A morte e os seis mosqueteiros

A morte e os seis mosqueteiros Anatole Jelihovschi




Resenhas - A morte e os seis mosqueteiros


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Ana 09/08/2015

A MORTE E OS SEIS MOSQUETEIROS
É a história de seis garotos muito amigos e moradores de uma comunidade violenta.
Quando crianças, tudo era uma grande brincadeira. Os meninos gostavam de se imaginar nos mundos de capa e espada, ou ma peça 'O fantasma da ópera', mas na verdade moravam em uma favela violenta, com bandido e policiais trocando tiros e matando gente. Ainda quando a infância se quer os havia deixado, a violenta e o trafico na comunidade em que viviam, de uma forma ou de outra, acabariam por envolve-los em uma teia de morte, assassinando seus sentimentos, valores e, principalmente, sua amizade.
Dois mosqueteiros se envolvem com o tráfico de drogas e querem aliciar o narrador para acompanhá-los mas, ele tem planos de trabalhar e estudar, ele recusa, acarretando a inimizade dos dois.
Ele descobre que as mortes dos companheiros não são fortuitas, existe um plano de extermínio que inclui o pastor da igreja, ele próprio e da namorada. E ele tem pouco tempo para descobrir o que se trata e salvar a sua vida, assim como a dela.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 09/03/2024

Anatole Jelihovschi - A morte e os seis mosqueteiros
Editora Jaguatirica - 152 Páginas - Segunda edição - Diagramação e capa: 54 design - Lançamento: 2017.

Os efeitos da desigualdade social em nosso país são evidenciados pela divisão entre a cidade formal e as favelas no Rio de Janeiro, uma realidade que não pode ser ignorada. Após décadas de políticas públicas inadequadas, as comunidades carentes continuam a ocupar territórios cada vez mais densamente povoados e sem condições mínimas de infraestrutura, além da insegurança provocada pelos altos índices de criminalidade. O romance de Anatole Jelihovischi é ambientado neste cenário caótico, no qual a população local, esquecida pelo Estado, se torna refém e vítima constante da violência policial em nome do combate ao tráfico de drogas.

A narrativa é conduzida em primeira pessoa por Zé pequeno que conta em retrospectiva a história de seis amigos que cresceram em uma favela do Rio de Janeiro, os seis mosqueteiros como eles costumavam se imaginar quando crianças: "Éramos seis moleques que andavam sempre juntos. Eu, Juca Pelo de Burro, João Mocotó, Zé Grande (eu era o Zé pequeno, ou Zequinha), Batata e Meia-noite. A gente aprontava de tudo. Soltava pipa, jogava bola, roubava, ia à praia e entrava nos trens pela janela. [...]" Para esses meninos não há esperança de uma vida normal e a inocência logo será perdida devido à violência e a falta de opções na favela.

"A favela não seria um lugar ruim de morar não fossem os bandidos e policiais trocando tiros ou fazendo arruaças, a gente tem de manter distância dos dois. Às vezes passam muitos meses na maior calma. De repente se ouve uma chuva de tiros à noite. Gritos, injúrias, súplicas. Cheiro de pólvora, cheiro de carne queimada. De madrugada volta o silêncio. No dia seguinte lá estão os corpos no chão, cercados de poças de sangue; sangue escuro, endurecido, cheio de moscas. / Mas o mais assustador são as execucões dos dedos-duros. / Me lembro de uma execução, anos atrás; bateram no coitado com ferro e tudo, amarraram o cara, passaram fita na boca, puseram dentro de cinco pneus, encharcaram de gasolina, colocaram fogo. O que nunca esqueci foram os olhos. Nem gritar ele podia. O grito saiu pelos olhos, ficou marcado em mim. Depois descobriram que ele nunca tinha denunciado ninguém. Os anos passaram e sempre sonhei com ele." (p. 10)

Os espaços que deveriam ser ocupados pelas autoridades são tomados pelos traficantes que controlam até mesmo a religião local, ditando as regras de conduta e as punições cada vez mais recorrentes e cruéis. Nesta espécie de romance de formação às avessas, o cotidiano brutal vai confirmando aos poucos o destino trágico de cada um desses personagens, fazendo com que o protagonista questione a própria razão da sua existência: "E agora eu nem sabia dizer se a vida também não existia de verdade. Se viver era ter raiva dos outros, ter raiva de todo mundo, matar os outros, arranjar doença e odiar mais ainda, aí cara, aí tenho de confessar que eu estava por fora de tudo. Era um bobo, um otário que não entendia nada."

