Giulipédia 11/08/2020
Precisa-se de mais cientistas femininas nas histórias!!
Geralmente não faço resenhas sobre alguns livros porque eles são só para minha própria distração, mas acredito que essa história mereça, pois apesar de ter começado sim como uma leitura de entretenimento, no final, acabou se tornando algo mais pra mim.
Esse é o segundo livro de uma série chamada Spindle Cove, que é uma espécie de vila que serve de retiro para jovens "desajustadas" da sociedade vitoriana, ou seja, todas as tímidas, desajeitadas, inteligentes demais, apaixonadas demais, sensíveis demais e doentes demais, acho que já deu para entender que tipo de mulheres estou falando, todas que não se adequam ao que a sociedade determinada como sendo comportamento digno de uma moça "decente" da sociedade. Nessa história, não existe moça mais desajustada que Minerva Highwood, moça tímida, desajustada, que vive com o nariz enfiado nos livros, esconde seu belo rosto atrás de um par óculos horroroso, que de acordo com sua querida mãe, ajuda a espantar os possíveis pretendentes somando a personalidade difícil da filha, mas Minerva também guarda um segredo, ela não é só isso que as pessoas falam, ela é algo mais. Uma geóloga, e não uma geóloga qualquer, mas a renomada ou melhor, renomadO R. M. Highwood, com várias publicações importantíssimas sobre fósseis publicados nas revistas científicas da comunidade científica de Geologia Real e por esse motivo, Minerva precisa de ajuda para ir a Edimburgo para fala sobre o mais novo trabalho dela, uma pegada fossilizada de um lagarto, ou lagartA gigante e para isso vai precisar da ajuda do devasso mais canalha de Spindle Cove, futuro Visconde de Riverchase, Lorde Colin Payne, por que ele? Ora, o motivo é bem simples, Minerva não quer que o cretino case com sua irmã e para isso está disposta a pagar uma alta soma em dinheiro para ele, para não ver isso acontecer, o que isso tem a ver com a viagem de Edimburgo? Bom, é aí que a história começa a ficar interessante...
De novo, mais um livro que me pegou de jeito, e como esse pegou rsrs. Já vou logo dizendo, pago enorme pau pra Minerva, e não tem como ser diferente, de baixo de toda aquela fachada tímida e desajustada, a falta de práticas femininas que a tornaria encantadora, como suas irmãs, esconde uma enorme inteligência, mas para isso não basta só estudar e decorar fórmulas, é preciso ter curiosidade, imaginação, determinação e coragem para correr atrás do que se almeja, e isso essa garota tem de sobra. Outra coisa que gostei muito desse livro, foi a interação do suposto "casal" não vou mentir que comecei a leitura odiando Colin, mas depois entendi seus motivos e no final ele ganhou meu respeito e minha admiração. E tenho mais a dizer, achei muito legal a pegada da autora em enaltecer, não apenas a beleza ou o físico feminino, é o que se geralmente encontra em livros assim, mas em elogiar o intelecto, mostrando ele sim como uma qualidade atraente tão importante ou até mais importante que o corpo ou a beleza feminina. E justamente por isso que decidir escrever essa resenha, para os homens que lerem ela, e para as próprias mulheres, inteligência não é motivo de vergonha ou superioridade, uma mulher sim, ainda nos tempos atuais escuta, "nossa você seria mais simpática se não fosse tão inteligente", ou "você seria mais atraente se parasse pouco com os livros e desse mais atenção para sua aparência", quantas de nós já ouvimos isso? Eu já ouvi, e continuo ouvindo, por isso que escrevo essa resenha, gostei da proposta da autora nesse livro, onde tanto a mulher como o homem não tem que ter medo de mostra sua inteligência, seu afeto ou principalmente no caso da mulher, seu desejo, sua luxúria, porque somos todos humanos, dotados de sentimentos, desejos e esperanças. Aqui eu trago um recado para todos, você mulher, não se diminua ou tenha vergonha por passar mais tempo com a cara nos livros e saber uma coisa ou duas a mais que a maioria das pessoas, isso é motivo de orgulho, não é algo para ser escondido, e homens não se sintam intimidados por uma mulher com cérebro, já disse antes, inteligência não é sinônimo de superioridade, de nenhum dos lados, é sinônimo de compartilhar o que se sabe, ambos os lados podem aprender muito se deixarem o medo e a inveja de lado, sei que em comparação a esse livro e a época que ele retrata muita coisa mudou, mas não o suficiente, e por esse motivo isso tem que ser gritado e repetido, não existe superioridade, existem qualidades diferentes que se complementam juntas e é isso que esse livro me mostrou, fiquei muito feliz de ter lido ele e recomendo para TODOS, homens e mulheres, mas somente aqueles maiores de idade, o que NÃO inclui crianças e adolescentes menores de 18 anos, a hora de vocês ainda vai chegar, vocês ainda não estão preparados para essa conversa! Rs