreja. Mas não era só isso a Tenda. Era um misto de gráfica (onde os livros de Pedro eram impressos), teatro, local de reunião do povo, enfim, uma espécie de faculdade particular.

Em oposição, havia a Faculdade de Medicina, onde Pedro era bedel e muito querido entre os estudantes, mas local onde encontramos figuras odiosas, como o Prof. Nilo Argolo, racista convicto de que os negros eram seres inferiores e toda a sua cultura era inferior. Por ironia, a faculdade de medicina era um lugar onde grassava a anti-ciência.

Em contato com Zabela, mulher idosa, hoje pobre, mas que provém de uma família antigamente muito rica e influente, Pedro Archanjo começa a pesquisar sobre os antepassados de todas as famílias ricas de Salvador e, para surpresa de ninguém, desenha a árvore genealógica de figurões (inclusive Nilo Argolo) sem apagar a linhagem negra que todos têm.

Isso causa um escândalo sem precedentes, mas o que Jorge Amado quer nos mostrar aqui, de maneira lúdica, é que a miscigenação é um traço intrínseco da formação do Brasil enquanto país, não existindo brasileiro (com família aqui há gerações) sem traço de sangue branco, negro e indígena. E, longe de representar um demérito, ai reside a força e a beleza de nosso povo.

Para representar isso, Jorge Amado descreve dois episódios muito significativos. Primeiro, Pedro Archanjo se envolve com uma sueca (que na verdade, era finlandesa). Seu nome era Kirsi, branca como a neve, e o filho deles, de volta à Europa, será o Rei da Escandinávia, com traços de brancos e negros.

Outro episódio é quando um determinado personagem se forma na faculdade e a comemoração envolve uma roda de candomblé e também o can can parisiense. espetacular.

Jorge Amado descreve também a perseguição aos terreiros, à capoeira, tudo que fosse ligado à cultura afro-brasileira, perseguição que, infelizmente, não acabou até hoje.

Eu não poderia terminar essa resenha sem falar da linguagem de Jorge Amado, seu traço sensual e gráfico. Nenhum outro autor descreve a beleza feminina, carnal e angelical, como ele. Mas aqui, o politicamente correto passa longe. Amado chama as coisas pelo nome. Velha é velha. Gorda é gorda. Mulato é mulato etc. As pessoas que enxergam racismo e preconceito nisso infelizmente estão perdendo uma grande obra.

Não atribuí nota 5 por alguns trechos no final do livro, quando Pedro Archanjo já está no fim da vida, que achei prolongados demais sem necessidade. Mas, a despeito disso, o livro é sensacional.
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Thay 09/10/2021

Tenda dos milagres
?...Amado fala de hierarquias sociais e luta de classes, de colonialismo cultural, ditadura militar, das limitações do pensamento da juventude esquerdista na era pós-Stalin, da ameaça da cultura popular pela modernização entre outros assuntos que preocupavam no final da década de 1960.? Além da questão racial que é o centro do romance.

Assuntos necessários até hoje.
Sou grande de fã de Jorge Amado, mas tenda dos milagres foi um desafio pra mim.

Os tempos e a forma como a história discorre, a quantidade de personagem e como muda muito rápido de uma história pra outra me confundiu e não me fez apegar tanto na história.

Terminei na marra, mas no fim gostei!!

Não recomendo começar a ler Jorge Amado por esse livro. Mas leia em algum ponto da vida com um contexto prévio.
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OgaiT 05/11/2021

O brasileiro e seu complexo de vira-lata
Tenda dos milagres, assim como os demais romances que li do autor, apresenta um narrador prolixo e bem humorado, elementos que, para mim, fez esse baiano ser reconhecido por tantas pessoas ao redor do mundo.
Já com relação ao enredo propriamente, temos debates extremamente atuais, tais como o racismo e a intolerância quanto às religiões e às manifestações culturais de matrizes africanas.
Durante toda a narrativa percebemos os embates entre os especialistas favoráveis a ideia da mistura de raças perpetrada pelo grande personagem da trama, Pedro Archanjo, e as sucessivas intervenções da elite e dos agentes políticos da sociedade baiana contra a cultura afro-brasileira.
Entretanto, o que mais me chama a atenção é como Pedro Archanjo, sem qualquer interesse por parte dos cientistas sociais brasileiros, ganha a atenção do mundo após ser alvo dos estudos do Prêmio Nobel James D. Levenson.
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Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 07/03/2017

Uma obra densa e fantástica pela sua qualidade crítica e engajamento político
Quinto livro da campanha do #AnoDoBrasil, Tenda dos Milagres é uma obra densa e fantástica pela sua qualidade crítica e engajamento político, bem como por sua importância que supera a monotonia de alguns de seus capítulos.