"Confesso que me impressionavam os cultos, e eu pensava até em ser pastor e ter uma igreja. Uma vez o pastor Manelão chamou à frente todos os que tinham dor ou doença, estendeu um cobertor enorme e cobriu-os. E gritava lá de cima, se vocês tiverem fé, Jesus vai expulsar os demônios dos seus corpos. vocês têm fé em Jesus? E a igreja toda respondia, temos fé em Jesus Cristo que veio à terra para nos salvar. E ele repetia, repetia um milhão de vezes. Quando a coberta foi retirada ninguém mais sentia nada e todo mundo contribuía com a igreja porque, como dizia o pastor, se não pagasse não esperasse milagre. E quanto mais pagasse, maior era o milagre que se podia esperar. / Só meu pai era dispensado do dinheiro, já que a contribuição vinha do trabalho, mas não pense que ele não tirava todos os trocados do bolso e entregava para o pastor. Quando a mãe zangava com ele, dizia, 'mas mulher, não vê que somos uma casa abençoada?' Minha mãe não respondia nada, mesmo que todo mundo fosse dormir com fome, mas dormir com fome naquele lugar fazia parte da rotina." (pp. 20-1)

A narrativa é extremamente visual, no estilo veloz de um roteiro cinematográfico – principalmente nas passagens violentas – podendo afetar os leitores mais sensíveis devido à descrição detalhada das invasões da polícia ou das execuções comandadas pelos criminosos. De qualquer forma, infelizmente nada do que é apresentado se compara à realidade dessas comunidades, como podemos constatar lendo qualquer noticiário carioca. Contudo, na obra de Anatole Jelihovschi temos a chance de conhecer essas histórias do ponto de vista interno, na forma de um teimoso exercício de sobrevivência diária dos moradores, suas paixões, ambições, desentendimentos e frustrações.

"Engraçado, minha mãe sempre teve horror a violência. Apesar de destrambelhada das ideias, de violência ela tinha pavor. Pode ser a causa da nossa aversão a arma de fogo. Tonho nunca tinha colocado uma nas mãos. Eu já pegara em arma na época que fazia bico de segurança com o meu cunhado. E, interessante, tinha me dado bem. Nos treinos de tiro, acertava o alvo bem no meio. Diziam que tinha nascido para a profissão. Talvez por isso, em parte pelo matraquear da mãe, preferi largar arma antes de começar a gostar de verdade. Respondia que nasci para jogar futebol, não dar tiro nos outros. Mas na hora da verdade, quando me puseram uma bola nos pés e a camisa do Flamengo no corpo, o que aconteceu? Com arma devia acontecer o mesmo. Uma coisa era atirar em alvo, um monte de círculos, um dentro do outro, o menor no meio. Outra coisa é trocar tiro com com uma quadrilha de malucos, todo mundo atirando em todo mundo, você mirar em alguém que nem conhece e atirar para matar. Não, eu podia qualquer coisa, menos aquilo." (p. 58)

Sobre o autor: Anatole Jelihovschi publicou "Aves Migratórias" (Planetário, 2005), "Rio Antigo" (Rocco, 2009) e "A Gorda" (Ímã Editorial, 2012). Em 2003 foi um dos finalistas do Concurso de Contos do Prosa & Verso, caderno literário do jornal O Globo. Anatole nasceu em 1950, no Rio de Janeiro e ainda guarda 10 livros inéditos. Em seu site e nas fanpages gosta de contar como a literatura nasceu dentro dele, antes mesmo que o amor e a vocação para as ciências exatas.
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tainan.barbozageneroso 05/11/2015

Um livro que desperta sentimentos no leitor
"A morte e os seis mosqueteiros" é um drama escrito por Anatole Jelihovschi, publicado pela editora Jaguatirica em 2014 e contém 140 páginas. A obra é narrada em primeira pessoa por Zequinha, o qual relata sua vida na favela. Quando novo, a rotina na favela não passava de uma brincadeira para ele e seus amigos, intitulados "os seis mosqueteiros". Porém, já na vida adulta, ele consegue enxergar a rotina de crimes e perigos.

