Hels 11/12/2015QUEM QUER SER NORMAL, NO FIM DAS CONTAS?Quando ouvi sobre esse livro pela primeira vez (no mesmo dia em que o ganhei, por acaso), eu tive certeza que o queria e o mais breve possível. É bem provável que se não tivesse ganhado em um sorteio, eu o teria comprado.
A história trás a temática em torno de transgêneros, algo que está tendo um foco maior aos poucos aqui e ali por parte da mídia, mas – para mim – não há maneira melhor de tentar explicar ou exemplificar o que isso significa do que através de histórias. Seja visualmente ou por escrito, abordar esse tema é importante para que abra nossas mentes para o diferente e não o julgar como “não normal”. Não existe pessoas normais, afinal de contas... Essa é a grande realidade.
Começamos o livro com a narração de David Piper explicando o que ele quer ser quando crescer (uma menina), seguindo para uma apresentação de sua festa de aniversário um tanto deprimente. Aos catorze anos, ele está certo do que quer ser, já fez diversas pesquisas sobre tudo sobre o assunto e sobre como se sente. Mas, e é bem claro, que isso ainda é um segredo, seus pais e irmã mais nova não tem a menor ideia. Bem... Eles pensam que David é gay, pura e simplesmente, não imaginam que a situação é bem mais a fundo.
Outro narrador do livro é Leo Denton, um garoto de quinze anos que – à primeira vista – tem alguns problemas pessoais e familiares, além de uma raiva excessiva. É de família pobre, tem uma irmã gêmea e uma mais nova, e a mãe (no seu ponto de vista) não passa da mulher que fez seu pai ir embora – mesmo que a realidade dessa história nunca tenha vindo a tona antes.
Ambos são extremamente diferentes, mas incrivelmente semelhantes ao mesmo tempo. Eles tem uma amizade recém formada, que tende a crescer ao longo do enredo, que os fará aguentar diferentes situações. No início, imaginei que o foco seria mais em David e em como sua vida mudaria quando ele revelasse seu desejo. Mesmo que houvesse Leo narrando as coisas em sua perspectiva, não achei que havia tanto nele quanto fui descobrindo ao ler. Estava, então, redondamente enganada. Se tivesse que escolher qual a história que mais tem base e consistência, a que mais nos ensina lições, essa seria a de Leo. Não menosprezando o David, afinal os dois mudaram a vida um do outro, portanto são peças importantes para o que cada um realiza.
A identidade de gênero não é o único tema aqui abordado, apesar de ser o maior foco e causador das algumas coisas que acontecem ao longo da história; mas vemos também menções ao bullying e complicações familiares, como abandono e uma mãe solteira, o que torna toda a situação mais realista e palpável.
O mínimo que posso dizer sobre como me sinto sobre esse livro é: arrepiada. Foi assim que fiquei quando cheguei às páginas finais. Apesar de ter ficado um pouco com gosto de “quero mais”, o final ficou digno. Digo isso pois qualquer coisa que fosse adicionado além daquilo ficaria um pouco cansativo e não deixaria o leitor com a sensação boa de “dever cumprido”, como se tudo o que os personagens passaram fosse sua responsabilidade.
Devo dizer que, em termos de escrita, Williamson me impressionou. A riqueza de pequenos detalhes na narrativa de cada personagem foi o que os fez bastante opostos e, ainda assim, com brechas para a realização da amizade deles. As palavras escolhidas para certos diálogos também foram essenciais para a compreensão de como é a realidade daqueles que tem uma vida como a de David ou de Leo.
Adoraria comentar mais sobre o enredo, mas acho que esse é um “must read”, uma leitura necessária, calma e gostosa. Além de muitas coisas que acontecem são spoilers em potencial. Então, acho que vocês terão que ler para entender mais do porque estou extasiada!
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http://www.theblueblog.co.vu/2015/12/resenha-arte-de-ser-normal.html