Um rio que vem da Grécia

Um rio que vem da Grécia Cláudio Moreno




Resenhas - Um rio que vem da Grécia


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Rolando.S.Medeiros 09/08/2022

O Protótipo das Noites Gregas.
Há um problema de elétrica na sua casa. Após tanto quebrar a cabeça, você chama um eletricista, que em um minuto resolve o problema que lhe tomou horas; você, quando paga o valor total, o faz com um pesinho na consciência, oitenta reais pelo trabalho de um minuto?!

A gente, normalmente, não leva em conta que esse um minuto, consumiu centenas de horas de estudo e prática do profissional, e é isso que pagamos. Esse é o caso do Professor Cláudio Moreno, quando em cinquenta minutos, aproximadamente, reconta os mitos (mas não só, faz muito mais que recontar) no seu Podcast “Noites Gregas”.

Se fosse resenhar o podcast da mesma maneira que resenho os livros aqui, com certeza daria cinco estrelas; o Professor é um exímio contador de histórias, o melhor que já ouvi de Mitologia no Brasil, e não canso de recomendá-lo. Seu público — um exemplo da habilidade narrativa do Professor — varia de docentes, universitários de letras vernáculas, até donas de casa e marinheiros de primeira viagem nos assuntos gregos. Não me canso de recomendá-lo, experimente o Podcast e veja por si só. (Encontra-se, atualmente, no Episódio #44 — Medeia, inicia com os Deuses do Olimpo e pretende ir até por volta de oitenta, passando por toda a Mitologia Grega).

Essa eximia narração traz consigo longos anos de atuação nas salas de aulas, palestras, discursos e muitos escritos. Um Rio que vem da Grécia e Troia (o livro seguinte, que pretendo ler), são exemplos desses escritos.

Também um grande gramático, não é surpresa que as crônicas e anedotas são muito bem escritas, nisso não há o que criticar; o problema, no entanto, é na decisão do Moreno de influir uma certa dose de “moral” no fim de toda entrada, que em alguns casos, é bastante inspirada, mas ao longo do livro, a fórmula cansa.

Ele é muito melhor quando trabalha no vazio deixado pelas histórias; quando constrói diálogos, narra acontecimentos, dá sentimentos e personalidade às personagens, narra movimentos e ações sutis que não estavam lá originalmente, é delicioso; faz muito disso no Podcast, mas, poucas vezes neste livro.

A título de exemplo, uma entrada que ilustra minha relação conturbada com este livro encontra-se na crônica “Como se Fossem as Últimas”.

Protiselau, um adolescente apaixonado, recém-casado e com uma vida toda pela frente, foi um dos convocados para a Guerra de Tróia, "quando a armada grega chegou diante de Tróia, os navios ficaram flutuando além da rebentação, sem começar o desembarque; é que um oráculo rezava que o primeiro a pisar naquela praia ia morrer ali mesmo. De pé. na proa de seus navios, prontos para saltar em terra, os guerreiros se entreolhavam, hesitantes; ninguém queria sacrificar-se. Foi quando Protesilau, um dos jovens chefes da Tessália, mandou os remadores avançarem e pulou na água rasa, correndo para a praia, em direção aos troianos. Foi o seu fim: uma lança atravessou o seu escudo e atingiu-o no pescoço, matando-o instantaneamente."

Inerentemente uma história interessante, que eu não conhecia, e que deixa diversas perguntas e espaços a serem preenchidos pela imaginação: por exemplo, por qual razão, um jovem com uma vida pela frente, sacrificou-se dessa maneira? Já vi romances psicológicos inteiros serem construídos em “espaços” menores que este…

No entanto, o Moreno conclui assim, após uma breve retomada na história do rapaz, totalmente anti-climático, na minha concepção: “Bem menos triste, no entanto - e muito mais produtivo - é imaginar que, como Protesilau, voltamos agora para casa para viver as três horas que os deuses nos deram de inhapa, e tratar de aproveitar nossos últimos 180 minutos, esse tempo raro e valioso que ganhamos de presente. Se conseguirmos entrar no jogo, tudo - até um copo com água fresca - vai ficar mais precioso, mais pungente. É claro que não agüentamos toda essa intensidade por mais de três horas, mas não faz mal. Amanhã recomeçamos."

Isso se repete ao longo de quase todo o livro, e vai cansando; é tudo muito interessante, até chegar ao último parágrafo.

É muito bom ouvir as histórias da Grécia em geral, sabedorias comuns, acontecimentos popularizados e eternizados, personagens famosos, doses cavalares dos sempre tão interessantes episódios mitológicos… um pouco do Égito, esticando-se até a Dinamarca: há uma entrada bem boa sobre o sábio Rei Canute, que ganhou popularidade recentemente pelo mangá Vinland Saga; as referências também são extensas, desde Heródoto, Plinio, Aulo Gélio, até Jorge Luis Borges e Lawrence das Arábias, portanto, não posso deixar de recomendar para quem se interessa em ler brevemente sobre esses episódios; apenas, tenha paciência, e, leia as crônicas espaçadamente.

Enquanto o Podcast não chega ao seu final, e eu fico aqui aguardando com a mesma ansiedade que esperava o episódio de domingo das primeiras temporadas de Game of Thrones, vou me aventurar no segundo livro do Professor, que trata da Guerra de Tróia; e manter-me afastado do seu “Grécia — Cem Lições para Viver Melhor”, que, pelo que o título indica, segue a mesma fórmula desse aqui.

site: https://linktr.ee/rolandosmedeiros
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Josana.Baltazar 20/02/2023

Somar o completo domínio da língua portuguesa com o conhecimento da mitologia grega só podia dar em um livro delicioso de se ler com uma interpretação ou releitura ou comentário sobre a mitologia brilhantes, dá vontade de ler tudo novamente, histórias que lemos ou ouvimos alguém contar
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Matheus.Azevedo 22/11/2017

Incrível
O livro é ótimo, muito rico em ensinamentos, leio ele pelo menos uma vez por ano. A leitura é rápida, e pra quem gosta de mitologia (como eu) o livro ajuda a esclarecer o lado filosófico, "a lição" que os mitos passam.
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Marcos 24/03/2024

Um livro de sabedoria
Moreno utiliza os mitos gregos para trazer reflexões sobre a vida, a verdade e o cosmos. Diferente dos livros de auto-ajuda, este se aproxima da filosofia tomando como repertório básico a mitologia grega e seus contos, lendas e histórias. A discussão é materialista, está fixada na realidade por mais que se utilize do ficcional para ensinar. Esse é um livro de cabeceira: a primeira leitura é para conhecer o conteúdo, as outras são para o saber.
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Benito 23/01/2017minha estante
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