"Éramos seus moleques que andavam sempre juntos. Eu, Juca Pelo de Burro, João Mocotó, Zé Grande (eu era o Zé Pequeno ou Zequinha), Batata e Meia Noite. A gente aprontava de tudo. Soltava pipa, jogava bola, roubava, ia à praia e entrava nos trens pela janela."

Conforme o tempo passa, Zequinha acaba se distanciando dos amigos de infância. Quando os reencontra, descobre que eles se tornaram criminosos. Inclusive tentam persuadi-lo para seguir o mesmo caminho. Contudo, ele sonha em estudar, trabalhar e sair da favela onde vive. Nesse ponto, é interessante observar aquela teoria do determinismo do meio, será que nascemos com essa personalidade feita ou somos moldados de acordo com a cultura presente na sociedade em que vivemos?

"Anoitecia com um brilho trêmulo no ar, como se nada à volta fosse sólido, tudo enfumaçado, um cheiro insuportável de álcool rançoso, comida estragada, e aquelas bocas desdentadas rindo e catando lixo para comer."

A narrativa é formada por frases curtas e simples, o que nos passa uma impressão de que o narrador conversa com o leitor. Vale ressaltar que em determinados momentos temos o protagonista relembrando cenas de sua infância.
É uma obra extremamente pesada, pois retrata temas como pedofilia, morte, tiroteios e pobreza. Claro, nada que não exista na vida real, todavia, ler alguém relatando isso, foi um choque de realidade. A narrativa sendo linear e em primeira pessoa me deu medo do que vinha em frente pela obra, logo, minha leitura foi lenta. Conclui-se que a obra é tão boa que é capaz de despertar sentimentos no leitor, tal como o medo que eu tive.

site: www.eucurtoliteratura.com
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Nu e As 1001 Nuccias 15/11/2015

Resenha - Blog As 1001 Nuccias
O material da capa é o básico, encontrado em praticamente todos os livros. Maleável e com duas orelhas. A escolha da cor, um marrom não muito forte, dá, juntamente com a imagem obscura de um bandido/traficante de rosto encoberto e arma em punho, o tom sombrio que rege todo o livro. O título e o nome do autor não estão em letras garrafais, mas a fonte é ótima e o destaque também foi bem planejado.

Em formato A5, páginas do tipo "pólen" e fonte em bom tamanho, o livro tem seus capítulos numerados, e bem organizados, margens justificadas, diálogos demarcados com travessão. A diagramação é simples, o que condiz com o conteúdo do enredo.

A história gira, inicialmente, em torno de seis amigos. São todos crianças, moradoras da favela, que se unem para brincar, viver, conhecer o mundo. Auto-nomeados de "os seis mosqueteiros", começam a ter suas vidas mudadas antes mesmo dos 12 anos de idade, quando o primeiro deles morre após se enfiar no tráfico de drogas da região.

Aos poucos, mais amigos se perdem para o mundo do tráfico, seja como vítimas ou por serem bandidos, os motivos e as situações variam muito, deixando claro ao leitor que o clima da comunidade e de quem vive nestas áreas é sempre tenso e cheio de nuances.

Narrado em primeira pessoa, na "voz" de José Antônio (ou Zé Pequeno), o mais mirrado e caçula dos seis, a história chega até sua fase adulta, quando tem que lidar com mais problemas, envolvendo policiais, bandidos, um pastor, sua família e sua namorada.

Um fator muito interessante no livro é que a narrativa é feita com variação linguística, ou seja, é adaptada para se enquadrar no modo como um morador de favela com pouca instrução gramatical (já que ele largou a escola na infância e adolescência) costuma falar. No entanto, mesmo com a variação linguística, não encontrei nenhum erro de português. E os poucos de pontuação que encontrei podem ter sido propositais, justamente devido ao linguajar escolhido pelo autor.

Confesso que a história me surpreendeu pela forma como foi escrita (escolha dos personagens e da linguagem), veracidade dos fatos, pela descrição detalhada das cenas, pelo horror que incute no leitor. É um livro com enredo não extenso e que te prende do começo ao fim. Li o livro em três dias, sem afobação e sem perder o fio do pensamento.

