Antonio Luiz 12/08/2010
Esta coletânea fala de uma "polícia do tempo" que reprime tentativas de mudar ao curso da história, seguindo o modelo de "Guardiães do Tempo" de Poul Anderson. Entretanto, enquanto os heróis do romance de Anderson eram simpáticos e assépticos (apesar de serem capazes de fazer desaparecer uma civilização inteira se esta lhes contrariasse os planos), a Intempol é visivelmente truculenta, brutal e corrupta, mais delegacia da periferia paulistana ou carioca do que QG da CIA. A idéia interessou autores como Lodi-Ribeiro, Carlos Orsi Martinho, Osmarco Valladão, Paulo Elache e Fábio Fernandes, entre outros, que nesta coletânea e no site http://www.intempol.com.br, desenvolveram o tema à sua maneira.
O projeto tem o sabor de um "cadavre exquis" ("cadáver delicioso"). Como nesse jogo artístico coletivo inventado pelos surrealistas, no qual cada um acrescenta seus versos ou desenhos a uma obra sem levar em conta o que o outro fez, cada contista tem idéias diferentes sobre o que essa polícia realmente é, quem a controla e com quais objetivos – e vê suas ações sob um prisma diferente. O leitor é confrontado com tantas teorias quanto as há sobre o mundo real – o que torna o conjunto tão singularmente real quanto surreal, que desmistifica com eficácia as convenções das formas mais estereotipadas da FC.