Lu 19/07/2018
"Sentir o peso dele quando se inclinou em cima dela, como um escudo contra todos os perigos. Mas a ameaça não estava vindo de fora, e, por mais que a puxasse para perto de si, por mais que cobrisse todo o corpo dela com o seu, ele sabia que não poderia protegê-la do ataque que estava sofrendo do próprio corpo."
Demorei um pouco para ler, porque sabia que continha um enredo pesado, e é preciso estar preparada para isso.
A protagonista Mara, uma advogada de renome, descobre que tem uma doença incurável (Huntington - HD - condição hereditária em que as células nervosas do cérebro se rompem ao longo do tempo).
Ela, como qualquer pessoa, imagino, tem dificuldade para aceitar as primeiras pistas de que algo está fora do controle: seu mau-humor, a agressividade, os movimentos involuntários, os esquecimentos...
Quando percebe a seriedade da doença, decide que não quer depender dos outros, não quer ser a esposa "ausente", a mãe que está na casa de repouso, fazendo a filha visitá-la por obrigação, com olhar de pena... Dessa forma, escolhe abreviar sua vida no dia de seu aniversário, para que se lembrem dela na mesma data, para que não haja mais uma data difícil para os que ficam.
Nesses cinco dias, Mara organiza discretas despedidas, escreve cartas ao marido e à filha, tenta dar suporte à vida deles para que consigam seguir quando ela não estiver mais presente.
Vamos acompanhando o drama de Mara, torcendo para que ela mude de ideia, mas também notamos a doença tomando forma e ganhando maior proporção, quando perde o equilíbrio, não consegue segurar o xixi, anda com dificuldade, perde a firmeza das mãos...É uma daquelas doenças ingratas.
Mara não parece ter uma fé para se apegar, tenta encontrar uma razão por ter sido sorteada e nos convida a refletir... Talvez tenha sido a falta de algo maior que a fez tomar essa decisão
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