luamagnetica 03/06/2023Como explicar que um livro que pra mim foi mediano me fez chorar do início ao fim? Para contextualizar melhor, eu sou chorona sim mas seletivamente... E, mesmo achando o livro fraco muitas vezes, as vezes ele era certeiro em me atingir.
No geral, também foi uma leitura loooonguissima, durou muito mais do que eu esperava pela quantidade de páginas e não me prendeu o suficiente para me instigar a ler um pouco todo dia.
Tenho uma relação dilemática com a protagonista que é bem aquela adolescente em sua fase mais insuportável, sendo super dramático, se achando o centro do universo e extremamente 'edgy'. Claro que a vida dela é difícil e dolorosa, não tenho dúvidas disso. E também já passei por essa fase para lembrar que nos sentimos um pouco assim, sim.
Mas justamente por já ter vivido isso e observado pessoas ao meu redor vivendo isso, sei que não é exatamente dessa maneira descrita. O autor passa uma imagem extremamente caricata dessa fase, o que não só é irrealista e injusto como nos causa raiva e aversão pela personagem. O livro todo acaba deixando essa impressão de querer ser muito rebelde, muito jovem, muito cool.. e não é tudo isso. Não chega nem perto.
E acredito que de tantos insights na mente da protagonista o livro pode ser dividido entre o mundo externo e interno dela... O mundo externo é no geral muito bom, cheio de ação, caos e aventuras (mesmo que numa escrita defasada que deixa tudo bem irrealista). Agora, o mundo interno da protagonista foi bem indigesto para ler por ser bem - chato - mesmo. Algumas poucas vezes esses insights me pegavam de jeito, dai as lágrimas, mas em sua maioria eram bem... rasos e toscos e queriam ser revolucionários mas nem chegavam perto disso.
Por fim, acredito que o tempo-espaço que lemos um livro é um fator chave para nossa experiência com ele. A perspectiva única e em constante mudança que temos é a base da nossa leitura. Hoje esse livro como um todo não mudou meu mundo. Mas, deixo aqui a única parte que me revolucionou de verdade, pois colidiu com o momento que eu vivia. (e te amo walt)
"Então fico flutuando em silêncio, observando os toques finais desse luar perfeito, e, em um momento de revelação divina, percebo que desvios não são desprovidos de propósito. São uma passagem segura para um destino, evitando armadilhas pelo caminho. (...) Flutuar no lago com Walt com certeza é um desvio. E talvez eu nunca saiba de que armadilhas escapei, mas posso dizer sem pestanejar: uma alma sincera é quase impossível de encontrar, e, se Walt é meu desvio, eu aceito de bom grado."