Blog MDL 07/02/2016
Neste livro, temos uma moça, chamada Leila, ela está viajando para o norte, com o objetivo de ver a aurora boreal e acaba por encontrar algumas pessoas em seu caminho. O livros então divide-se em 5 partes, narrando a vida de cada uma dessas pessoas, inclusive da própria Leila. O narrador observador vai então nos falar sobre o ponto de vista de cada um dos personagens ao se encontrarem com essa misteriosa garota e encerra com o ponto de vista da própria Leila, onde descobrimos a motivação da viagem.
O primeiro personagem é o Hudson. Ele mora numa pequena cidade e trabalha auxiliando o pai na oficina mecânica da família. Ele está a algumas horas de uma importante entrevista com o reitor da faculdade de medicina onde, se bem sucedido, conseguirá uma bolsa integral, mudando assim sua sorte. Estava tudo certo, até a enigmática Leila chegar em sua oficina para a revisão de seu carro. Encantado com a moça, eles passam esse dia juntos, descobrindo assim uma avassaladora paixão. E sim, estou revirando meus olhos enquanto escrevo isso.
Se fosse para descrever os capítulos do Hudson em uma palavra, seria “desnecessários”. Essa ideia do romance entre eles é mito mal vendida, em certos aspectos, ele me lembra o Rob, de “Alta Fidelidade’, com a diferença dele ser um sonhador de 17 anos, enquanto o protagonista do livro do Nick Hornby é um babaca de 35. Enquanto nos outros pontos de vista conseguimos compor uma ideia mental mais completa da Leila, aqui, fora uma descrição extremamente romantizada de suas características físicas e um pouco de sua personalidade, só temos, a caráter introdutório, o objetivo da garota.
Partimos então para Bree. Ela é uma andarilha que viaja através de caronas pelo país. Sem qualquer rota ou rumo certo, ela apenas ama a sensação de estar na estrada. Encontra Leila enquanto pede carona. A partir de então, a dupla passa por diversas conversas e situações que vão de encontro a lei e acabam de um modo nada legal. Porém a Bree não é apenas essa moça selvagem e livre, que tanto deseja passar, revelando um passado problemático.
A Bree é uma personagem bem interessante e cria uma dinâmica bem legal com a Leila... Mas tinham mesmo que dar um backstage “triste” pra ela? O grande problema, a meu ver, é que o autor tenta justificar os atos da personagem que ele inicialmente me apresentou como livre. Sem contar que a motivação, que deveria ser triste e tocar o leitor, acaba tornando a personagem muito mais egoísta e mimada, que outra coisa.
Com o terceiro personagem, o Elliot, a história é muito bem bolada! Elliot é o rapaz tímido que está na formatura do ensino médio e tem uma paixão pela sua melhor amiga. Ele então roteiriza sua declaração, fazendo-a para a garota durante o baile, já contente com o resultado... Até que a moça o rejeita. Com a desilusão batendo em seu peito, Elliot afoga suas mágoas numa garrafa de bebida e sua inconsequência acaba por quase ser atropelado por nossa personagem misteriosa, que está disposta a mudar o roteiro do filme desse pobre rapaz.
De longe, minha parte favorita no livro inteiro. Com uma dosagem certeira de drama e comédia, Elliot e Leila tem uma dinâmica fantástica e seus capítulos tornam-se quase uma paródia a filmes adolescentes dos anos 90. Toda a “aventura” em busca da “donzela que o rejeitou” é tão divertida e os acontecimentos tão aleatórios que você acaba torcendo pelo rapaz e querendo saber logo o desfecho dessa história.
Partimos então para a última personagem, a Sonia. Sonia é uma jovem que perdeu seu primeiro grande amor e namorada devido a um ataque do coração. Apesar disso, a família do rapaz a tem em grande estima e continuam em bastante contato, sendo Sonia convidada para ser madrinha de casamento de sua antiga cunhada. Só que o mundo de Sonia está para mudar, pois ela conhece o irmão do noivo e eles começam um caso. O rapaz quer tornar tudo público, mas ela não quer, pois tem medo de que a família de seu antigo namorado a julgue por ter superado tão rápido, sendo que ela mesma se culpa por isso.
Numa discussão com o rapaz por causa disso na véspera do casamento, que será no Canadá, Sonia foge do hotel, vestida com o paletó dele, e encontra Leila, que dá uma carona para a moça de volta aos Estados Unidos. Após se acalmar, conversar um pouco com a estranha e resolver atender as diversas chamadas de seu affair, ela descobre que as alianças do casamento se encontram no bolso do paletó, e pior, ela esquece sua bolsa com passaporte e documentos em um banheiro, que acaba por não encontrar mais. Cabe agora a ela e Leila descobrirem uma forma de adentrar novamente no Canadá a tempo de não arruinarem o casamento, enquanto Sonia lida com sua crise, suportada por Leila.
O plot mais bem bolado do livro, com uma dose bem bacana de aventuras. As questões internas de Sonia podem soar totalmente bobas ao se pensar nelas, mas a autora consegue lidar bem com isso, e nivelar a dose de drama pessoal e aventura.
E então, finalmente descobrimos a história da Leila, na última parte, que pertence a ela. Ela chega no camping para ver a aurora e os acontecimentos após isso. A história dela foi bem coesa e explica bastante sobre o por quê dela ser tão misteriosa. Mas o final foi bastante anticlimático...
Em suma, "Perdidos Por Aí" é um livro que começa fraco, mas vai crescendo conforme as páginas passam. É um romance simples e bem leve, ideal para aqueles momentos de distração. O modo como o plot é desenvolvido é bastante curioso, pois nos apresenta um personagem sob quatro óticas diferentes, nos fazendo montar o quebra-cabeças chamado Leila.
site: http://www.mundodoslivros.com/2015/12/resenha-perdidos-por-ai-por-ald-alsaid.html