E o final? Que reviravolta inesperada! É uma obra primorosa que vale a pena cada letrinha. Eu não conhecia o autor e, agora, virei fã. Foi um dos melhores livros que li este semestre, ficando em segundo no meu ranking de melhores nacionais do ano. Parabéns, de verdade!

**Conheça o autor e leia as citações lá no blog As 1001 Nuccias.**

site: http://1001nuccias.blogspot.com.br/2015/11/resenha-livro-morte-e-seis-mosqueteiros.html
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Thaisa 04/12/2015

Melhor do que eu imaginava...
A morte e os seis mosqueteiros é um livro bem peculiar. Quando a editora Jaguatirica entrou em contato informando sobre o book tour desse livro e vi que era um romance policial, imediatamente aceitei participar. Ao ler a sinopse e ver que se trata de um livro ambientado aqui no Brasil, especificamente nas favelas do Rio de Janeiro, automaticamente me interessei pela leitura. Porém, esse é um romance policial bem diferente daqueles que estou habituada a ler. Explico abaixo.

Geralmente os romances policiais são narrados pela visão da policia ou do investigador. Nesse livro o autor ousou. Anatole nos apresenta uma narrativa na visão da “vítima”. Acredito que por ser algo fora do habitual, não senti que estava lendo um romance policial, afinal, onde está o lado investigativo da coisa? Eu achei isso fascinante. Foi uma nova experiência para mim e foi muito interessante. Não senti falta da investigação, pois a história é tão envolvente quanto.

José Antônio – ou Zé pequeno, ou Zequinha – é nosso protagonista e narrador. O livro é narrado em primeira pessoa e tudo se passa na visão de Zequinha. É quase um livro autobiográfico do personagem. Ele inicia contando sua infância e com uma narrativa linear acompanhamos o crescimento do protagonista com suas lutas diárias para sobreviver em uma favela dominada por traficantes, onde os moradores são tão prisioneiros quanto quem está a mercê da bandidagem do lado de fora. Enquanto criança, Zé pequeno brinca com seus 5 amigos (os seis mosqueteiros) e conforme vão crescendo cada um toma um rumo e infelizmente, a maioria vai para o mundo do crime. Mas, Zé pequeno nos prova que nem todos são “produto do meio”.

O autor relata nessa obra todos os horrores de uma favela. Desde a vida difícil de pessoas que tentam escapar da miséria até o medo constante de ser escolhido como um x9 (dedo duro) e sofrer todo tipo de tortura nas mãos dos traficantes, ou até mesmo morrer em meio ao tiroteio entre policiais e bandidos. Aliás, a morte é uma constante na vida dessas pessoas que acabam se “acostumando” a ela, já que isso é algo tão corriqueiro.

A narrativa é muito densa. Simples mas ao mesmo tempo muito intensa. O autor descreve com alguns detalhes fatos chocantes e em alguns momentos senti um embrulho no estômago, pois parecia sentir os odores ali descritos. Porém, o autor conseguiu deixar a narrativa mais fluida usando uma linguagem fácil, pois nosso narrador não tem muito estudo e não precisa usar palavras difíceis para retratar sua realidade.

Com um enredo cheio de ação, mistério, mortes, sangue, horror e um final completamente inesperado, o leitor se sente inserido em uma realidade que (infelizmente) muitos brasileiros precisam conviver diariamente. Isso é triste. Uma realidade mostrada de forma crua que me fez parar muitas vezes em meio à leitura para respirar um pouco. São 140 páginas que despertam fortes emoções no leitor.

O livro é muito bem escrito e enche sua cabeça de perguntas que precisam de respostas e isso te impulsiona a ler a próxima página. Apesar de ser uma leitura densa, consegui ler o livro em uma tarde e foi uma experiência fascinante. Fiquei chocada com a conclusão que o autor nos apresentou e tenho certeza que ninguém vai esperar por isso.

Se você gosta e romance policial e quer ler algo completamente diferente do que está acostumado, recomendo essa leitura, mas esteja preparado para fortes emoções!

