spoiler visualizarduda :) 10/07/2022
capa feia de doer no baço com um conteúdo muito bom e que também me machucou muito.
" Eu Bree você.
Eu ri e respondi:
Eu Archer você. Meu Deus, eu Archer muito você! "
o que falar desse livro que conseguiu me conquistar muito?
aqui conta a estória de dois personagens que foram destruídos por seus traumas e que, mesmo semelhantes e ao mesmo tempo tão diferentes, lutam para superar eles e viverem suas vidas da forma que puderem.
não aguentando mais o sofrimento do seu passado doloroso e das lembranças dele, bree prescott decide fugir de sua cidade, de todas as pessoas ao seu redor, e ir para outro lugar e recomeçar. tirar umas férias sem prazo de retorno, sendo mais especifica. é muito triste e profundo ler sobre as narrações da bree no início dos capítulos, dela dizendo que queria ser aquela pessoa de antes e viver sua vida como qualquer outra garota de vinte e um anos. assim que ela se estabelece em pelion e passa a interagir com os moradores, bree consegue respirar um pouco que antes não estava conseguindo.
gostei bastante da bree, que é uma personagem que encarou “de frente” o seu trauma ( duas vezes por sinal ) e que se sentia muito culpada por isso, mesmo não tendo culpa nenhuma, o que é compreensível já que cada pessoa lida com seus problemas de um jeito diferente. em alguns momentos eu ficava meio que confusa com determinadas atitudes dela, principalmente em relação ao archer. ela tratando ele como se fosse um “inválido”, com esse excesso de proteção, sendo que ele já falou sobre isso e as narrações deles é totalmente o contrário disso.
uma coisa que quero ressaltar sobre os dois é que eles não confirmaram nada um para o outro. claro que era perceptível que ela escolheu ele e tudo mais, no entanto em nenhum os dois se sentaram e conversaram em um canto sobre o que eles são, então tecnicamente não estão em um relacionamento. é entendível a situação e o que a bree sentiu, até mesmo as ideias precipitadas dela são compreensíveis, mas foi muita agitação da parte dela sem nem ao menos ter dado uma pausa e pensado depois de ter se exaltado. depositou uma confiança nele ( e ainda insistiu que ele saísse mesmo sabendo das inseguranças dele ) pra nem dar o crédito de se explicar antes. enfim, mas isso já é uma opinião pessoal minha sobre essa situação.
não gostei muito do desfecho, do ponto final né, sobre o passado da bree. rápido demais considerando tudo que aconteceu.
já o archer hale é o típico personagem que não tem nada de típico. ele é um doce, tímido, gentil e engraçado, mas que é um mocinho inexperiente, que não tem e evita qualquer contato com outras pessoas desde o acidente em que perdeu os seus pais, seu tio e sua voz. acho que ele é um dos personagens que entraria facilmente no meu top cinco favs se não fosse o pouco desenvolvimento dele. consegui entender muito o que a autora quis fazer com ele, mostrar o quão recluso, desengonçado, inseguro e perdido ele era em relação a outras pessoas e a si mesmo, não sabendo agir como qualquer outro ser humano “normal” da sua idade por conta da sua mudez e de ter vivido recluso com o seu tio nate ( que também não “batia bem das ideia” e era paranoico ) por dezenove anos. porém contudo entretanto todavia, havia cenas que ( na perspectiva da bree ) era como se ele fosse uma criança no corpo de um adulto bombadão que PRECISAVA ser protegido das pessoas que não o entendiam e com medo do que podia acontecer com ele.
era perceptível de cara o quanto o archer tava mal da cabeça e que depois que conheceu a bree, mesmo com a parte boa dele finalmente estar interagindo com outra pessoa depois de tantos anos solitário, ficou dependente emocionalmente DEMAIS dela, falando em algumas cenas que doía pensar em ficar longe dela e que teria preferido morrer do que viver assim. o pior é que ele sabia o quanto isso estava, em algumas partes, machucando-o.
depois daquela cena eu senti falta de um momento de terapia para os dois personagens. acho que a autora deveria ter colocado eles para fazerem terapia, a bree principalmente muito antes de se mudar e aí rolar cenas dela conversando com ele sobre isso e até incentivando ele a pensar em começar a fazer. pra mim os problemas emocionais deles se resolveram com o “poder” do amor e da “força de vontade de superar tudo”, como se isso fosse bastar. como os dois estavam com “problemas reais” ( vamos dizer assim ), eu queria que tivessem sido resolvidos da forma real. focou tanto no fato da bree dizendo que ele conseguia sim avançar aos poucos, melhorar e superar ( ele para ela também, mas foi só bem lá no início ), que a parte mental e emocional dele, de que o archer precisava urgentemente de uma ajuda psicológica, foi deixada de lado.
o que compensou ( um pouquinho ) foi ele finalmente ter se abrido sobre o relacionamento deles e começar pensar nele mesmo e no modo de viver, em se aceitar e perceber que vai sim ter pessoas que vão olhar para ele torto e que isso não dá pra mudar. mesmo tendo sido no último instante depois de tanta enrolação e a gota d'água dele a parte da comemoração, gostei bastante do fato do archer ter tomado essa iniciativa de ir embora e tentar resolver a sua própria vida e suas “dores de cabeça.” queria que a autora tivesse mostrado as narrações dele quando tudo isso aconteceu, ele indo embora e os três meses que passou longe.
o plot dele foi bastante surpreendente e eu gostei demais dele. eu já estava suspeitando que foi o pai dele que causou o acidente, mas descobrir como o archer ficou mudo e o porque foi assim, de apertar tudo dentro de mim e estar devastada. ler a narração dele daquele dia quando criança foi de chorar pra mim.
queria fazer uma observação de que parece muito, mas muito mesmo, que o archer é autista. só pelas narrações dele eu reparei e agora estou encaducada com isso.
o romance deles acho que o que pecou mesmo foi a dependência que rolou e que foi mal desenvolvida, porque de resto, as suas interações, as primeiras vezes dele, o archer se abrindo aos poucos e a bree o conhecendo mais e vendo que não é nada daquilo que taxaram ele, foi um romance gostoso de se ler. eu amei os fucfuc também, o pov dele até ganhou uns pontos comigo. fiquei só um pouquinho decepcionada que falaram que esse livro é um slow burn, mas eu não senti isso durante a leitura. muito pelo contrário, as coisas aconteceram rápido demais entre eles, não tendo nem dado um mês direito, eu acho.
obs: por um instante fiquei assustada com a possibilidade da autora ter matado o archer depois de tudo. juro por deus que eu ia pegar essa mulher fedida lá em araruama e dá um soco com um taco de beisebol nessa otária.
por último eu não gostei muito da escrita da mia. não é ruim ou coisa do tipo, mas também não é boa ou prazerosa, tanto é que mesmo com o livro sendo muito bom e a leitura estava sendo boa, não consegui devorar ele por conta da escrita da autora.
mesmo com seus muitos defeitos, não dá pra negar que é um livro que consegue ser muito envolvente e bom demais, que com certeza é ótimo para sair da ressaca ou apenas reler para matar saudades dos personagens.