Telma 20/11/2015Expectativas superadas!
K. S. Broetto, autora de Fassade é também resenhista desse blog.
Gostaria de deixar claro que nosso contato começou com a autora divulgando seu trabalho para o blog e, justamente por ter-me encantando tanto com a Karol e sua simpatia, aliada a sua escrita primorosíssima, veio o convite para que ela integrasse o rol de resenhistas do blog. Quem me conhece sabe que primo pela "qualidade", logo, chamar a autora para fazer parte do nosso canto eclético foi uma atitude voraz de alguém que não consegue ver qualidade sem remexer-se, mexer-se e quem sabe, aliar!
Em breve vocês verão resenhas dela por aqui.
Numa conversa pelo Face (iniciada por mim - toda dada), Karol me disse que o título do livro (que já intrigava a princípio, era alemão, que traduzido quer dizer "fachada". Ela também me disse que baseou o título na banda alemã Lacrimosa que corri para ver do que se tratava.
De tudo o que reuni concluí que K. S. Broeto é indecifrável! A banda gótica, somada a escrita impecável e sua fusão com personagens fantásticos fundiu meu cérebro analítico e quando isso acontece, deixo meu lado louco (médico e monstro) lidar com a situação.
Resultado: amei o livro!!!!! Não esperava tanto. Esperava algo doce e recebi o agri-doce!
A sra. Broeto é uma geniazinha do mal que tem dentro de si uma candura angelical ... indecifrável!
A história em si:
A História se passa na época vitoriana (amo apaixonadamente)... mais precisamente em 15 de Dezembro de 1875, com uma cena tão bem detalhada que já ganhou minha total atenção:
O jovem observava o corpo afundando lentamente nas águas negras. O homem desaparecia na escuridão com seus olhos castanhos ainda abertos, vidrados. Os lábios roxos estavam entreabertos fazendo com que a água do mar entrasse por eles, onde pequeninas bolhas saíam do orifício, criando a ilusão de que ainda havia ar em seus pulmões.
Não era possível ver o sangue que abandonava sua nuca, pois a massa líquida que o envolvia era tão preta que mal se podia enxergar o corpo que submergia, mas, ainda assim, ele via o sangue, como se aquela cor borrasse sua visão incessantemente.
Virou-se, deixando para trás a imagem do falecido. No caminho de volta à taverna passou ao lado do obelisco de pedra em memória à guerra da Crimeia e viu, de relance, as inscrições cravadas em sua face frontal.
Erigido em memória dos bravos.
Pensou em todas aquelas pessoas mortas e esquecidas, e que, um dia, assim como eles, ele estaria morto e esquecido, no entanto não haveria monumento em sua homenagem, pois ele apenas desapareceria, assim como o homem que agora jazia no fundo do mar."
Já fiquei intrigada aqui!
quem observava o morto?
Quem era o morto?
Por que havia morrido?
O capítulo seguinte nos apresenta Johan Wells que quer sair de Portsmouth bara Brighton e, portanto, deveria conversar com o capitão Siegfried, também conhecido como "o Pirata", uma vez que soube ser a única embarcação indo para essa direção na manhã seguinte.
Ele descobre que o Pirata está num bar chamado O Arlequim e, enquanto eu caminhava ao lado dele (a autora nos deixa ter essa sensação), descobri que o bar/bordel, estava povoado por humanos, fadas e duendes. Como assim??????
Johan reconhecia que poderiam existir outras raças no local, além de fadas e anões, mas ele não saberia reconhecer todas e, se tentasse, poderia chamar muita atenção para si, ação essa que preferia evitar.
Minha curiosidade aguçou-se ainda mais e me deixei envolver nesse turbilhão que é Fassade.
O baile de máscaras (ah! as máscaras) e fantasia revela muita coisa, inclusive que isso está longe de ser um mero conto de fadas! É uma leitura bem adulta. Há sexo e violência, bem contextualizados e mixados dentre os muitos outros personagens bem traçados no decorrer do livro.
O ritmo de leitura é gostoso e percebe-se a pesquisa que K. S. Broetto fez para compor o cenário (em sua totalidade).
O clima de incomum, somado a romance, muita aventura e suspense me encantaram de vez!
Vale super a pena!!!!!
site:
http://surtosliterarios.blogspot.com.br/2015/11/resenha-fassade.html