Nathaniel.Figueire 05/12/2022Ta faltando PUNK nesse cyber...Como o camarada Antônio Luiz já dissecou resenhando aqui, esse livro é um longa e chata elegia ao ancapistão e ideologias derivadas.
Cheguei até metade do livro com MUITO custo, aí pensei, "poxa, mas só eu que acho esse livro uma bomba?". Aí li a citada resenha e me dei conta de que a vida é muito curta para ficar perdendo meu tempo com romance mal escrito, com personagens porcamente construídos (cujo única função é realizar as fantasias do escritor) e uma defesa cega (quase burra) de individualidade extremada.
Classificam esse romance como cyberpunk. Faltou muito PUNK nesse cyber. O que isso quer dizer? O elemento punk aí não é somente as roupas de couro e piercings de resto de computador e bandas de industrial alemãs, é também uma crítica ao capitalismo. Na temática cyberpunk, isso aparece através da especulação de uma sociedade distópica onde "a mão invisível" toma tal forma que as megacorporações suplantam os governos e a coletividade para fazer valer a individualidade somente dos "selecionados" em suas megatorres. Isso está em "Sonham os androides com ovelhas elétricas" (e mais ainda no filme Bladerunner), no Neuromancer... Tirar isso é transformar o gênero em puro fetichismo tecnológico, o que Neal Stephenson faz sem disfarce através da sua inabilidade como romancista.
A sociedade de Snowcrash é caótica, extremamente desigual e em nenhum momento há a menor crítica a isso, pelo contrário, o autor mostra isso inclusive como algo desejado. Empresas privadas controlando tanques de guerra, organizações criminosas possuem "franquias" em cada esquina e está tudo bem, desde que você receba uma pizza em 30 minutos, possa portar uma arma e "fazer o que quiser" .
Passou para mim do limite e virou um verdadeiro panfletão ancap a partir da metade do livro quando me dei conta do que na verdade é o tal "Snow crash". Quer um spoiler? É um "virus" religioso que inocula coletividade nas pessoas (e obviamente isso é muito ruim para nosso autor), inspirado naquela bobagem capenga do Richard Dawkins da religião/cultura como vírus (para constar, sou ateu, APESAR de ter lido Dawkins).
Dando-me conta de que eu estava com o "A Revolta de Atlas" da ideologia do Vale do Silício, larguei de mão sem culpa alguma.Não tenho paciência para ficar de público para fantasia de grupelho geek ligado a tal cultura "cyber" tarados pela última placa de vídeo lançada no mercado.