Glamorama

Glamorama Bret Easton Ellis




Resenhas - Glamorama


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Alessandro 14/10/2010

Não há humanidade em Bret Easton Ellis
Lustres Serge Muille suspensos sobre assoalhos de ladrilhos verdes e brancos e tapetes desenhados por Christine Van Der Hurd. Por toda a parte há paredes envidraçadas e gigantescos candelabros de citronela e torres de vidro cheias de CDs e lareiras de vidro branco e cadeiras Dialogica cobertas de colchas Giant Textiles e portas forradas de couro e sistemas de som e poltronas Ruhlman na frente de aparelhos de TV ligados a um sistema digital de satélite que capta mais de quinhentos canais no mundo todo, e estantes de livros decoradas com arranjos cobrem as paredes por toda a parte e há pilhas de telefones celulares em todas as mesas. E nos quartos há cortinas escuras desenhadas por Mary Bright e tapetes Maurice Velle Keep e espriguiçadeiras Hans Wegner e divãs de couro Spinneybeck e sofás cobertos com chenille Larson Ladeados por árvores frutíferas anãs e as paredes de todos os quartos são forradas de couro. As camas foram feitas na Escandinávia e os lençóis e toalhas são Calvin Klein.

Para resenhar Glamorama, de Bret Easton Ellis, já foi dito que o autor "destrói o mundinho da moda com a mesma elegância de uma top model". Ok, retratar o fake mundinho fashion, mergulhar no infindável universo de cinismo, falsidade e aparências que cercam os modelos nas principais capitais da moda. Ok, ainda, nos apresentar claramente o sistema de valores que envolve a todos que fazem parte deste mundo, com sua predileção fútil por marcas e grifes consagradas, seus relacionamentos superficiais e seus empregos com nomes descolados [o livro é dos anos 90, quando ainda era descolado ser um VJ]. Uma coisa é querer destruir este mundinho das celebridades e do estrelato, como Bret parece querer - não é o que faz a cada livro? Eleger um "universo" e destruí-lo? Assim foi com os yuppies em Psicopata Americano e com os universitários em Regras da Atração. Outra coisa, bem diferente, é sentir tamanho fascínio por este mundo, que achar que compilar nomes de estrelas cinematográficas, marcas de cremes para as rugas embaixo dos olhos, endereços chiques de Nova Iorque e pratos elaborados da alta gastronomia, pode resultar em um romance verdadeiro e interessante. Tudo soa tão distante, tão frio e vazio como o mundo que ele quer nos apresentar.

O grande problema deste romance de Bret Easton Ellis, é que ali não há qualquer humanidade. E não me refiro à falta de humanidade que, é tão certo, ele quer nos evidenciar existir em seus personagens. É na sua literatura que ela não existe. Na segunda página, conforme ele faz uma lista infindável de marcas de tudo o que é imaginável [e tudo o que nem imaginávamos ser passíveis de ter marcas consagradas, como lenços de papel e outras besteiras do tipo], já nos fica bastante claro a qual universo pertence estes habitantes de seu romance. Não é preciso que a cada vez que um deles peça um copo d'água seja acompanhado da descrição detalhada do sapato que o maître usa, da origem geográfica dos candelabros e, por fim, que seja descrito com preciosismo que a água - Evian, é bom que se diga, já que ele não cansa de dizer - chegou na temperatura ideal para fazer corar a maquiagem Eye Fitness, da Clinique, que o protagonista está usando. Tudo bem, em alguns momentos, com a dose exata de cinismo e controle de narrativa que, ele, é bom dizer, muitas vezes mantém, isto pode ser divertido pra caralho. No entanto, imagine este estratagema se repetindo, ad nauseam, por 434 páginas! Não resta espaço nem para a imaginação, uma vez que cada cenário, trejeito, personagem, menear de cabeça, elevar de sobrancelha é descrito com preciosismo, sobrando nada para a participação do leitor. Nada é sutil ou deixado para interpretação dúbia. Não há meio-dizer: é praticamente um roteiro cinematográfico - provavelmente o motivo pelo qual cineastas adoram adaptar Ellis.