Resenha publicada no blog Minha Contracapa

site: http://minhacontracapa.com.br/2015/12/a-morte-e-os-seis-mosqueteiros-de-anatole-jelihovschi/
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Daniel Aurélio 29/03/2017

Romance policial, romance de formação
Uma mistura de gênero bastante agradável, pelo estilo e referências. Divertido e emotivo em medidas certas, "A morte e os seis mosqueteiros" não deixa de ser um romance de formação, um tanto original é bem verdade, pois pertence ao gênero policial, mas fala de amizade, violência, juventude e dilemas com diálogos afiados, quase como um roteiro cinematográfico. Anatole Jelihovschi é um escritor experiente, finalista de concursos literários, com outras importantes no currículo e demonstra absoluto domínio da técnica e do enredo. Indicado para quem gosta de histórias sobre juventude, policiais com tramas eletrizantes e, claro, para quem preza a beleza da língua portuguesa
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Malucas Por Romances 27/04/2017

A Morte e os Seis Mosqueteiros
Estou a horas olhando para a tela em branco pra tentar fazer essa resenha, mas vou dizer que tá difícil pra caramba. Eu realmente não sei o que dizer e ainda nem decidi qual a nota do livro. Loucura, né!?


Esse livro conta a história de Zequinha e cinco amigos de infância. Todos ele se conhecem ainda em época escolar e são nomeados como os seis mosqueteiros pela amiga deles Julinha, com exceção da Julinha todos vivem na favela.






No começo do livro você vê o quanto todos os amigos são unidos, mas o tempo passa e eles começam a se separarem cada um seguindo um rumo diferente. Infelizmente a escolha da maioria deles não foi das melhores e é com a escolha de cada um que o livro ganha vida.

No decorrer da história vemos o dia a dia da favela, e posso garantir que desgraça pouca nesse livro é bobagem. Cada capítulo é uma desgraça diferente e quando você acha que não pode piorar, sim ele piora.

A forma como o autor descreve a vida dessas pessoas na favela é capaz de assustar quem nunca morou nela. É tão crua que em muitos momentos quis acreditar que tudo aquilo era mentira. É lógico que o autor deu uma boa dose de drama pra história, mas isso não deixou a história menos real, infelizmente.

Resenha completa no blog

site: https://malucaspor-romances.blogspot.com.br/2017/04/resenha-morte-e-os-seis-mosqueteiros.html
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Maravilhosas Descobertas 29/04/2017

A MORTE E OS SEIS MOSQUETEIROS, DE ANATOLE JELIHOVSCHI
Veja bem, sempre que pego um livro policial para ler, principalmente os nacionais, já venho esperando aquela fórmula de sempre: o ponto de vista do investigador, favela, bandidos, violência e todas as outras coisas que estamos acostumados. “A Morte e os Seis Mosqueteiros” não exclui vários desses itens, mas também não abandona o elemento surpresa.

No livro acompanhamos a história de Zequinha, que juntamente de mais cinco amigos, formavam os Seis Mosqueteiros. Quando crianças, estavam sempre juntos, brincando pelas favelas do Rio de Janeiro e, por vezes, contavam com a presença de Julinha. Os anos foram passando e cada um dos mosqueteiros tomou seu rumo e agora, já adultos, eles terão algo de muito em comum: a morte. Às vezes por causa de suas próprias escolhas, ou por puro azar, mas o destino inevitável aguarda todos eles.

A narrativa do livro é incrível, tão simples e, ao mesmo tempo, tão carregada de obscuridade. Todos os acontecimentos são narrados por Zequinha e podemos notar claramente a simplicidade de um menino que não pode terminar a escola. Mesmo não contendo um vocabulário riquíssimo, é uma narrativa poderosa, principalmente por causa dos acontecimentos banhados a sangue e linguagem forte.


Com uma mistura de ação, bastante drama, romance e suspense, o autor criou uma história que mesmo sendo densa, te faz querer ler tudo de uma vez só. O livro não é longo, o que facilita o feito. O suspense e a adrenalina acompanham o leitor até o último momento, com uma revelação chocante nas páginas finais.

O nome diferente pode te enganar, mas Anatole Jelihovschi é um autor brasileiro com mais alguns romances publicados e vários outros esperando para nos surpreender novamente. Esse foi o primeiro livro que li dele e, assim que tiver a oportunidade, estou ansioso para ler os outros.

