Bruno 04/09/2016
Um bom romance policial
APRESENTAÇÃO
Salve, Salve galera. Já começo com uma pergunta de impacto:
E se o seus maiores pesadelos ganhassem vida? Já imaginou? Não? Venha à São Paulo e conheça a trágica história de Eric Schatz no suspense Colega de Quarto, do jornalista Victor Bonini.
O livro marca a estreia do jovem escritor paulista nas águas misteriosas dos romances policiais. Tendo como principal inspiração a rainha do crime, Agatha Christie, a obra se tornou um sucesso de público e já está na sua terceira impressão com mais de 8.000 cópias vendidas.
Bonini, formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero já passou por grandes empresas como: Grupo Editora Abril, Rede Globo, Revista Veja e Tv Gazeta.
RESENHA
“[...] --- Viu a silhueta de um homem entrar em seu apartamento pela porta entreaberta. O medo invadiu seu corpo na forma de uma sensação gelada que lhe percorreu a nuca causando-lhe calafrios."
Colega de Quarto começa sua narrativa com Eric Schatz, carioca que vive em São Paulo por conta de seu curso universitário de direito. Playboy, mimado e arrogante, o rapaz é herdeiro de um grande conglomerado editorial e encontra no dinheiro a possibilidade de resolver todos os seus problemas.
Vivendo sozinho em terras paulistas, a vida de Eric vira de cabeça para baixo quando coisas estranhas começam a acontecer em seu apartamento. Por que os eletrodomésticos teimam em ligar sozinhos durante o dia e no meio da madrugada? A quem pertence a nova e adicional escova de dentes no banheiro? E o par de chinelos embaixo da cama do quarto de hóspedes? A situação se desenrola até o ápice quando o rapaz flagra uma enorme sombra entrando pela porta da frente. Quem seria esse misterioso colega de quarto?
Eric Schatz então começa a questionar a perda de sua sanidade. Estaria o rapaz indo de encontro ao abraço forte da temível loucura? Com a mente então despedaçada, o playboy decide procurar ajuda de um competente advogado e detetive particular a fim de desvendar o mistério que envolve seu apartamento. Estamos falando de Conrado Bardelli, o Lyra, que é o protagonista da história. Durante a conturbada entrevista, Lyra e o perturbado rapaz se desentendem e ele decide não aceitar o caso a despeito da quantia em dinheiro que lhe é oferecida. Mas o que o detetive nunca iria imaginar é que receberia uma ligação de Eric naquela mesma madrugada e que em meio a estranhos barulhos e batidas na porta, a ligação interrompida culminaria no garoto despencando do 15o andar de seu luxuoso apartamento.
“--- […] A situação é a seguinte: já há alguns dias, tenho a impressão de que… bem… de que não estou mais morando sozinho em meu apartamento."
Colega de Quarto me chamou a atenção pela sua capa e capciosa sinopse que me fez crer se tratar de um livro de horror psicológico e sobrenatural. Essa jogada pode agradar e desagradar alguns leitores, pois analisando alguns materiais pela internet vi que muitas pessoas foram pegas de surpresa e até abandonaram a leitura quando viram se tratar de um romance policial. Por ser um grande fã de Agatha Christie e seus intrínsecos livros de mistério, decidi dar uma chance à obra e não me arrependi.
A história do livro é centrada nas investigações de Bardelli em conjunto com o seu amigo e delegado da polícia civil, Wilson Validus, pois com apenas algumas perguntas a alguns amigos e envolvidos no caso, ambos desconfiam que existem mais coisas por trás do suposto acidente de Eric. Enquanto muitas pistas direcionam que o jovem se jogou da janela para fugir de sua mente perturbada, Lyra encontra em difíceis relações familiares e conjugais a possibilidade do ocorrido ser um homicídio.
O livro é separado em três grandes blocos: Loucura onde o autor narra sobre as condições mentais de Eric Schatz e abre portas para o mistério. Turvo onde temos o desenrolar dos acontecimentos em detrimento das investigações. Lucidez que culmina na apresentação do desfecho do caso.
A narrativa em terceira pessoa e os capítulos rápidos (são 86 no total, uma média de 3 páginas por capítulo) sempre culmina naquela pontinha de curiosidade, atraindo o leitor a querer mais e mais, absorvendo a história em um ritmo acelerado. Os diálogos são bem feitos e localizados, ou seja, são cheios de gírias e maneirismos paulistas com palavras como: “mano”, “velho”, “deixa quieto”, “firmeza” e etc. Os leitores de literatura estrangeira vão estranhar, pois essa localização raramente acontece em livros traduzidos, mas ao meu ver enriqueceu bastante a obra.
Colega de Quarto possui bons personagens e bons diálogos e o que mais me deixou satisfeito foi o fato do leitor não ficar no escuro durante as investigações. Somos apresentados às pistas e aos novos desenrolares ao mesmo instante em que os personagens, o que difere muito de alguns livros do gênero onde somos apresentados a algumas pistas somente na conclusão do caso. Outro ponto forte é encontrarmos em vários personagens uma possível motivação, ou seja, todos eles podem estar envolvidos direto ou indiretamente no ocorrido com Eric Schatz, e isso é muito rico para um livro de suspense onde a cada nova pista descoberta o seu faro pessoal de detetive remonta uma nova possibilidade e aguça ainda mais a sua imaginação.
Como nem tudo são flores, o desfecho e solução do caso não me agradou muito. Não é ruim, e entenda, a execução é muito boa, mas ao meu ver a motivação que gerou todo o plot do livro não foi forte o bastante para que despertasse aquele sorriso de satisfação.
Encaro que Bonini em sua estreia no gênero fez um excelente trabalho e com certeza é um bom nome brasileiro para acompanharmos daqui para frente. O próprio autor já declarou a possibilidade de repetir o seu bom detetive e personagem Lyra em mais mistérios em obras futuras. O Navegando com certeza estará de olho e a postos para conferir!
E você, amigo leitor? O que achou de Colega de Quarto? Compartilha das mesmas opiniões? Não? Não tem problema, vamos bater um papo nos comentários. Traga-nos seu sempre valioso ponto de vista.
Até a próxima, Grande abraço.
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