Já li alguns livros de Amado, entre eles Capitães da Areia, e pude atestar o quanto é politizada e crítica a sua obra, talvez isso seja uma das coisas que mais admiro no autor baiano. Contudo, tenho para mim que Tenda dos Milagres tenha sido, dos romances do autor que já li, aquele que revela este caráter crítico de forma mais contundente.

O livro abriga em si uma denúncia extensiva do racismo e da perseguição contra as religiões de matriz africana na Bahia do início do século XX. Aborda com humor, as vezes com asco e bastante realismo, como até mesmo a ciência era usada e descaradamente manipulada para justificar e comprovar cientificamente a inferioridade de negros e mulatos, justificando deste modo o ódio dispensado a estes grupos e a marginalização a eles imposta. Politicamente engajado, mulato, pobre e frequentador do terreiro de mãe Majé Bassan, Pedro Archanjo, personagem principal da trama, é em si a personificação de tudo que a elite soteropolitana mais desprezava, reunindo os elementos de ambas as discussões engendradas pelo livro, no entanto, mais do que isso, Pedro é um personagem que veio para quebrar estereótipos e tabus e o faz magnificamente bem.

Venha e confira a resenha completa no blog.
http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/03/tenda-dos-milagres-jorge-amado-resenha.html

site: http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/03/tenda-dos-milagres-jorge-amado-resenha.html
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Dude 02/12/2018

Tenda dos Milagres
Bom livro que fala sobre racismo e miscigenação. Obrigatório em dias como hoje que acusam Jorge Amado de racista.
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Spinelli 07/04/2018

Historia crítica e emocionante.
Misturar o sincretismo religioso com todo o acervo cultura bahiano, e de vez em quando, críticas sociais na sociedade vigente, Jorge Amado faz com maestria. Dentre as 300 páginas do romance, não há um minuto sequer de tédio literário. Vale muito a pena ler essa obra!
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Monique355 25/04/2024

Minha opniões acerca desse livro foram bem complexas. A essência do livro é MUITO boa, tem alguns diálogos interessantíssimos e aborda temas de uma relevância e atualidade surreal, no entanto foi uma das narrativas mais chatas que já li na vida é isso prejudicou demais minha experiência de leitura. Eu sei que é um clássico e por isso tem uma linguagem própria, no entanto Capitães da areia também é e é do mesmo autor, mas não senti que foi uma narrativa chata e arrastada como senti nesse. Apesar disso, recomendo a leitura, desde que você vá ciente de que pode não gostar da narrativa assim como eu.
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Bruna.Patti 07/01/2018

Tenda dos milagres
Resenha
Livro: Tenda dos Milagres
Autor: Jorge Amado
Ano de lançamento: 1969

