Contra o método

Contra o método Paul Feyerabend




Resenhas - Contra o método


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Renato 14/12/2014

Relativismo ingênuo
Feyerabend acredita que todo conhecimento é questão de poder. O modelo científico seria somente uma questão de predominância de um ponto de vista. Exageradamente idealista, como se não houvesse nenhuma forma de acerto ou verdade. Não que a verdade seja uma só e o conhecimento seja completamente objetivo, desvinculado da ideologia dominante. Ele é. Mas tem que ter alguma correspondência com a verdade para se sustentar. Se fosse assim, não haveria vacinas, automóveis nem internet. Reducionista "do bem", acha que o modelo deve ser escolhido pelo voto. É coerente com o mundo atual de cotas e falsa democracia.
Wesley Soares 04/07/2017minha estante
Cara, não li o livro, mas como já li resenhas e comentários, a impressão que fiquei (intuitivamente) é justamente essa que vc descreveu. Embora ache que deva ler para tirar minhas próprias conclusões, confesso que fico com preguiça.


Profe.Ander 18/03/2019minha estante
Só é realismo ingenuo na concepção dos cientificistas




Juliana-- 29/04/2014

Recomendado para Físicos
Mostra que o método científico está deficiente, mostrando razões para isto. Lembra que não deveríamos ignorar teorias, ideias velhas por não estarem de acordo com as teorias novas, já que as mesmas também apresentam falhas. Descartar ideias porque não condizem com a teoria atual também não vale a pena. O autor está indo contra as amarramas impostas pelos métodos atuais onde existe uma regra que não considera nada fora dela.
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luiza m. 17/11/2009

Li esse livro por recomendação de minha orientadora de pesquisa, a maravilhosa Ana Taís Portanova Barros. Revolucionário, libertário, capaz de dar um nó na cabeça de pessoas muito mais dignas de nota do que eu, Feyerabend absorveu, e sem dúvida será um marco que terei sempre em mente durante o trabalho.
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Tauana Mariana 05/04/2013

Muito bom!
Bom, eu não li o livro inteiro, até porque, a edição que eu consegui tem mais de 500 páginas. Não que isso seja um empecilho, mas é que tenho muito mais coisa pra ler. Então, li até o sétimo capítulo. Mas vi que cada capítulo tem um resuminho (adoro autor que faz isso).

Introdução:
A ciência é um empreendimento essencialmente anárquico: o anarquismo: o anarquismo teorético é mais humanitário e mais suscetível de estimular o progresso do que suas alternativas representadas por ordem e lei.

Capítulo I
Isso é demonstrado seja pelo exame de episódios históricos, seja pela análise da relação entre ideia e ação. O único princípio que não inibe o progresso é: tudo vale.

Capítulo II
Cabe, por exemplo, recorrer a hipóteses que contradizem teorias confirmadas e/ou resultados experimentais bem estabelecidos. É possível fazer avançar a ciência, procedendo contra indutivamente.

Capítulo III
A condição de coerência, por força da qual se exige que as hipóteses novas se ajustem a teorias aceitas, é desarrazoada, pois preserva a teoria mais antiga e não a melhor. Hipóteses que contradizem teorias bem assentadas proporcionam-nos evidência impossível de obter por outra forma. A proliferação de teorias é benéfica para a ciência, ao passo que a uniformidade lhe debilita o poder crítico. A uniformidade, além disso, ameaça o livre desenvolvimento do indivíduo.

Capítulo IV
Qualquer ideia, embora antiga e absurda, é capaz de aperfeiçoar nosso conhecimento. A ciência absorve toda a história do pensamento e a utiliza para o aprimoramento de cada teoria. E não se respeita a interferência política. Ocorrerá que ela se faça necessária para vencer o chauvinismo da ciência que resiste em aceitar alternativas ao status quo.

Capítulo V
Nenhuma teoria está em concordância com todos os fatos de seu domínio, circunstâncias nem sempre imputável à teoria. Os fatos se prendem a ideologias mais antigas, e um conflito entre fatos e teorias pode ser evidência de progresso. Esse conflito corresponde, ainda, a um primeiro passo na tentativa de identificar princípios implícitos em noções observacionais comuns.

Capítulo VI
Como exemplo dessa tentativa, trago à baila o argumento da torre, de que os aristotélicos se valiam para refutar o movimento da Terra. O argumento envolve interpretações naturais - ideias tão estreitamente ligadas a observações, que se faz necessário especial esforço para perceber-lhes a existência e determinar-lhes o conteúdo. Galileu identifica as interpretações naturais que se mostram inconscientes com a doutrina de Copérnico e as substitui por outras.

Capítulo VII
As novas interpretações naturais constituem linguagem de observação original e altamente abstrata. são introduzidas e ocultadas, de sorte que não se percebe a modificação havida (método de anamnese). Encerram a ideia da relatividade de todo movimento e a lei da inércia circular.

Capítulo VIII
Dificuldades iniciais provocadas pela alteração vêem-se afastadas por hipóteses ad hoc que, assim, desempenham, ocasionalmente, uma função positiva; asseguram às novas teorias espaço para se desenvolverem e indicam o sentido da pesquisa futura.