A edição é bem simples, mas chama atenção. A capa original em tons de marrom foi substituída por tons fortes de vermelho com a imagem de uma favela no fundo. A disposição do título em letras brancas que contrastam com o fundo também ficou excelente, não deixando as cores fortes o ofuscarem. A impressão do miolo é feita em papel pólen, e a fonte é um pouco diferente do tradicional.

“A Morte e os Seis Mosqueteiros” é uma publicação da Editora Jaguatirica e merece uma chance sua!

" Se a beleza existir de verdade, é para nos fazer bem, não mal."

site: http://www.maravilhosasdescobertas.com.br/2017/04/a-morte-e-os-seis-mosqueteiros-de.html
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Lora 30/04/2017

A morte chamou
“...Gritos, injúrias, súplicas. Cheiro de Pólvora, cheiro de carne queimada. De madrugada volta o silêncio. No dia seguinte lá estão os corpos no chão...”

A morte e os seis mosqueteiros é o primeiro livro nacional que eu leio que fala da situação de quem vive na favela com tanta perfeição, sem romantização, sem efeito, apenas a infeliz realidade de seus moradores.

Quando pegamos o livro pela primeira vez e observamos a capa vemos claramente que o vermelho é a cor predominante e que, ao fundo, existem casas e mais casas amontoadas uma sobre as outras, logo podemos concluir que o sangue escorre pela favela e que a leitura não será “leve”.

~ Mas então você deve está se perguntando: Mas Amanda, em comemoração ao Dia Mundial do Livro você trás logo um livro sobre morte?”

E a resposta para isso é bem simples: trago um livro assim pelo fato da literatura não ser somente composta por romances e contos de fadas, e não existirem apenas livros fofinhos que nos fazem chorar de amores, mas por ela nos levar a um universo totalmente diferente do que conhecemos e nos fazer pensar nas nossas ações através de livros incríveis que tratam de coisas que acontecem bem ao nosso lado e nós, muitas vezes, nem ligamos.~
É incrível como 140 páginas podem nos abalar totalmente. Do inicio ao fim do livro eu me senti na pele daqueles jovens, sem oportunidades de uma vida melhor e tendo como único caminho a criminalidade, ~ Já se imaginou passando por isso? ~ foi pura aflição.

Crianças devem estudar, brincar e fazer tudo o que a idade delas permitir fazer, infelizmente não é isso que acontece com as crianças no morro, elas largam as escolas (e ninguém faz questão de ir atrás para descobrir o motivo), como brinquedo elas receberm metralhadoras e armas de todos os tipos, e a única coisa que aprender a fazer é traficar e matar. Barra, né?

A morte e os seis mosqueteiros é um livro de leitura rápida, um dia de leitura basta para terminá-lo, mas a mensagem que ele deixa é bem profunda, ver os personagens morrer e ver a foma como morreram é chocante e nos faz pensar no que temos feito com as nossas vidas.

site: http://fonteliterarias.blogspot.com/2017/04/dia-mundial-do-livro-resenha-especial.html
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Biia Rozante | @atitudeliteraria 15/06/2017

Cruel, doloroso, real.
Existe uma realidade da qual sempre ouço falar. Realidade essa presente nos noticiários, nas mídias e que ainda que me compadeça da dor, que fique triste e angustiada por ver, nem sempre a encaro como algo de fato “real”, presente, constante, não por deixar de acreditar e sim por ser difícil encarar tal crueldade como algo normal. Uma realidade amarga que assola milhares de brasileiros, ou melhor, milhares de pessoas todos os dias, seja acordando, indo trabalhar, dormindo, com si mesmo, com um familiar ou amigo. Uma realidade que não perdoa, que não tem misericórdia e que infelizmente está muito longe de mudar.

A MORTE E OS SEIS MOSQUETEIROS é um triste relato dessa realidade. Contada através dos olhos do jovem Zequinha, que enfrenta as mais diversas situações e reviravoltas junto com seus amigos, que ainda que nutra sonhos, boa vontade e tente buscar um futuro melhor, precisa lidar com as provocações, tentações e injustiças de quem cresce com poucas oportunidades e nenhuma esperança.