Tenda dos Milagres, livro predileto do autor Jorge Amado , se passa em duas épocas diferentes: tempo presente e passado, na virada do século XIX para o XX. O livro se passa na Bahia, e acompanhamos o trabalho de Fontes, um antropólogo poeta, que começou a pesquisar sobre a vida de Pedro Archanjo, um cidadão extremamente influente na sociedade baiana. Mas Fontes não começa a pesquisar a vida desse escritor, cientista, poeta por vontade própria: recebe a encomenda de um gringo, que vindo ao Brasil, declara amar a obra de Pedro Archanjo.
Já no começo da obra, podemos perceber a crítica ao colonialismo: Pedro Archanjo já era estudada na Bahia, por professores de Universidades, porém, ele apenas começou a fazer sucesso na mídia quando um gringo evidenciou a importância de sua vida e obra, denotando que apenas o que vem de fora é bom, pois até aquele momento da obra, ninguém ligava para Pedro Archanjo, nem ao menos sabiam da existência desse homem.
Pedro Archanjo era escritor. Foi bedel da Faculdade de Medicina da Bahia. Bedel é um cargo administrativo de pequeno porte em universidades, profissão que exerceu durante mais de 30 anos. Archanjo questionava a sociedade racista de sua época. Na virada do século XIX para o XX podemos acompanhar através do enredo do livro, as teorias eugenistas, que a medicina brasileira ajudou a corroborar , do começo do século. Essas teorias diziam que a sociedade brasileira deveria se livrar dos mestiços e dos negros, em busca de formar uma sociedade pura, branca. Acompanhamos com dor as várias demonstrações de racismo, onde os negros e mestiços são apontados como criminosos única e exclusivamente pela sua cor, o tamanho de seu crânio , ou suas feições.

O quadro A Redenção de Cam, do pintor Modesto Brocos evidencia as teorias eugenistas do começo do século. Nessa pintura, temos uma mãe negra, que possui uma filha um pouco mais clara, mas ainda negra e um genro branco, nascendo seu neto branco. A mãe levanta as mãos para o céu, agradecendo a benção de conseguir finalmente branquear sua família. O título do quadro remete à história bíblica da maldição lançada por Noé ao seu filho Cam, que disse que ele seria o último escravo dos seus irmãos. Os povos de pele escura seriam descendentes de Cam, justificativa que foi utilizada por muito tempo para validar a escravidão.
Além disso, Pedro Archanjo era do candomblé, religião marginalizada e perseguida, desde a época retratada no livro, até o presente em nossa sociedade. No livro retrata-se a perseguição aos terreiros de candomblé, muitas vezes tendo suas giras e festas reprimidas com violência. Não somente as manifestações religiosas eram reprimidas com violência, mas todos as características da cultura do povo negro, como as comidas típicas, a luta da capoeira. Vemos as dificuldades que os negros tinham para estudar, trabalhar em empregos dignos, mesmo lutando para isso acontecer.
Pedro Archanjo acreditava que a chave para o combate ao racismo estava na mistura que forma nosso povo, visto que todos nós possuímos sangue negro. Esse livro é uma homenagem ao povo negro, que tanta batalha e sofre com o racismo nosso de cada dia. É um Foi escrito em 1969, mas poderia ter sido escrito hoje, por conta de todos os problemas que ainda assolam nossa sociedade. É um livro-protesto, que coloca sal na ferida do racismo, um livro que aponta sem medo. Como dizia Pedro Archanjo, ainda que tentem nos derrubar, somos muitos, e sempre nascerão mais de nós.
Deixo vocês com um trecho da música Eu só peço a Deus, de Renan Inquérito:
“É o Brasil da mistura, miscigenação
Quem não tem sangue de preto na veia deve ter na mão
Eu só peço a Deus!”


LINK DO MEU BLOG ABAIXO:


site: http://abiologaqueamavalivros.blogspot.com.br/2018/01/tenda-dos-milagres.html
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Nélio 16/09/2017

