Renata1004 18/08/2020
Descreve o Lado Paradoxal da Fotografia
Inicialmente o autor Roland Barthes, discorre o porquê de abordar sobre a fotografia. Após uma rápida pesquisa sobre o autor. Percebi que este tema tem uma relação intrínseca a corrente de pensamento filosófico do mesmo: o Estruturalismo.
Basicamente essa corrente conceitual pretende explicar as estruturas inerentes às relações humanas, e como tais são percebidas e sentidas pelos indivíduos. E escrever sobre a fotografia, foi uma maneira prática do autor explicar suas afirmações sobre o processo de significação, da qual a corrente do Estruturalismo, objetiva. O mesmo faz diversas comparações com a fotografia e pintura, e relaciona suas diferentes formas de representar a pessoa ilustrada, ou o referente.
Nas primeiras páginas, Roland cita as divisões classificáveis da fotografia: empíricas Profissionais/Amadoras, retóricas Paisagens/Objetos/Retratos/Nus, ou estéticas Realismo/Pictorialismo. Em seguida o mesmo apresenta três ideias ou intenções, que a fotografia possui: fazer, suportar, e olhar. O mesmo explicita o que compõe uma fotografia, e quais os elementos relacionados a ela, os quais são: o Operator - Fotógrafo. O Spectator - todos nós: que vemos jornais, livros, álbuns, coleções de fotos. E aquele (a), que é fotografado, ou seja, o referente, pessoa, que é denominado de eídolon, ou Spectrum da fotografia, que significa espetáculo. Nos capítulos posteriores o autor discorre a respeito deste conceito, o Spectrum, e os outros termos citados inicialmente pelo mesmo. Sendo que no conceito do Spectrum, o mesmo demonstra a partir de fotografias, seu senso crítico sobre os referentes ou, signos, nos mais diversos tipos de fotografias, abrangendo análise da semiótica, e da conotação, a partir da qual o mesmo utiliza para argumentar sobre os processos de significação da fotografia em si, da ideia e intenção dos tipos de fotos; explicando a linguagem, que a fotografia utiliza, para exercer no Spectator. Ou seja em nós que visualizamos, a atenção ou o espetáculo, do qual ele discorre ao longo do ensaio.
Paralelamente a isso, o autor explica em vários momentos sobre a estranheza que a fotografia ocasiona no Spectator, visto que câmara registra um momento, e o eterniza, porém o Spectrum, que vemos, não será eternamente aquilo que vemos, mas sim, alguém que irá morrer, ou que já morreu, ou que mudou, ou seja, registra alguém que é efêmero, e que não representa nada mais substancial que isso, apenas um corpo, uma pessoa. E portanto, em sua perspectiva, a fotografia muitas vezes é superficial, a não ser que apresente uma ideia universal, uma ideia assertiva do que determinada foto intenciona dizer. Ou seja, a mesma não deve apresentar uma compreensão dual, sua intenção, signo, deve ser claro e óbvio ao Spectator. Esses aspectos do ensaio, foram os que mais me recordo. Mesmo que pelo fato de apresentar conceitos, e linguagem demasiada filosófica, o que dificultou um pouco meu envolvimento com a narrativa.
Mas o ensaio garante uma boa leitura. Mesmo que de difícil compreensão, é uma obra que tira o leitor da zona de conforto e agrega conhecimento, a respeito do substancialismo da fotografia, sua linguagem e os tipos de foto, e como tais quando estamos na posição de Spectrum, nos objetifica. Além de mostrar a monotonia desta arte que captura e eterniza o que é tão passageiro. O autor por sua vez tem uma escrita bastante poética e metonímica.
Roland Barthes publicou seu livro, A Câmara Clara, em 1980. O autor foi escritor, filósofo e crítico literário.