fernandaugusta 13/01/2024A Ponte de Haven - @sabe.aquele.livroO pastor Ezekiel Freeman, em sua ronda matinal de orações, tem um impulso de ir até a Ponte de Haven. Embaixo da ponte, encontra uma recém-nascida, quase morta de frio. Apesar dos problemas de saúde de sua esposa, Marianne, eles ficam com a menina, chamando-a de Abra, e criando-a por cinco anos junto de seu filho mais velho, Joshua.
Porém, cinco anos depois, com o falecimento de Marianne, o pastor Zeke se vê de luto e extremamente ocupado em sua congregação, e os desígnios de Deus o levam a dar Abra a outra família, onde seria melhor cuidada. Mesmo tendo o amor de Peter e Priscilla, seus novos pais, e tendo Penny, a filha do casal como uma irmã, Abra sempre se sentiu deslocada e extremamente triste com o pastor Zeke, sentindo-se abandonada por todos, especialmente por Deus. A única amizade verdadeira que mantém é Joshua, mas ele vai para a Guerra da Coreia, deixando-a mais solitária ainda.
Aos 16 anos, Abra é um poço de maus sentimentos e se envolve com um bad boy. Dylan é bonito apenas na aparência, e a leva para Los Angeles para uma vida de abusos e sofrimento. Quando ele decide que se cansou dela, Abra acaba sendo apadrinhada por Franklin Moss, um agente de Hollywood que decide transformá-la em uma grande estrela. Mas isso significa renunciar a tudo, e adotar uma nova vida com a persona de Lena Scott. Apesar do glamour, Abra logo vê que não consegue mais pagar o preço de ser Lena. Mas não vê como voltar a ser Abra, sem se considerar mais digna de perdão nem de Deus e nem das pessoas a quem abandonou.
Francine Rivers traz mais uma história de erros, perdas e muitos enganos até a derradeira escolha: o encontro com o perdão. Em uma história ambientada em uma cidadezinha do interior, e depois na Hollywood dos anos 1950, o enredo lembra um tanto sua obra prima, "Amor de Redenção". Uma jovem perdida, desorientada, desesperançada, longe de Deus, apesar da fé de todos ao seu redor.
Ao decidir tomar as rédeas de seu destino, Abra comete uma sucessão de erros e se coloca nas mãos de homens que não querem o seu bem. Em sua ânsia por ser alguém além da menina abandonada, Abra se entrega a uma nova identidade, que de início, a satisfaz, mas logo também as cobranças e o fato de ter que representar o papel de Lena Scott o tempo todo e atuar (o que detesta), junto com a culpa e com a vontade de resgatar Abra de dentro de si, lhe causam uma profunda depressão.
E assim a autora, tecendo uma trama em estilo novelão, com personagens cativantes, momentos de passar raiva e muitas oportunidades perdidas, mostra, de maneira suave, que sempre temos chance de voltar aos braços de quem nos ama verdadeiramente, e às graças do Senhor. Francine escreve de maneira fluida, sem doutrinação, mas sempre promovendo belas reflexões, apesar da história mais tradicional, sem muitos sobressaltos.
Aprendi a apreciar romance cristão através da obra da autora, e pretendo conhecer seus outros livros em breve!