Resenhas - Terno de Reis

Penalux 20/12/2017

Com a habilidade de se adaptar a linguagem do ambiente narrado, Daniel Brazil começa o seu romance com a voz do regionalismo, para descrever as primeiras experiências do protagonista José Abade, e sua infância vivenciada na fazenda de Resedá, em Amparo, interior de SP.
Nesta primeira etapa do livro, o ambiente rural é descrito nas suas particularidades, com rodas de dança, cantigas e cachaça. Neste cenário as personagens Estela e Salete são apresentadas, sendo que estas figuras mais à frente do romance, servirão como ganchos para o desenvolver da narrativa.
Após os relatos introdutórios em primeira pessoa, na voz der João Abade, o mesmo fala da ruptura com o seu antigo modo de vida, ao decidir-se mudar para a grande cidade de São Paulo. A linguagem da obra, muda e se adapta ao contexto urbano da época de 60 e 70, no contexto de uma geração atropelada pela repressão do momento ditatorial.
O romance se passará em meio a agitação acontecida nos anos negros da Ditadura com o reaparecimento da personagem Salete, amiga de infância do protagonista, a qual despertará a consciência política de João Abade, antes adormecida no contexto das agitações diárias.
Esta reviravolta da narrativa, antes íntima, colada no contexto das descrições diárias do protagonista transforma-se na agitação de um romance realista, que dramatiza-se conforme o personagem, antes pacato, acorda para a situação caótica do seu próprio país..