No fim das contas, o que fica claro é que Bret perdeu a mão. Ao querer nos fazer execrar a futilidade que domina este mundinho fashion, ele se embrenhou em tamanho fascínio pelo mesmo, que o enaltece. Na sua overdose de nomenclaturas de grifes, seus personagens foram soterrados, assim como a vida que, bem ou mal, se deveria entrever ali.

Me resta agora tentar descobrir onde Roger Avery, que já adaptou Regras da Atração, achará algum fio condutor neste romance, uma vez que ele acabou de comprar os direitos de adaptação da obra.
Shadai.Vieira 22/01/2019minha estante
Perfeita resenha! com uma boa edição, cortando muitas dessas repetidas descrições e algumas cenas non-sense, eu teria gostado um pouco mais a ponto de dar 3 estrelas. Mas, preferi ser rígido e dar apenas 2 estrelas pois não é uma leitura que eu recomende para ninguém, por ser cansativa.




herbert.goncalves 13/06/2020

fabuloso
– segurança? você acha que vamos fazer uma festa para marginais?
– o mickey rourke e o johnny depp confirmaram presença…

grande livro que não poupa citações a celebridades, colocando um famoso por linha praticamente. e é bacana que o autor vai encaixando músicas ao longo da história. me deixou muito feliz esse ar de dualidade que vai acontecendo, pois não dá pra saber se certas coisas no livro são reais ou fruto da imaginação (perturbada?) do nosso personagem principal. uma leitura bem prazerosa e divertida. gostei bastante!!!

site: https://filmow.com/usuario/herbert_
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Zeka.Sixx 14/09/2020

Mind-fucking, mas divertido
"Glamorama", no geral, é considerado (ao lado de "Suítes Imperiais") o livro mais fraco de Ellis, e os motivos para que as pessoas venham a pensar isso são diversos. Para começar, o tamanho da "criança": um verdadeiro mastodonte, com 434 páginas em uma fonte minúscula e um formato de página maior que o habitual 14 x 21. E, para finalizar, uma trama extremamente complexa, beirando o absurdo, capaz de derreter os neurônios de qualquer leitos que teime em fazer todas as peças se encaixarem (dica: você NÃO conseguirá).

Isso quer dizer que o livro é ruim, então? Claro que não, estamos falando de Bret Easton Ellis, afinal de contas! Ambientado nos anos 90 (o romance não chega a especificar, mas pelas "dicas" pode-se concluir que a trama se passa em 1996), o livro acompanha o protagonista Victor, um modelo de sucesso, a caminho do estrelato. O primeiro terço do livro é o melhor, é onde encontramos Ellis em plena forma, fazendo aquilo que sabe melhor: personagens fúteis, vivendo sua futilidade. Claro que satirizar o mundo da moda e mostrar como ele é fútil é quase como bater em bêbado, mas ainda assim o autor nos arranca boas risadas com a absurda imbecilidade de seu protagonista e de todos aqueles que o cercam, os quais, é claro, são farinha do mesmo saco.

Esse primeiro terço do livro é ainda um delicioso mergulho nos excessos dos anos 90, carregado, mas carregado MESMO, de referências à cultura pop e a celebridades da época. Uma pena que há alguns anacronismos que podem irritar um nerd perfeccionista como eu. Por exemplo, em determinada passagem Victor comenta lembra de uma festa em que estava com River Phoenix e alguém comenta que foi ao chá de bebê de Madonna, sendo que Phoenix morreu em 93 e a filha de Madonna nasceu em 95.

Nos outros dois terços do livro, a história ganha contornos absurdos, envolvendo uma organização terrorista internacional cujos membros são supermodelos, teorias conspiratórias, coisas do tipo "um filme dentro do filme" e os mais diversos tipos de mind-fucking possíveis e imagináveis. Temos de louvar o autor por ter fugido de sua zona de conforto, mas essa parte do livro, embora tenha momentos interessantes, não funcionou tão bem para mim. Tanto que terminei o livro pensando: "aahn, não sei se entendi... se é que era para ter entendido algo".

Enfim, um livro desafiador, de quebrar a cabeça, sarcástico, ácido, pornográfico, violento. Eu diria que em muitos aspectos se assemelha a "Psicopata Americano", mas com um resultado não tão certeiro. Ainda assim, vale - e muito - a leitura.
Luiz Miranda 14/09/2020minha estante
Um pesadelo em loop infinito. Livro arriscado, razoavelmente bem sucedido.