Capítulo IX
Além de alterar as interpretações naturais, Galileu alterou também as sensações que parecem ameaçar Copérnico. Admite que tais sensações existam, louva Copérnico por não have-las considerado e afirma tê-las afastado com o auxílio do seu telescópio. Contudo, não oferece razões teóricas acerca do por que procederia esperar que o telescópio traçasse dos céus um quadro verdadeiro.

Capítulo X
Nem a experiência inicial com o telescópio oferece essas razões. As primeiras observações do céu feitas através de telescópio são vagas, imprecisas, contraditórias e põem-se em conflito com o que todos podem ver a olho desarmado. E a única teoria que teria levado a distinguir entre as ilusões provocadas pelo telescópio e os fenômenos reais foi refutada por testes simples.

Capítulo XI
De outra parte, há alguns fenômenos telescópicos tipicamente copernicanos. Galileu apresenta esses fenômenos como prova autônoma em prol de Copérnico, mas a situação é antes a de uma concepção refutada - a doutrina copernicana - tem certa semelhança com fenômenos que emergem de outra concepção refutada - a ideia de que se os fenômenos telescópicos retratam fielmente o céu. Galileu domina em razão de seu estilo e de suas mais aperfeiçoadas técnicas de persuasão, porque escreve em italiano e não em latim e porque recorre a pessoas hostis, por temperamento, às velhas ideias e aos padrões de aprendizagem a elas relacionados.

Capítulo XII
Esses métodos "irracionais" de fundamentação tornam-se necessários devido ao "desenvolvimento desigual" (Marx, Lenine) dos ramos da ciência. A teoria copernicana e outros elementos essenciais da ciência moderna puderam sobreviver tão-somente porque, no passado, a razão foi frequentemente posta de lado.

Capítulo XIII
O método de Galileu estende-se a outros campos. Pode ser usado, por exemplo, para eliminar os argumentos que se levantam contra o materialismo e para dar fim ao problema filosófico espírito/corpo. (Os correspondentes problemas científicos permanecem, entretanto, intocados).

Capítulo XIV
Os resultados até agora conseguidos trazem em seu bojo a sugestão de abolir a distinção entre contexto da descoberta e contexto da justificação e de pôr em parte a distinção correlata entre termos observacionais e termos teoréticos. Nenhuma dessas distinções tem papel a desempenhar na prática científica. Tentativas de dar-lhes força trariam consequências desastrosas.

Capítulo XV
Enfim, a exposição feita nos capítulos VI-XIII atesta que a versão do pluralismo de Mill, dada por Popper, não está em concordância com a prática científica e destruiria a ciência, tal como a conhecemos. Existindo a ciência, a razão não pode reinar universalmente, nem a sem-razão pode ver-se excluída. Esse traço da ciência pede uma epistemologia anárquica. A compreensão de que a ciência não é sacrossanta e de que o debate entre ciência e mito se encerrou sem vitória pra qualquer dos lados empresta maior força ao anarquismo.

Capítulo XVI
Também não escapa a essa conclusão a engenhosa negativa de Lakatos, feita no sentido de erigir metologia que (a) não emite ordens mas (b) coloca restrições a nossas atividades ampliadoras de conhecimento. De fato, a filosofia de Lakatos só se afigura liberal porque é um anarquismo disfarçado. E seus padrões, abstraídos a partir da ciência moderna, não podem ser vistos como árbitros imparciais na pendência entre a ciência moderna e a ciência aristotélica, o mito, a magia, a religião, etc.

Capítulo XVII
Além disso, tais padrões, que envolvem uma comparação entre classes de conteúdo, nem sempre são aplicáveis. As classes de conteúdo de certas teorias são insuscetíveis de comparação, no sentido de que nenhuma das relações lógicas habituais (inclusão, exclusão, superposição) vige entre elas. Ocorre isso quando comparamos os mitos à ciência. Ocorre, ainda, nas mais desenvolvidas, nas mais gerais e, portanto, mais mitológicas partes da própria ciência.

Capítulo XVIII
Dessa forma, a ciência se aproxima do mito, muito mais do que uma filosofia científica se inclinaria a admitir. A ciência é uma das muitas formas de pensamento desenvolvidas pelo homem e não necessariamente a melhor. Chama a atenção, é ruidosa e imprudente, mas só inerentemente superior aos olhos daqueles que já se hajam decidido favoravelmente a certa ideologia ou que já a tenha aceito, sem sequer examinar suas conveniências e limitações. Como a aceitação e a rejeição de ideologias devem caber ao indivíduo, segue-se que a separação entre o Estado e a Igreja há de ser complementada por uma separação entre o Estado e a ciência , a mais recente, mais agressiva e mais dogmática instituição religiosa. Tal separação será, talvez, a única forma de alcançarmos a humanidade de que somos capazes, mas que jamais concretizamos.
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garrido79 05/04/2022

Liberdade metodológica!
O título é "contra o método" mas Feyerabend é na verdade a favor da liberdade da metodologia...
Afirma que nenhuma metodologia é perfeita, todas contém falhas e a ciência não é uma verdade absoluta engessada, ela evoluiu não só dá aglutinação de conhecimento, mas também da (re)correção de seus erros, estes podem ocorrer, inclusive, pode ocorrer por conta de "ajustes" na metodologia para confirmar uma teoria...
Muito bom e libertário, que gosta da ciência deve lê-lo!
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