Isa 01/02/2014
De fato, "Apenas uma garotinha".
“É tão estranho/ Os bons morrem jovens/ Assim parece ser, quando me lembro de você/ Que acabou indo embora, cedo demais”
Com essa canção de Renato Russo – que também acabou indo embora, cedo demais – eu começo a falar de Cássia Rejane Eller.
O livro “Apenas uma garotinha – A história de Cássia Eller” dos jornalistas Ana Claudia Landi e Eduardo Belo, conta como foi a difícil vida de Cássia Eller. Logo nas primeiras páginas, nos deparamos como foram os últimos dias de sua vida, vítima de quatro paradas respiratórias – o que a imprensa na época relatou que fora vítima de overdose – Cássia antes vinha sofrendo várias crises nervosas e lidando com a depressão que a atormentava.
Para muitos, a cantora era tida como uma pessoa agressiva e de uma personalidade muito forte, do tipo que levantava a blusa para mostrar os seios, cuspia no palco e coçava os genitais. Tudo uma mera segunda personalidade que ela criava quando subia aos palcos: “um demônio”. Assim era chamada, pois o palco tinha esse poder sobre Cássia, pois ela, de fato, era extremamente tímida, ao ponto de se esconder dentro de banheiros para não ter contato ou levantar da mesa e sair “correndo” – como foi o caso com Caetano Veloso que a convidou para a festa de aniversário de seu filho e, quando foi cumprimentá-la, ela, não sabendo o que fazer, quando avistou o seu fiel amigo Alex Merlino passar, conseguiu fugir de Caetano – quase correndo. Os jornalistas mostraram esse outro lado de Cássia Eller, a garotinha extremamente tímida que só mostrava seu lado mais extrovertido, engraçado e de espírito infantil aos mais próximos.
Começando pelo fim, mas cronologicamente bem desenvolvido, o livro mostra algumas das mais difíceis dificuldades que a “grande voz” teve que enfrentar. Sempre com sua camisa listrada, uma calça e o inseparável All Star – o que rendeu um música com Nando Reis –, Cássia andou bastante para chegar aonde chegou. Por nunca ter cuidado dos próprios negócios, teve dificuldades com empresários. Chegou a montar uma produtora, a “Eller’s Produções” com o seu tio, Wanderson Clayton Eller – o que não deu muito certo. O livro também aponta para Wanderson como o “facilitador” para que Cássia tivesse acesso às drogas. Conta-se um caso em que, um belo dia em 1991, a polícia recebera uma denúncia dos moradores do bairro Recreio, alegando os proprietários da casa 301, na Rua José Américo Almeida, de formação de quadrilha, corrupção de menores e tráfico de drogas. Quando os policiais chegaram para averiguar a casa, encontraram treze pés de maconha cultivados por Wanderson.
A biografia explora muito a carreira artística, como tudo começou, seu primeiro violão. Relata um pouco seus romances, por ter a fama de “pegadora”, Cássia sempre deixava claro o seu amor por “Gininha”, Maria Eugenia. Permaneceram casadas por 14, e, ao que tudo indica, se Cássia ainda estivesse viva, era com Eugenia quem ainda estava, pois “Com essa (Gininha) é para sempre.”
Para quem adora ler biografias, esse é um bom livro. Eu o li porque sem perceber comecei a comprar vários Dvds e Cd’s e aquela voz, que até não eu não tinha, de fato, parado para escutar e perceber a potência que se carregava, escondia um ser tão grandioso como foi Cássia.