@vaisetratarleitora 23/04/2024
Diferente de todos até agora
Dando continuidade ao meu projeto pessoal de leitura dos livros da Agatha Christie, chegamos ao seu 61º livro, publicado em 1955.
A característica mais marcante desse livro pra mim, foi a representatividade de diversas nacionalidades, incluindo alguns países da África, Índia e outros países da Europa. É o livro da Agatha com mais representatividade negra até agora. O racismo foi abordado e de uma forma que deixa claro que é errado, o que faltava na maioria dos livros dela. Inclusive, um personagem negro foi quem deu a pista que levou a policia até o fim da investigação e que corroborou as ideias do Poirot. Acho que isso pode refletir as mudanças que estavam ocorrendo na sociedade da época ou na própria Agatha, entendendo melhor o assunto e pensando mais sobre isso.
Achei interessante que inicialmente o livro parece um conto, com um desfecho sendo revelado muito rápido, que me fez pensar "Nossa, mas era só isso? Já acabou?", mas logo após ocorre uma reviravolta que faz a história realmente começar a andar como normalmente.
Adorei o fato da história abordar a vida de jovens estudantes da época, todos muito inteligentes em suas áreas. Gostei muito da ambientação da pensão e do desenvolvimento da história como um todo. Cada plot twist me deixava mais presa ao livro, tentando desvendar quem seria o criminoso secreto e porquê. Nem preciso dizer que errei feio, mas foi muito legal.
Como sempre, Poirot estava impecável, mostrando que mesmo já idoso (embora ele nunca tenha sido muito novo), ainda está no ápice da sua forma cerebral.
Eu gostei muito desse livro e recomendo demais.
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Pra quem não sabe, foi feita uma série dos livros da Agatha, várias séries na verdade, mas a maior foi a Agatha Christie's Poirot, onde foi adaptado boa parte dos livros dele. A série foi ao ar na Inglaterra entre 1989 e 2013, com cerca de 71 episódios. Ela é estrelada pelo ator David Suchet que faz uma caracterização magnífica do Poirot, tendo estudado minuciosamente o seu jeito para reproduzir.
Nem todas as histórias são bem adaptadas e eu estou assistindo conforme vou lendo os livros para não ter spoiler. Acho que você consegue achar todos os episódios no YouTube pesquisando pelo nome em português mesmo, mas é tudo legendado. De forma oficial, a série está no Prime Vídeo, porém não é disponibilizada no Brasil.
Esse livro foi adaptado no 2° episódio da 6ª temporada, e por ser um livro completo, o episódio tem cerca de 1 hora de 30 minutos de duração.
Esse episódio foi bem decepcionante pra mim, pois o livro é o que mais tem representatividade negra, entre todos da Agatha até então. A história se passa em uma pensão que recebe estudantes universitários de diversos países, então temos muitos alunos negros, vindo de diversos países da África, alunos indianos também, além de outras nacionalidades da Europa. O livro aborda de forma mais crítica do que todos até então, a questão do racismo na sociedade da época. E a série simplesmente apagou tudo isso, removendo inclusive um personagem negro que dá uma pista valiosa pra polícia, que os ajuda na descoberta do que está acontecendo na pensão e que corrobora as ideias do Poirot.
A série entrega de mão beijada o envolvimento da dona da pensão em tudo, mudou vários fatos e relacionamentos, acrescentou coisas nada a ver (como a aluna agente), além de colocar novamente o Japp que sequer aparece nessa história.
Até o final eles conseguiram mudar a forma como acontece. Simplesmente horrível. O livro é super empolgante e interessante e a série acabou com a história. Uma pena.
Pra mim, a nota é 1/5.