Zeka.Sixx 15/09/2020minha estante
Bem isso. Há ótimas ideias ali, e outras nem tão boas assim. Faltou talvez um pouco de filtro para deixar o livro mais coeso (e conciso). Mas, mesmo com tudo isso, é um baita livro, diferente de quase tudo que se vê por aí.




Sue 05/09/2015

Glamour
Bom livro...empolgante, que nos remete ao glamour de passarelas e de novos ricos e modelos de NY.
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Shadai.Vieira 22/01/2019

quase dei 3 estrelas, mas...
Assim como em sua obra mais famosa, o clássico moderno "Psicopata Americano", Bret expõe nesse trabalho marcas chiques que as personagens usam, como crítica à sociedade de consumo e à vaidade.

A primeira metade aborda os bastidores das vidas das pseudo-celebridades - ainda que escrito nos anos 90, antes do boom dos reality shows, se mostra muito atual.
Mas, na segunda parte, há uma reviravolta, e a história explora o tema "o que é real e o que é ficção?", contada propositadamente de forma muito estranha, com a presença de terroristas e agentes duplos, para o leitor sentir a confusão vivenciada pelo protagonista narrador.

Apesar de bem escrito, no geral, não gostei desse livro. A frieza intencional da escrita fez com que eu não criasse vínculo com nenhuma (das excessivas) personagens. E, foi uma experiência longa, cansativa e muitas vezes incompreensível.

Não recomendável para homofóbicos e/ou quem não gosta de cenas pesadas. Há muitas drogas, detalhes viscerais de corpos mutilados, e um capítulo com quase 10 páginas de sexo a três extremamente explícito, tendo em sua maior parte os 2 caras sem participação da moça.
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Luiz Pereira Júnior 23/05/2020

Fama, dinheiro e pouco mais
Imagine-se fazendo uma lista com os nomes de centenas de personagens reais que hoje representam algo de fama e dinheiro: atores, escritores, atletas, bilionários, apresentadores, cantores, empresários - personalidades da mídia e de Midas, enfim, uma mixórdia completa beirando o absurdo.
Agora imagine-se fazendo um livro e, a cada parágrafo, sorteie cinco ou oito desses personagens reais e inclua-os, de alguma forma. Pronto: você acaba de desvendar a técnica de Bret Easton Ellis.
A partir de certo momento, a trama muda e os delírios do protagonista assumem a narração em primeira pessoa. Atentados, a presença do duplo, pessoas que parecem imagens de caleidoscópio, ou seja, um jorro de narrativas incompreensíveis (melhor seria dizer compreensíveis de acordo com o leitor).
Tudo isso nos leva a uma boa diversão, mas que, no fim das contas, soa bastante datado. As personalidades já não são mais tão famosas hoje em dia e a fórmula soa desgastada, vazia. Ou seja, exatamente como a fama pela fama, ou o dinheiro pelo dinheiro...
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Cris 06/12/2016

Stephen King e Clive Barker que me desculpem, mas para elaborar uma obra de gore absoluto com profunda ambientação gótica não são necessários a criação de mundos fantásticos detalhadíssimos e mutantes sobrenaturais a cada página.
“Glamorama”, híbrido de crítica corrosiva ao universo do show business com thriller de espionagem ultrabrutal, de Bret Easton Ellis, autor de outros livros repugnantemente politicamente incorretos como “Abaixo de Zero” e “Psicopata Americano”, oferece ao leitor uma montanha russa incessante de putaria e grand guignol radical em todas as formas imagináveis ambientada no mais improvável cenário para esse tipo de história: as passarelas fashion por onde desfilam os super top-models.
Além da originalidade ousada de sua, hermética, trama Ellis ainda narra sua história por meio de um virtuosismo de tirar o fôlego: fluxos de consciência, múltiplos tipos de narradores (protagonista, onisciente, câmera), trechos que são verdadeiras páginas de roteiros cinematográficos e mais uma porrada de técnicas literárias que tornam “Glamorama” um “Ulysses” pop- escatológico.
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