Queria Estar Lendo 07/08/2019
Resenha: Uma semana para se perder
Uma semana para se perder é o segundo volume da série Spindle Cove, escrita pela autora Tessa Dare. Lançado aqui no Brasil pela Editora Gutenberg, o romance de época mescla bom humor, atração e aquele plot maravilhoso de "hate to love" em uma história arrebatadora.
Depois de acompanhar as aventuras e desventuras amorosas de Susanna, é a vez de conhecermos mais sobre Minerva, já previamente apresentada no primeiro livro. A perspicaz e curiosa garota não tem muitas expectativas para seu futuro - graças aos poucos incentivos da mãe, que acredita que ela seja um caso perdido - só uma coisa: quer se tornar uma grande geóloga.
"Parecia que somente um lugar, e não uma pessoa, conseguia entender Minerva: Spindle Cove. Aquele refúgio litorâneo para jovens de boa família e, também, personalidades interessantes."
Minerva é brilhante e acredita ter feito uma descoberta extraordinária, que quer apresentar ao mundo dos estudiosos em um congresso de geologia na Escócia. O problema é como chegar lá; eis que Colin entra na história.
O libertino soldado de humor afiado e presença intoxicante é tudo que Minerva não queria em sua rotina, mas é a sua melhor possibilidade de chegar ao simpósio a tempo. Para isso, eles precisam fingir um romance; para isso, precisam se aturar durante uma semana. Para isso, Minerva precisa aprender a não resistir a Colin - o que vai acabar se tornando uma tarefa impossível.
Dizer que eu me apaixonei por esse livro é o mínimo. Eu fiquei terrível e perdidamente afundada nessa história do começo ao fim; se a Tessa Dare me conquistou com Uma noite para se entregar, aqui ela ganhou minha carteirinha de "vou comprar tudo que você escrever".
"Ela poderia suportar uma vida em que nunca seria uma dama elegante, de bom gosto... desde que alguém, em algum lugar, a respeitasse e admirasse por ser ela mesma."
Uma semana para se perder tem o que eu mais quero ver em romances de época quando pego esse gênero para ler: um romance apaixonante e impossível, dois protagonistas carismáticos com traços frágeis e problemas que vão além do amor e, acima de tudo, uma relação saudável entre o casal. Depois de traumas com a Judith McNaught, a Tessa Dare surgiu como uma luz no fim do túnel para mim.
Minerva é uma mocinha extremamente à frente de seu tempo - mas nem por isso desconsidera traços de lady ou menospreza aquelas que aceitam sua posição na sociedade. Ela entende como o mundo funciona sob a ótica masculina e está disposta a enfrentá-lo para se provar capaz - ainda mais em um ramo de estudo como o dela, tão dominado por homens.
O fato de ter crescido sob o olhar crítico da mãe construiu toda esse medo de não ser aceita, que ela usa como escudo para se proteger de decepções. Colin é um caminho impossível aos seus olhos, mas, de repente, está logo à sua frente, oferecendo flertes e sorrisos e coisas que Minerva nunca pensou em receber de um homem.
Eu gostei de como a Tessa desenvolveu essa fragilidade, como trabalhou a auto estima e o orgulho da Minerva e deu voz aos sonhos dela tão fortemente. Gostei de como ela se encontrou nas aventuras dessa viagem ao lado do Colin, de como cresceu tanto dentro da narrativa.
E o Colin, ai ai... Protótipo de Han Solo fisga meu coração de jeito sempre, aqui não foi diferente. Ele tem um passado trágico e sombrio e, com a glória da deusa, não usa isso para justificar babaquice - até porque ele não é. Libertino, um pouco provocativo, extremamente charmoso e conhecedor das artes da sedução, Colin se mostrou um personagem multifacetado muito instigante.
"Ela olhou de lado para Colin. O homem era um sem-vergonha inacreditável. Incorrigivelmente lindo. E - oh, céus. Ela estava a um fio de cabelo de se apaixonar perdidamente por ele."
A relação dele e da Minerva se constrói com provocações e picuinhas a princípio, caminhando para uma amizade com benefícios até se tornar aquele romance avassalador. Uma coisa que eu gostei DEMAIS no Colin foi como ele nunca duvidou da inteligência da Minerva; como sempre a instigou a buscar por mais - mais coragem, mais aventuras, mais emoção. Um personagem masculino que não inferioriza a mocinha, mas a louva por ser quem é. Dá vontade né @ romances tóxicos?
O livro também faz uma pontinha com os protagonistas do próximo volume, Kate e Thorne, o que já me deixou fervilhando de ideias pra ver como o relacionamento deles vai se desenvolver.
Se Tessa Dare existe no mundo literário, graças a deusa porque existe. A mulher conseguiu entregar, mais uma vez, um romance divertido, com diálogos vívidos e cheios de energia, cenas de romance ótimas para quem curte o estilo (ace aqui, gente, eu só dava risada) e um final de aquecer o coração. Nem preciso dizer que já estou começando a leitura do próximo, né?
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