Zequinha, Juca Pelo de Burro, João Mocotó, Zé Grande, Batata e Meia-noite são chamados de os seis mosqueteiros, apelido este dado por uma amiga em comum – Julinha -, que não vive na favela. Juntos eles compartilham as alegrias da infância, as descobertas da idade e sonham com um futuro como o encontrado nas páginas de um livro. Porém, não demora para que tudo isso desmorone. Os anos passam, cada jovem acaba por seguir um caminho, escolhas erradas, escolhas impensadas, escolhas impostas, falta de escolha, como mencionei no início desta, uma realidade cruel. E deste modo vamos acompanhado o dia a dia e lutas destes jovens.

Como é difícil ser confrontado pela verdade. A cada página nos deparamos com um novo obstáculo, com uma nova perda, um novo motivo para desejar fechar os olhos e tentar fingir que isso não existe, ou com um sentimento renovado de que tudo isso precisa receber um basta. Zequinha é o narrador, é através de seus olhos que somos apresentados a esta história. E foi realmente doloroso ver os sonhos de um menino, de um jovem com tanto a viver ir sofrendo rachaduras a cada passo, sem saber qual caminho seguir, se irá sucumbir, ou se tentará seguir firme por outro caminho.

"Ninguém tem futuro pela frente mesmo, e não se perde nada ao morrer jovem aqui.”

A obra é verossímil, aborda temas como o desespero, medo, traição, pobreza, violência doméstica, violência sexual, trafico, machismo, preconceito a criminalidade em sua essência. O que torna a leitura angustiante, intensa e amarga. Sabe aquele choque de realidade, aquele chacoalhão de acorda, há vidas sendo interrompidas, infâncias sendo roubadas, famílias destruídas, jovens morrendo antes mesmo de terem a oportunidade de viver e tudo isso em nome de que? De quem? Por quê? A quem culpar? As escolhas erradas, a falta de oportunidade, o caminho tido como o mais fácil? Onde está a solução? Se é que existe uma, já que até quem deveria nos proteger muitas vezes foram corrompidos.

Quando iniciei a leitura já senti que seria pancada, um tapa na cara, mas confesso que ainda assim, mesmo conhecendo de certo modo a “realidade” da vida nas favelas, jamais imaginei que encontraria algo tão cru, intenso e doloroso. É importante ressaltar que o autor buscou retratar o lado mais “pesado”, o que não quer dizer que o dia a dia em uma favela seja apenas tiro, sangue e desespero.

“Anoitecia com um brilho trêmulo no ar, como se nada à volta fosse sólido, tudo enfumaçado, um cheiro insuportável de álcool rançoso, comida estragada, e aquelas bocas desdentadas rindo e catando lixo para comer.”

Este é meu primeiro contato com a escrita do autor Anatole Jelihovschi e fiquei muito satisfeita. Com uma narrativa leve, simples e cotidiana ele foi capaz de construir um enredo repleto de reflexões, com personagens intrigantes, complexos e que irão abalar seu coração.

Se recomendo a leitura? SIM. Ainda que seu enredo seja pesado, que a quantidade de sofrimento seja imensa, a história em questão é real e é preciso falar a respeito, olhar com outros olhos e assim ser capaz de vislumbrar onde melhorar para quem sabe ser capaz de oferecer um futuro melhor. Talvez seja ilusão desejar que algo mude, mas sou o tipo de pessoa que precisa repetir para si todos os dias, que o mundo é mais, que preciso ter fé, confiar e um dia tudo irá melhorar, as pessoas serão mais humanas, generosas, pensarão antes de agir, terão respeito pela VIDA - pela própria vida e de todos os demais. Um mundo onde não teremos que temer, que não iremos crescer em meio a choro, sangue e tiroteio. Onde todos, sem exceções encontrarão a felicidade e terão seus direitos básicos respeitados.

Como sempre falo aqui, é só lendo para saber e sentir. Então... Dê uma chance à obra.

Quero agradecer imensamente a EditoraJaguatirica pela oportunidade, pelo convite para ler a obra. Recebam meu carinho.

site: http://www.atitudeliteraria.com.br/2017/06/resenha-morte-e-os-seis-mosqueteiros.html
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