LAPLACE 05/10/2016Útil a TodosAlzheimer é uma palavra latina que significa “privado da mente”, e a doença é a forma mais comum de demência — consistindo em 60% a 80% dos casos — onde o cérebro sofre uma deterioração e atrofia lenta.
Tendo em vista o histórico familiar — sua mãe teve Alzheimer —, e o fato de ser portadora do gene ApoE4, comum às pessoas que desenvolvem a doença, Jean Carper iniciou uma intensa pesquisa sobre como se prevenir.
Ao reunir 100 dicas ela decidiu escrever um livro para que esse conhecimento estivesse à disposição de todos que carregam o mesmo gene, ou daqueles que possuem familiares que sofrem do mesmo mal, podendo assim ajudar o máximo de pessoas possíveis.
Querem saber mais? Então corram para ler o livro!
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A primeira publicação sobre Alzheimer ocorreu em 1906 quando o médico Alois Alzheimer relatou o caso de uma paciente sua que, aos 51 anos e saudável, passou a apresentar uma perda progressiva de memória. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ), estima-se que haja 35,6 milhões de pessoas no mundo com a doença, sendo 1,2 milhões no Brasil, e a maior parte dos casos ainda não foi diagnosticado.
Isso ocorre, em parte, pela dificuldade de se diagnosticar a patologia, não existe um diagnóstico preciso — a menos que se estude o cérebro da pessoa, o que só pode ocorrer quando ela morre — e muitas vezes a doença é confundida com outras enfermidades.
Para identificarem a doença os médicos recorrem a algumas lesões cerebrais características de seus portadores, sendo as duas principais o acúmulo da proteína beta-amiloide e o emaranhado de novelos da proteína tau. O gene ApoE4 — que você pode descobrir se carrega com um simples exame de sangue — também é outro forte fator, contudo, como disse a autora Jean Carper, ser portador do mesmo não significa que você terá Alzheimer, há pessoas que o tem e não desenvolveram a patologia, como há aqueles que não o carregam e desenvolveram.
Contudo o ApoE4 foi o que levou a autora a escrever o livro. Após um exame rotineiro de colesterol, Jean descobriu que carregava o gene, e temendo desenvolver a doença devido ao histórico familiar — sua mãe tinha Alzheimer —, buscou formas de se prevenir. O grande problema é que, assim como não existe um diagnóstico preciso, também não há uma cura para o Alzheimer.
Isso não a esmoreceu, Carper realizou uma profunda pesquisa sobre a área, procurando o que poderia fazer para evitar ao máximo a doença, e quando conseguiu reunir 100 tópicos, resolveu compilá-los em um livro para que mais pessoas pudessem se beneficiar de suas descobertas.
O mais impressionante é que, com base nos escritos da Jean, os fatores que aumentam os riscos de desenvolver o Alzheimer e de preveni-lo são tão simples, que podem até parecer bobos. São coisas que muitos fazemos no dia a dia e não temos ideia de que isso pode estar nos aproximando ou distanciando dessa patologia.
Com uma linhagem bastante didática e capítulos curtos, a autora explana sobre suas descobertas, tendo o cuidado de respaldar sempre onde conseguiu cada informação, para que tenhamos segurança em suas palavras.
Para vocês terem uma ideia do que há no livro e do que podem começar ou deixar de fazer, fique sabendo que o estresse, o consumo de fast foods, o sedentarismo, o isolamento, bater a cabeça, a alta taxa do colesterol LDL, e o hábito de beber muito são alguns exemplos de fatores que aumentam o risco de desenvolver o Alzheimer.
Já a prática de atividade física, o consumo de peixes ricos em ômega-3, de verduras e legumes de cores fortes, estudar, jogar videogame, e o ato de você ser sociável e ter um grande círculo de relacionamentos são fatos que reduzem as chances de adquirir a doença.
Você precisa tomar cuidado para não entrar em pânico ao ler o livro, porque o número de coisas que fazemos diariamente e que podem nos prejudicar é grande. Dependendo do que for, podemos elevar o risco em mais de 300%! Não surte, como a Jean repete em todos os capítulos, nunca é tarde ou cedo demais para mudar seus hábitos. Além do mais, a autora também deixa bem claro que seguir todas as suas dicas não significa que você deixará de correr o risco de desenvolver o Alzheimer.
Isso é até meio irônico, pois a quantidade de coisas que podemos fazer para reduzir essa probabilidade é imensa, e mesmo assim o risco sempre existirá. Você lê o livro se perguntando: como eu ainda posso desenvolver a doença depois de seguir todas essas dicas e depois dos resultados que a autora apresentou?
E ao final da obra a Jean ainda sugere um Plano Anti-Alzheimer. Ela compila todas as 100 dicas em 4 tópicos para ajudarem o leitor a iniciar essa caminhada. Você pode até iniciar a leitura por esse plano e depois partir para cada uma das dicas com mais calma, para conhecê-las em detalhes.
Uma coisa que gostei bastante foi o cuidado da Sextante em fazer as devidas alterações no texto. Exemplo: a Jean aponta alguns sites para ajudarem o leitor a conhecer mais sobre a doença, e a editora teve a atenção de substituir os endereços norte-americanos por brasileiros, citando a ABRAZ: Associação Brasileira de Alzheimer (www.abraz.org.br) e a APAZ: Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer (www.apaz.org.br). A Sextante também alterou os sites de exercícios mentais que a autora sugeriu por outros nacionais, contudo rodei atrás deles no livro e não os encontrei novamente.
O livro da Jean não é desses que você pode ler em uma sentada, essa obra precisa ser mastigada e digerida aos poucos para que o leitor absorva ao máximo seus ensinamentos. Se você não tem nenhum caso de Alzheimer em sua família, mas conhece quem tenha, pode indicá-lo ou dar de presente sem medo, essa leitura é essencial. E você pode lê-la também mesmo assim, porque todos estamos sujeitos a desenvolver essa patologia, tenhamos o gene ApoE4 ou não, pratiquemos as dicas aqui apresentadas ou não.