Bruno Oliveira 22/01/2022
UM LIVRO CRÍTICO DE UMA MANAUS NÃO TÃO FICTÍCIA ASSIM
A caligrafia de Deus, de Márcio Souza reúne cinco contos onde Manaus é o cenário deles todos e, de certa forma, é uma das personagens também. Lá, vemos uma capital que todo morador vê, mas quem é de fora, talvez, não. Em todos os contos percebemos a degradação de uma gente, local ou de passagem, numa terra dita promissora e que fora uma das mais lindas do país; tudo e todos ali estão se decompondo, se consumindo, se perdendo de vez. O livro é de quase duas décadas atrás, mas traz uma verdade, uma vivência, tanto visual quanto vocabular, que mais parece casos reais de hoje em dia: Márcio Souza é atemporal. Uns contos mais parecem ensaios para histórias maiores; o autor põe, em alguns casos, informações acessórias desnecessárias, que acabam inchando um ou outro conto, mas, sem dúvidas, o livrinho é uma ótima experiência de contato com a cultura manauara. Um livro crítico de uma Manaus não tão fictícia assim.