Ana Mc Bairros 19/04/2017
Eu li - A Cabana do Pai Tomás
Tudo começa com uma reunião entre dois homens na fazenda do senhor Shelby, em Kentucky (EUA). Um desses homens é o próprio senhor Shelby, que possui uma determinada quantidade de dinheiro e status, mas não o suficiente para pagar suas dívidas com o senhor Haley, um mercador de escravos e o outro homem da reunião. Os dois discutem a respeito da tal dívida, e Haley insiste que deverá ceder o seu melhor escravo e mais outro para sanar a dívida com ele. Shelby não gosta da ideia, pois Tomás é o melhor funcionário que alguém poderia ter, era dedicado, responsável, e muito inteligente. Porém, como está completamente falido, acaba aceitando a proposta, com a condição de não vender Pai Tomás antes de um ano para que ele possa recomprá-lo .
Haley também persuadiu o fazendeiro a ceder uma criança, o único filho da escrava Elisa. Esta entretanto fica muito preocupada e resolve fugir com o garoto para o Canadá, visto que alguns dias antes seu marido George Harris também havia fugido devido aos maus tratos que sofria.
O mercador de escravos fica furioso com a fuga, e mais do que depressa sai à procura deles. Os escravos entretanto conseguem fugir e se abrigar na casa de uma família de quakers. E depois de tanta procura desiste de encontrá-la.
Enquanto isso, Pai Tomás está a bordo de uma embarcação, visto que não tinha fugido. Essa era uma qualidade rara dos escravos, ele era resiliente e fiel aos seus "donos". Pois assim estava Pai Tomás, quando conheceu a doce menina Evangelina. A garotinha se encanta tanto com a atenção e carisma do velho escravo que pede insistentemente para que seu pai, o senhor Saint-Clare o compre.
O senhor Haley esquece do pedido do senhor Shelby e vende Tomás ao senhor Saint-Clare. Ele passa então a ser o chofer da família Saint-Clare e escravo particular de Evangeline, para brincar e entreter ela sempre que fosse solicitado.
Na nova fazenda Pai Tomás era bem tratado, assim como na fazenda de seu antigo dono, porém a saudade da família o deixava triste. Evangeline percebendo essa tristeza pede ao pai que liberte o escravo assim que possível, ainda mais depois de sentir que ela não teria muito tempo de vida, e uma de suas maiores alegrias era saber que o homem será livre.
Depois que Evangeline morre, o senhor Saint-Clare começa a organizar os papéis para dar a alforria de Tomás, mas o que não se esperava era que ele também acabasse morrendo. Tomás agora pertencia à cruel senhora Saint-Clare, que mais do que depressa vende todos os escravos para o mercado de escravos de Nova Orleans.
Tomás é comprado em um leilão pelo fazendeiro de algodão mais terrível e desumano que podia existir, e seus castigos e maldades deixam em dúvida quanto ao seu destino.
Segundo Abraham Lincoln (presidente dos EUA de 1861 a 1965) Harriet Stowe é "a jovem que provocou a guerra civil". Isso porque a emocionante história de Pai Tomás comoveu tanto o povo americano, as ideias libertárias foram aos poucos sendo despertadas nas pessoas e logo o país entrou em guerra civil, onde houve a reunificação dos Estados Unidos e libertação dos escravos.
Impossível não se emocionar com os dramas e sofrimentos vividos por Tomás, Elisa, George e o pequeno Harry, cada qual com seu modo de enfrentar os problemas e de buscar a tão sonhada liberdade. Enquanto Elisa e George confiam em suas habilidades e forças para fugir e lutar, Pai Tomás confia em sua fé inabalável em Deus, e acreditando que tudo tem um propósito estabelecido por Ele.
Me peguei várias vezes com lágrimas nos olhos enquanto lia, pois retrata uma história real de muitas pessoas que sofreram coisas até piores em suas vidas no período tão obscuro que foi a escravidão. A leitura veio para tocar bastante e fazer refletir para valores e comportamentos bastante presentes na nossa realidade, porque, infelizmente, ainda existe racismo.
Essa edição da Ediouro possui uma linguagem bem simples e fluída. Por ser uma obra clássica até pesquisei se não era adaptada e reduzida, mas a maioria das edições que encontrei possuem poucas páginas também. Então é de fato uma leitura bem prática, tendo em vista a época de publicação.
Recomendo muito a leitura para quem gosta de leituras polêmicas e tocantes, que fazem pensar tanto sobre o passado quanto o presente. Se tornou uma das minhas histórias favoritas do ano e da vida.
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