Driely Meira 30/09/2015
A Central de Histórias é um resquício do que restou de um passado de reinvenção do futuro. – página 11
Escondida numa livraria, está a Central de Histórias. Uma máquina incrivelmente esperta que faz muito dinheiro para Klauss e Lila, seus donos. Ela deveria ter sido destruída, junto com tantas outras máquinas que mudavam o curso da vida das pessoas, mas ainda funciona, e ainda cria muitas histórias. Seu objetivo é modificar histórias, e por mais que isso pareça perigoso, muitas pessoas a procuram... Procuram Klauss e Lila, na verdade, mas procuram.
Antes, existiam centenas de máquinas como a Central. Elas recebiam milhares de pedidos todos os dias, mudavam as histórias e as vidas das pessoas até o momento em que todo mundo queria mais, mais do que o possível, e mais do que as Centrais podiam aguentar. Foi aí que as coisas saíram do controle, e os governos decidiram destruí-las. Com exceção da máquina de Lila e Klauss, que ainda funciona, ilegalmente.
A história é narrada em terceira pessoa, e ao longo do livro, o autor explica detalhadamente como funciona a Central de Histórias, e como cada personagem lida com ela. Lila importa-se em ajudar as pessoas, e, mesmo não sabendo o que as mesmas pedem à máquina, acredita que estejam mais felizes assim. Klauss já é mais frio, ele parece se importar mais com o dinheiro do que como bem-estar dos seus clientes. E Saulo, empregado da livraria e um personagem que torna-se muito importante para a narrativa, quer sua vida de volta, após ela ser modificada por uma Central.
Contudo, cada nova história alterada implicava muitas mudanças. – página 108
A escrita do autor é um tanto poética, então preparem-se para muitos pensamentos, muitas palavras bonitas nas descrições das coisas, e um aprofundamento incrível no psicológico e na mente dos personagens. Mas, por mais que tenha gostado da narração, infelizmente, ao explorar o mental dos protagonistas, o autor deixou de lado o físico, e eu me senti um pouco perdida por conta disso. O início do livro também me pareceu um pouco confuso, mas somente as primeiras páginas foram assim, pois Claudinei faz questão de explicar ao leitor o que são as Centrais de Histórias e como funcionam.
Um personagem que chamou minha atenção foi o Doutor P., que tem grande importância para o desfecho da história, que me surpreendeu. Confesso que esperava algo mais BUM, mas ainda assim, o autor conseguiu me surpreender, e virei a última página me sentindo satisfeita com o que encontrei. Saulo é outro personagem que conquistou minha afeição, mas não vou falar muito dele para não contar nada que não devo...haha’
E eu poderia continuar acreditando que o que estava fazendo era algo bom, realmente. – página 137
Central de histórias não seguiu a risca que eu pensei que seguiria, e quando percebi isso, confesso que me senti um pouquinho decepcionada, pois Saulo é quem ganha o maior destaque, e eu achava que esses seriam Klauss e Lila. Senti que eles poderiam ter sido melhor explorados, porém, repito que o autor fez um ótimo trabalho.
Esse é um livro diferente de tudo o que eu já li, e eu adorei conhecer a escrita do Claudinei (espero que venham mais histórias como essa por aí). É claro que Central de histórias não é um livro perfeito, não vai agradar a todos os públicos e etc., mas que livro é?
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