Bia 21/09/2015Resenha publicada no Blog My Queen Side “Distopia” é um livro nacional, onde o título já foi o grande atrativo pra mim. Amo distopias, e todas que já li até hoje não me decepcionaram.
Ao contrário dos demais livros, esse não tinha quase nada de informações na sinopse, e algumas resenhas que li não traziam absolutamente nada sobre os personagens. Esses fatos só aguçaram ainda mais minha curiosidade, mas preferi me manter no escuro, e entrar no clima do desconhecido.
A história se passa em 2064, um futuro bem diferente daquele que poderíamos imaginar. Uma grande guerra mundial destruiu tudo. Foi a responsável em deixar poucos sobreviventes no mundo além de um cenário onde a falta de recursos passou a ser comum em todos os cantos. Grandes políticos simplesmente sumiram, e os coronéis que comandavam os exércitos rivais, aliaram-se para governar o que restou da população mundial.
Cada canto do mundo passou a ter seu líder militar, e o povo perdera o direito de escolher seu representante, pois o poder era passado hereditariamente, de pai para filho.
A história se passa no Regimento Norte, onde de cara percebemos a divisão entre governantes e governados.
Os governantes viviam do lado bonito. A fartura, a riqueza, o verde e o luxo eram rotina. Os governados viviam do lado “cinza”. A falta de comida e o fato de não terem condições de se manterem vivos, faziam com que todos obedecessem fielmente ao Regimento Militar.
“Quem se atreveu a pronunciar em voz alta sobre discordar do Regimento, ou das regras ditadas pelo coronel, nunca mais foi visto.” – pg 14
A fim de treinarem soldados fortes e obedientes, o Regimento convocou crianças de apenas sete anos de idade para servi-lo.
“...este era um dos grandes objetivos por trás do Regimento. Transformar garotos fracos em homens fortes e soldados de ferro.” Pg 38
Assim, acompanhamos os treinamentos bem como o crescimento dessas crianças ao mesmo tempo em que testemunhamos a vida da família do Coronel do Norte.
Somos pegos de surpresa, mil sentimentos nos rodeiam durante a leitura. Analisando os momentos entre as crianças, somos compadecidos com o sofrimento. Eles foram arrancados de seus pais, e desde então souberam exatamente que nunca mais os veriam. A autora foi muito cuidadosa criando personalidades e diálogos de impacto entre elas. Num momento, cheguei a anotar, como ponto negativo, que eram maduros demais. Então me peguei analisando as histórias que meus avós me contam. No passado, era comum criança com seis, sete anos de idade ser obrigadas a amadurecerem para trabalharem. Aliás, infelizmente, essa ainda é a realidade de muitas comunidades espalhadas pelo mundo. Vi que estava totalmente dentro do contexto elas serem assim, e pude perceber que a autora foi tão detalhista, colocando, por exemplo, o fato das crianças acharem divertido o combate. Algo totalmente inocente. Assim risquei o “ponto negativo” e troquei como um grande “ponto positivo” para a história
Por outro lado, vemos a então normalidade em meio à família do Coronel. Conhecemos sua filha, Laura, cheia de garra e vontade própria num governo onde mulher não tem vez. Uma personagem que fiquei com tanto medo de lembrar outras por aí, mas que no fim das contas foi totalmente única.
“Ser mulher nunca foi e nunca será sinônimo de fraqueza.” -
É uma história tão completa, que mescla muito a fantasia com a realidade. Achei magnífico e diferente de tudo que já li. Fiquei orgulhosa de ser uma obra nacional.
“- Não sei pra quê tanto drama. Pessoas nascem e morrem o tempo todo.” – pg 252
Alguns leitores podem se assustar com a forma de divisão da história. Temos o presente, ora no círculo dos governados ora dos governantes, e os interlúdios mostrando o que aconteceu em situações passadas. Li resenhas que negativaram esse fato, porém em minha opinião, tal formato é o que dá mais emoção à história.
Leitura mais que recomendada, chega a ser obrigatória pela riqueza do enredo. Tornou-se meu livro favorito.
E não posso finalizar a resenha sem antes dizer o quanto amei a edição. A Editora Arwen está caprichando ainda mais nos detalhes, ficou linda e não deixou a desejar para uma obra tão perfeita.
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