Hereges

Hereges Leonardo Padura




Resenhas - Hereges


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Thiago Barbosa Santos 23/01/2019

Já leu algum autor cubano?
Há uns três anos, encontrei em uma livraria do Aeroporto de Aracaju o livro de um autor chamado Leonardo Padura. Logo fui pesquisar de quem se tratava e vi que era um jornalista e escritor cubano que vinha fazendo muito sucesso em vários países. Logo coloquei as duas principais obras dele na fila de leitura. Pouco tempo depois, assisti a uma entrevista dele no Roda Viva da TV Cultura e fiquei ainda mais curioso para lê-lo.

Li recentemente ‘Hereges’ e já virei um grande fã de Padura. Ele tem a veia do romance policial, já publicou muitos livros do gênero, mas ‘Hereges’ é bem mais que isso. O escritor mistura, com maestria, história e noir. Ele fez uma pesquisa muito detalhada sobre a perseguição aos judeus e juntou ficção com fatos históricos importantes, como a chegada, em Havana, do Navio S.S Saint Louis, em 1939, com 900 judeus refugiados da Alemanha.

Na primeira parte do livro, conhecemos a história de Daniel Kaminsky, judeu polonês que chegou recentemente à ilha com o tio, fugidos da perseguição nazista. Eles aguardavam o navio com a chegada do restante da família. Porém, a embarcação chegou e ficou vários dias à espera de autorização para o desembarque, o que acabou não acontecendo. O navio foi para os Estados Unidos, Canadá e também foi negado, até voltar para a Europa, onde os refugiados se dividiram em alguns países. Os Kaminsky foram para a Holanda. Algum tempo depois acabaram sendo mortos. Daniel nunca mais viu os pais e a irmã.

O garoto ficou vivendo com o tio. Primeiro ele, depois o próprio parente, aos poucos, foram deixando os costumes de seu povo, vivendo mais alinhados com os costumes cubanos, como hereges. Daniel Kaminsky cresce, se casa, constrói sua vida, sempre próximo e conectado ao tio. Um dia, meio que por acaso, vai parar em uma casa onde encontra na parede um quadro do pintor holandês Rembrandt. Ele fica impressionado, pois aquele quadro tem conexão direta com a história dele. A obra pertencia a sua família por várias gerações. Era uma espécie de patrimônio, que numa necessidade, seria negociado por uma grande quantia. O quadro estava com os pais no navio. Daniel acreditava que teria voltado com seus familiares na Europa. Mas afinal, o que estava fazendo em Cuba? Como foi retirado dos pais naqueles fatídico dia em que esperavam desembarcar no país e foram renegados. O rapaz foi atrás da verdade e resolveu tomar uma atitude drástica que mudou para sempre a vida dele e a do tio. Daniel resolveu matar o cara que estava com o quadro, meio que por vingança e vontade de recuperar o que pertencia a família dele. Porém antes de fazê-lo, o homem acabou sendo assassinado por uma outra pessoa. Mesmo assim, com medo, resolveu fugir para os EUA com a esposa.

O tio de Daniel não quis ir, ficou em Cuba, pois havia se casado com uma mulata e adotara o filho dela. Por amor ao sobrinho, com o intuito de protegê-lo, o tio mesmo que havia assassinado o homem e recuperado o quadro, aquela peça que havia trazido várias desgraças para a família. Por isso, em segredo, a destruiu.

Na segunda parte do livro, voltamos no tempo, vamos para a Holanda, acompanhar como, de uma forma até inusitada, o valioso quadro foi parar nas mãos da família Kaminsky.

Na outra parte do livro, vamos para 2007, o filho de Daniel Kaminsky, o Elias, volta para Cuba atrás da história do quadro. Para ajudá-lo na empreitada, contrata um policial aposentado, o Mario Conde (personagem recorrente na obra de Padura). Ele descobre que o quadro destruído pelo tio-avô era falso. O verdadeiro, depois da morte dos pais, estava sendo leiloado em Londres. Quais os caminhos que levaram o quadro de Cuba para a Europa? Quem estaria envolvido nesse esquema?

Neste meio tempo, Mario Conde se envolve em uma outra história, para tentar desvendar o desaparecimento de uma jovem emo. A solução deste caso o leva, indiretamente, a descobrir os contrabandistas do quadro. As histórias, na verdade, se conectam, ainda que de forma acidental. Elias luta judicialmente para recuperar o quadro, mas não quer o dinheiro que pode ser adquirido com a venda dele. Prefere doá-lo a um museu e, de alguma forma, reparar todo o sofrimento que a obra trouxe para sua família.

Hereges ganhou o X Prêmio Internacional de Romance Histórico Ciudad de Zaragoza e foi finalista dos prêmios Médicis e Fémina. Leonardo Padura ganhou recentemente o Prêmio Princesa das Astúrias, pelo conjunto de sua obra.
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Mussi 21/01/2019

Espera mais deste livro
Gostei do livro, mas fiquei com a impressão de algo em excesso na obra que tira aquilo que mais gosto nas outras obras de Padura : a leveza ao descrever personagens e enredo.
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Adriano Barreto 07/10/2017

Melhor leitura do ano
Conhecia o autor por "O homem que amava os cachorros", e já havia criado uma certa expectativa positiva com relação a esse. O que, às vezes, é ruim por que, se o livro for mediano, ficamos frustrados. O que não aconteceu, muito pelo contrário, elevou ainda mais o conceito que havia formado do autor. Um livro que, além de explorar a questão da liberdade sob diversos pontos de vista nas três histórias que o entrelaçam, tem a capacidade de transportar o leitor, sob o olhar do romântico Mario conde, a Havana do século XX ou a Amsterdã do século do XVII.
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