@vcdisselivros 04/03/2020Um verdadeiro banho de sangueComo é de costume nos livros de Raphael Montes, O Vilarejo choca o leitor ao apresentar contos interligados e verídicos. Bom, isso é que o autor diz!
Ocorre que no prefácio do livro, Montes explica que os cadernos ilustrados de uma senhora chegaram a ele de modo inusitado. Acontece que um dos donos do sebo Baratos da Ribeiro, no Rio de Janeiro, comprou a coleção de livros de Elfrida Pimminstoffer, falecida aos 102 anos.
Em meio aos clássicos e as enciclopédias, encontrava-se cadernos antigos escritos à mão, em uma língua estrangeira e com ilustrações. Ao entrar em contato com Ana, neta de Elfrida, o dono do sebo escutou “não quero os cadernos de volta” e ameaçou queimar os livros caso ele devolvesse.
Com isso, Maurício encontrou a desculpa perfeita para entrar em contato com o amigo, Raphael Montes, perguntando se ele tinha interesse em analisar os escritos e claro, o autor aceitou. Ao buscar a origem, o autor percebeu que a narrativa era escrita em sumério e dividida em sete contos.
Verdadeira ou não, a história aí em cima instiga a curiosidade do leitor, que lê os contos em busca de compreender se o que é contado ali realmente aconteceu, ou se faz parte da imaginação de uma senhora senil. O fato aqui é que Montes assina o livro como “tradutor”, não como autor, enriquecendo ainda mais o relato sobre o surgimento do livro.
Os contos
Ainda que se passe em um vilarejo, o livro não é claustrofóbico. Apesar de curtos, os contos fazem com que o leitor caminhe pelas casas do local, conhecendo a intimidade das famílias.
Cada conto é responsável por invocar um pecado capital nos seres humanos, sendo assim, os sete reinos do inferno estão presentes: Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satã (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba).
Ilustrações
A arte do livro fica por conta do ilustrador Marcelo Damm. A perfeição do trabalho dele da vida aos contos, tornando a experiência do leitor com o enredo muito mais rica. Os traços sombrios e os monstros que ele retrata impressionam muito mais que os textos.
Curto e impactante
Com menos de 100 páginas, o Vilarejo usa como artifício o sobrenatural, justificando a barbárie da história com demônios. Ainda assim, o que o livro deixa claro é a maldade que habita o próprio ser humano, expondo o pecado e as trevas que já estão lá.
site:
https://www.instagram.com/vcdisselivros.oficial/?hl=pt-br