Que livro bom de ser lido! O meu encantamento pela obra de Jorge Amado só aumenta!
Realmente, não podemos nos descuidar de ler os (bons) autores brasileiros. É o quinto livro dele que leio e não vou parar por aqui, só não consigo ordenar quais lerei primeiro, pois cada vez que tento escolher, mudo o próximo...rs
Tenda dos milagres é aquele livro que te faz viajar, que te faz conhecer nosso Brasil, que te mostra os “meandros do poder” e, mais do que nunca, que escancara o ser humano, em especial o brasileiro, claro! Nossas virtudes e nossas mazelas.
Somos um povo que renega sua cultura e seu saber em detrimento do que vem de fora. Pedro Archanjo só veio a ser “valorizado” pelo nosso povo quando um estrangeiro veio para dizer da sua qualidade.
Mas somos acolhedores, amigos, muitas vezes despreocupados até em excesso! Pedro é assim, inclusive fiel em suas amizades: “Nem por um níquel nem pela moeda inestimável do amor de Rosa de Oxalá vendera o amigo.”
O engajamento político na obra é algo que sozinho merece milhões de comentários. Para citar, temos o enfrentamento, a rebeldia, do povo contra o governo nas duas épocas que são narradas no livro, os problemas com a mestiçagem, com as africanidades etc.
O livro é recheado de ironias, principalmente quanto à diferença entre saber formal (ciência, formação acadêmica) e saber popular (comum, vivência). “A secretária (...) compareceu: lutando bravamente por um lugar ao sol entre tantos etnólogos, antropólogos, sociólogos, todos de mestrado feito, a maioria beneficiária de bolsa de estudo em universidades e boates estrangeiras(...).” Quantas reflexões não me causaram passagens como essa!
A questão do racismo, da mestiçagem, é algo muito bem abordado pelo autor. Sendo uma obra literária, ele não ficou na teorização, mas ele bem mesclou reflexões e comentários aos fatos contados no livro. Tudo muito pertinente que mostra como somos um povo pífio na compreensão da nossa formação, como povo mesmo! Nossa miscigenação é o que nos torna tão especiais, mas ainda há aqueles que acham que ela é o mal. Somos o que somos devido a ela! Quanta riqueza cultural, social e sentimental trazemos em nosso ser!
“Apenas trato de extirpar o mal pela raiz, evitando que ele se propague. No dia em que tivermos terminado com toda essa porcaria, o índice de criminalidade em Salvador vai diminuir enormemente e por fim poderemos dizer que nossa terra é civilizada.” A fala é de quem queria acabar com os negros na Bahia.
São tantas coisas! Que nem quero comentar, não posso contar! Espero que fique somente o gostinho... A riqueza do livro é imensa!
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Fimbrethil Call 24/06/2017

Lindo!
Adorei esse livro, muito muito bom! Um livro lindo! Como o próprio seu Jorge diz: "Viva Pedro Archanjo!, viva a cachaça Crocodilo!"
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Thiago Barbosa Santos 07/04/2017

Um clássico romance de engajamento!
Pedro Archanjo não é tão conhecido como Dona Flor, Tieta, Gabriela ou Quincas Berro D'Água, mas é tão ou mais importante que todas essas outras personagens criadas pelo genial Jorge Amado. Ele é protagonista de uma obra valiosíssima do escritor baiano. Tenda dos Milagres é um clássico romance de engajamento que discute com profundidade a questão racial no Brasil, sobretudo na Bahia.

Pedro Archanjo é um mulato que, como todos os outros, nasceu pobre, sem oportunidades de ascensão social e sem acesso às letras. Mas contrariou as estatísticas, foi um autodidata, leu muitos livros e buscou o conhecimento. Era também um exímio observador dos costumes do negro baiano. Criou com o amigo Lídio Corró a Tenda dos Milagres, espaço para a celebração da cultura negra e onde funcionava uma pequena gráfica que imprimia livros que eram marginalizados pelas grandes editoras.

Foi na Tenda dos Milagres que Pedro Archanjo publicou seus estudos sobre a cultura negra na Bahia e os enviou para universidades do Brasil e de outros países. Ele começou a ganhar notoriedade e conquistou um emprego na Faculdade de Medicina. Lá, encontrou o grande rival dele, o professor Nilo Argolo, que era racista e pregava o extermínio de negros e da mestiçagem.

O mulato Archanjo publicou então um livro que gerou muita repercussão. Um estudo aprofundado que mostrava que, na Bahia, não existia a tal 'raça ariana' cultuada por Nilo Argolo. Inclusive, o arrogante professor era bisneto de um negro e primo distante do próprio Pedro Archanjo. Em Tenda dos Milagres, Jorge Amado toca também na ferida da repressão ao candomblé que ocorreu na Bahia. É uma ficção altamente verossimilhante. Aliás, é totalmente baseada na realidade. Um romance escrito em 1969 e muito atual, pois apesar dos avanços alcançados na luta contra o racismo no país, nossa sociedade tem muito ainda a evoluir. Tenda dos Milagres é um dos grandes livros que discutem a questão racial no Brasil, um tiro.certeiro do mestre Jorge Amado.
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