Ana 30/08/2015
Sou um pouco suspeita para falar das coisas que o Tadeu escreve. É inevitável puxar saco dele, já que gosto muito dos livros e do blog Fragmentos de Uma Vírgula também. Já resenhei o primeiro livro publicado do Tadeu aqui no blog, A Grande Peça, mas hoje vou falar um pouquinho sobre Entrelaçadas, o seu mais novo lançamento.
O livro narra, em terceira pessoa, a história de três mulheres que vivem na cidade de Lagos: Valentina, Carmem e Helena. O suicídio, tem muito pesado mesmo nos dias de hoje, une as três direta ou indiretamente mesmo elas não sabendo disso inicialmente. Os capítulos do livro alternam entre as personagens que acabam se encontrando em certo ponto da história.
Helena, uma adolescente de 18 anos, sofre de uma depressão muito forte que não é reconhecida pelos pais: claro que eles acham que isso é apenas uma fase e não tratam a depressão como a doença que é. Fiquei muito nervosa com essa visão dos pais da Helena, mas o que me deixou triste de verdade foi lembrar que ela não ocorre só nos livros; muita gente realmente acha que depressão é só frescura. Carmem não tem autoestima nenhuma, vive sozinha, com um gato super fofo e sobrevive com a pensão que recebe pela morte do seu pai. A única coisa que ela gosta de verdade é mexer com os seus artesanatos. Valentina, para mim, faz jus ao nome: saiu da roça sem perspectiva nenhuma para ganhar a vida e assim o fez. Pode até passar por alguns apertos financeiros, mas não se deixa abalar de jeito nenhum.
Entrelaçadas é um livro de uma delicadeza ímpar. O autor conseguiu falar do suicídio, que é um tema, de forma extremamente leve. A narrativa é muito fluida e gostosa, dá para ler o livro todo em uma sentada só. Todos os personagens do livro são adoráveis, até mesmo os secundários mostram a sua importância no decorrer da história, cada um com detalhe único. Amei a forma como a amizade entre Carmem e Valentina cresceu de forma rápida, mas sem ser forçada, gosto demais desses sentimentos que surgem de forma repentina e não saem mais da gente.
Apenas uma coisa me desagradou em Entrelaçadas. Achei o final corrido demais, senti que muitas coisas ainda poderiam ter sido contadas. Mal acreditei quando vi o "fim" estampado de todo tamanho na página: "o quê? Mas como assim acabou desse jeito?". Me deu aquela leve vontade de estrangular o Tadeu, sabem (costumo ter essa vontade algumas vezes)... Mas é claro que esse pequeno detalhe não tira o brilho da história.
"Às vezes só entendemos a vida quando ela está prestes a acabar. Ou quase isso.", frase presente no início do texto e também na contra capa, é basicamente a premissa do livro e passa uma mensagem super importante, ao menos para mim: mesmo quando tudo estiver mais difícil do que a gente pode suportar, continue em frente.
site: http://www.roendolivros.com/