O Instinto da Linguagem

O Instinto da Linguagem Steven Pinker




Resenhas - O instinto da linguagem


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Maurino 25/12/2011

A lógica da língua
Como, injetando uma complexidade gramatical ali onde ela não existia, crianças filhas de escravos, que cresceram no Havaí a partir de 1890, transformaram um pidgin em sua língua nativa? Por que, embora o lingüista imaginado por W. V. O. Qui...ne não possua uma base lógica para intuir o significado correto de uma expressão nativa, uma criança o faz com um pé nas costas – esquivando assim uma infinidade de alternativas outras, logicamente impecáveis? Segundo o psicolingüista Steven Pinker, a impressionante flexibilidade do comportamento lingüístico infantil se deveria às libertárias “coerções” mentais inatas. Em termos kantianos, poder-se-ia dizer que o autor defende uma teoria da possibilidade do conhecimento – lingüístico – a priori. Ao invés de invenção cultural, a linguagem, universal nas sociedades humanas, seria sim um instinto biológico inato, destinado a uma função adaptativa específica – e é justamente essa natureza instintiva que faz com que não a percebamos como tal. Para defender essa posição “naturalista” e, por que não dizer, “internalista”, da faculdade humana da linguagem, Pinker se respalda na teoria chomskiana moderna do funcionamento da língua, a saber, a teoria da “gramática generativa transformacional”: ora, se pode ser demonstrado cientificamente que as crianças sabem coisas sobre as quais não poderiam ter sido ensinadas é porque o design básico da linguagem é inato e elas estariam equipadas com os algoritmos mentais de uma Gramática Universal – definida por Pinker como mentalês. Em uma crítica contundente e repleta de argumentos persuasivos, o autor repreende duramente o “relativismo inconseqüente” do determinismo lingüístico, pautando-se em todo o repertório de estudos experimentais que, rompendo a barreira da palavra, evidencia consistentemente um pensamento não-verbal, subjacente à linguagem. Ele vai ainda mais além ao enfatizar que o Instinto da Linguagem seria um complexo produto da seleção natural de Darwin – o que é enfaticamente negado por Chomsky. Eu confesso que as 625 páginas desse fascinante O INSTINTO DA LINGUAGEM – COMO A MENTE CRIA A LINGUAGEM, avidamente lidas no decorrer da primeira semana de minhas férias de dezembro, muito me impressionaram – e desconcertaram. Você pode facilmente não simpatizar com as idéias de Pinker – o que ele atribui ao “dogmático” predomínio intelectual hodierno do Modelo clássico das Ciências Sociais – mas difícil é refutar os seus argumentos. Além da própria teoria do autor esse livro tem também outras “virtudes”: traz um excelente (e amplo) resumo da complexa teoria chomskiana e serve como um verdadeiro curso introdutório de lógica. Imperdível!
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Gustavo Simas 29/10/2018

Linguagem como ferramenta
Uma Gramática Universal existe? A linguagem é cultural? Homo abilis exercia alguma forma de comunicação? O que a linguagem da sua avó tem a ver com a "linguagem das ruas"?

Perguntas assim são respondidas nesta obra do Steven Pinker, muito inspirada em trabalhos de Noam Chomsky e Charles Darwin. É notável o esforço de pesquisa exercido pelo autor, o que resulta numa obra densa, tal qual em certo ponto anuncia de forma intrigante: "um livro que muitos gostariam de ler... mas que ninguém quer ler".

O livro é chato. Sim. Em boa parte. São apresentadas referências à Seleção Natural, História Norte-Americana, Antropologia Africana, Pedagogia infantil, Sitcons, Política e Relações Internacionais, Música e tudo o mais. Contudo, Steven emprega de um humor sagaz em momentos pontuais, trazendo figuras explicativas facilitadoras do entendimento.

Explica (e prova) que a Linguagem surge de um instinto, ao invés de surgir devido a algum fator ambiental/social modelador do comportamento (em contrariedade a ideias do behaviorismo).

Além disso, outros pontos que me foram reveladores e relacionados a conceitos de engenharia foram os que expressam nossa fala como nada mais do que uma modulação em frequência (FM) de sinais analógicos, realizada devido à vibração do conjunto prega-vocal/prega vestibular/glote/etc., os quais colidem nas paredes bucais, a qual pode ser tratada como uma cavidade ressonante.

Fora isso, creio que leitores habituados as mais distintas áreas de conhecimento vão poder extrair informações úteis e aprender bastante com esse livro.
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