IvaldoRocha 17/08/2022
Cinquenta anos antes do Titanic.
O nosso narrador não se apresenta, descobrimos sobre sua vida aos poucos, no momento ele está fascinado para cruzar o Atlântico a bordo do “SS Great Easten” o maior navio já construído. Para sua surpresa, encontra a bordo um grande amigo, o Capitão Fabian MacElwin, que em licença militar e sabendo que o amigo estaria na viagem, resolve encontrá-lo. Na verdade Fabian tenta se recuperar de uma desilusão amorosa e mal sabe que a razão da sua dor “Ellen Hodges” está a bordo, mas praticamente irreconhecível. O capitão Archibald Corsican amigo de Fabian, o acompanha na travessia, com a promessa de depois irem às caçadas.
O doutor Dean Pitferge, é um personagem à parte, busca estar em um navio que venha a naufragar, pois tem o desejo de saber como se comportaria nessa situação. Acredita piamente que o navio possui má sorte e tem grandes chances de naufragar na sua primeira viagem, também a bordo “John Cockburn” estatístico capaz de contabilizar tudo, e um casal de namorados que esperam ansiosamente chegar à Nova York para se casarem e contam a velocidade com que a roda de pá está girando.
Uma aventura de Jules Verne onde o navio, seus tripulantes e passageiros querem chegar ao seu destino em meio a tempestades, acidentes, um ciclone e mortes em meio a história de um grande amor.
Sem sombra de dúvida, o principal personagem do romance é o “SS Great Easten”, pelo menos para Jules Verne era, pois escreveu o romance depois de ter cruzado o Atlântico a bordo em 1867. Fervoroso amante da tecnologia, estava fascinado pelo gigantesco navio. Inicialmente chamado de “Leviatan” o lendário monstro marinho citado na Bíblia. Construído por Isambard Kingdom Brunel em quatro anos, o maior navio da sua época, 2 vezes mais comprido e com um volume seis vezes maior do que qualquer outro navio existente.
O “SS Great Easten” foi um navio peculiar, a vapor, possuía duas rodas de pás e a maior hélice de única fundição já construída. Cinco caldeiras e Cinco chaminés, além de seis velas, projetadas para serem utilizadas junto com o vapor, porém um erro de cálculo impedia seu uso, em razão do risco de incendiar as velas.
O navio extremamente luxuoso, capaz de agradar o mais exigente dos 4000 passageiros que podia carregar, não teve muita sorte, vítima de acidentes fatais, acabou tendo um destino totalmente diferente do inicialmente planejado, possuía um casco duplo o que garantia que em caso de acidente uma inundação seria controlada. Durante boa parte da sua história várias pessoas reclamavam de um barulho estranho como batidas no casco do navio. Dizia-se que um, rebitador que trabalhara na construção do navio foi rebitado vivo entra as placas de aço, e o barulho era ele batendo para que fosse retirado de onde estava. Quando finalmente o navio foi enviado para ser transformado em sucata, ao desmancharem uma seção do navio um esqueleto foi encontrado com uma sacola de ferramentas. Essa é a deliciosa diferença entre uma lenda e uma “fake news” ...
A edição por si só já uma boa razão para adquirir o livro, que faz parte da edição pouco usual da “Arte e Letra Editora”, chamada Coleção “Em Conserva”, pois os livros veem dentro de uma lata com a capa do livro impressa. Infelizmente alguns livros dessa coleção acredito que estejam esgotados.
As fotos do navio e seu construtor junto as correntes da ancora do navio são do livro “50 Photo Icons – A História por Detrás das Imagens” e são consideradas as primeiras fotos de reportagem fotográfica industrial.