O Mal e o Sofrimento

O Mal e o Sofrimento Louis Lavelle




Resenhas - O Mal e o Sofrimento


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Kaique.Nunes 25/03/2019

Em O Mal e o Sofrimento, Louis Lavelle convida o leitor a refletir sobre as experiências inerentes a toda existência: o sofrimento do corpo, o mal no mundo, o encontro com os outros, a aventura, a falha e o enriquecimento de si.

A filosofia de Louis Lavelle é uma metafísica do Ser, uma filosofia otimista, porém sem ignorar o sombrio e o doloroso. O autor mostra a importância da diferenciação entre sofrimento e o mal, pois o sofrimento não é um mal em si mesmo, o sofrimento tem a capacidade de desenterrar o eu, e além disso, demostra o valor dos momentos bons.

Existe assim um caráter positivo no sofrimento, é a dor que dá gravidade a vida. No entanto, o sofrimento também não é um bem em si mesmo. Ao contrário, é um bem que nos é arrancado: mas é justamente a consciência desse arrancamento que escava nosso ser interior e, ao despojá-lo do que ele tem, o mergulha no que ele é: que ao lhe revelar o sentido do que ele perdeu, lhe dá infinitamente mais.

Sobre o mal, Lavelle diz: “Para uma consciência que não tem a experiência do mal, não haveria nada que merecesse o nome de bom. Em perfeita igualdade de valores entre todas as formas de ser, todo o valor desapareceria, pois a sombra nos permite perceber a luz e lhe dá o preço. O próprio amor que tenho pelo bem só é possível através da presença do mal de que procuro me libertar e que nunca deixa de me ameaçar. O bem só dá sentido ao mundo através do próprio escândalo do mal.”


site: https://www.instagram.com/leredespertar/
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Ramon 27/04/2019

O mal e o sofrimento
..."o prazer dissipa e entorpece [a consciência]. O sofrimento é o aguilhão que a desperta..."

Com uma bela obra de filosofia moral, Lavelle nos convida a reflexão sobre algo que aflige a todos nós.
Olhamos para o mundo e vemos que ele não é o que deveria ser. Dor, lágrimas e sofrimento invadem nossa vida e transformam tudo em um grande abismo, onde parece não haver esperança, consolo ou descanso. Nossa alma é apertada por todos os lados com as angústias e sofrimentos que a vida trás.
Experimentamos o mal o sofrimento desde de que nascemos, essa parece ser nossa condição natural.
Como compreender as marcas da nossa miséria?

Lendo esse livro do Lavelle, vemos que apesar de enxergar o mundo também dessa maneira, eles nos permite transcende-lo. Se o sofrimento é uma condição inerente a vida do homem, resta a nós fazer o que de melhor podemos para extrair o melhor dessa condição.
Lavelle nos diz que " é ao próprio sofrimento que devo conferir um sentido que o penetre e transfigure", coisa árdua porém necessária é extrair sentido da dor, uma vida onde não há sentido em meio a dor, leva ao desespero total.
A consciência de que sofremos é o que nos desperta, é o que nos torna partícipes do Eu, é o que nos permite penetrarmos em nós mesmos e conferir a nossa alma a elevação espiritual em meio a um caos externo.

Lavelle trabalha com antíteses interessantes, dizendo que é na ausência que encontramos a presença, na escuridão que vemos a luz, na solidão encontramos a comunhão, que tudo isso nos leva a um aprofundamento interior, onde conseguimos perceber a nossa realidade, a nossa essência espiritual.
O sofrimento, significa estar conectado a outros seres, só sofremos porque amamos, pois a indiferença cegaria nossa consciência. Como o autor nos diz " a possibilidade de sofrer mede a intensidade e a intimidade dos laços..." Pelo seres que mais amamos enfrentamos dores, assim como por eles desfrutamos maiores alegrias.

A dor nos molda, nos desperta, nos faz seres melhores dependendo do nosso desprendimento de encara-la. Assim como "o amargor dos remédios cura os males do corpo, assim também é preciso que a amargura da dor seja a cura dos males da alma." Ao invés de se deixar consumir pela resignação e infelicidade, devemos assumir a responsabilidade de sofrer com regozijo, de encarar a realidade e extrair do caos o sentido para nos mover.

A leitura desse livro é de uma belíssima riqueza espiritual, onde dialogamos com o tema do sofrimento não de modo a ignorá-lo ou evitá-lo, mas de modo a transcende-lo. " Ao se evadirem de si mesmos, quebram igualmente os murso de sua prisão."
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