Raquel Pagno 31/07/2015Profundo...Perto do Fim já começou me encantando pela capa, simples e de muito bom gosto. O livro conta a história de Jeff, um homem reservado e solitário que, após uma tragédia familiar, sente-se culpado pela morte da filha e pelo posterior suicídio da esposa.
No decorrer da leitura, mergulhamos nos sentimentos de Jeff. A escrita da autora é de uma profundidade incrível, o que nos leva a sofrer junto com o protagonista em determinadas ocasiões e, em outras, a querer consolá-lo. “Chora não, Jeff. Não foi sua culpa.” :’(
Depois Jeff salva uma donzela em perigo das garras de um homem misterioso que a ataca em um bosque, dentro do seu condomínio, o foco da narrativa muda. A partir daí, deixamos os conflitos interiores do personagem em segundo plano e somos arrebatados pela curiosidade de saber quem é o tal homem que, aliás, passa a ameaça-lo e prossegui-lo.
Ao mesmo tempo, nasce o inevitável romance entre o protagonista e a moça do bosque... Sim, Jeff relutantemente admite que está apaixonado por Valentina, a mocinha em perigo a quem ele salvou. Confesso que, durante a leitura, nada me tirava da cabeça que essa tal de Valentina tinha algo a ver com o cara misterioso. Alimentei uma implicância com essa personagem, talvez por ela ser tão boazinha (e isso não é um spoiler, vocês terão que ler o livro pra saber se Valentina está ou não n maracutaia. Rs)., durante
Para agravar ainda mais sua situação desesperadora, durante exames de rotina que Jeff é obrigado a fazer periodicamente, desde que tentou suicídio, lançando o carro contra um poste, ele descobre que sofre de uma doença grave e que seus dias podem estar contados.
Esse fato só gera mais dúvidas e mais culpa na consciência do nosso mocinho. Ele passa a encarar a doença como um castigo, por ter tentado tirar a própria vida.
Com a morte o espreitando, Jeff não acha justo levar adiante sua relação com Valentina. Ele sabe o quanto sofreu com a perda da esposa e não quer que ela passe pelo mesmo sofrimento, nem quer jogar esse peso sobre os ombros da moça.
Porém, como há males que vem para o bem, a perspectiva da morte iminente acaba resultando numa aproximação de Jeff com seu pai, com quem sempre teve uma péssima relação, conturbada, cheia de mágoas, permeada pelo silêncio ou por palavras mal interpretadas. E pela dor da perda, de fato, a única coisa que os une. O pai de Jeff também perdeu um filho pequeno e também perdeu a esposa. Jeff é a única coisa que lhe resta e somente agora ele começa a compreender as atitudes e o comportamento de seu pai. “A vida é feita de perdas”, são as palavras deixadas para Jeff pelo seu pai, como um mantra a ser repetido diariamente, como um cruel legado.
O final, apesar de não ser surpreendente, me satisfez. Jeff mereceu tudo o que lhe aconteceu, os fatos serviram para abrir seus olhos, superar as perdas, aceitar a vida que, mesmo após a tragédia, teve que continuar. Ele descobriu que a vida não é feita só de perdas, mas também de ganhos. Espero que esse seja seu novo mantra.
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