Fernanda | @psiuvemler 27/01/2016Um romance que valoriza o regionalismo | Por Império ImaginárioJonas é o filho caçula da família Maia e, depois do falecimento de seu pai, toma para si a responsabilidade de reerguer a fazenda da família – já que seu irmão mais velho não tem maturidade o suficiente para tal ato –, que vem sofrendo constantes ataques que ele jura vir de seu maior rival e antigo amigo de seu pai, Jack Monteiro. Com um jeito agitado e um temperamento forte, ele é cortejado por várias garotas de Vale da Mata, interior de Minas Gerais, mas pouco ligando para isso, ele se dedica apenas a cuidar da herança deixada por seu pai. Em suas mãos, a fazenda começa a prosperar novamente e isto desperta o interesse de Jack, que frequentemente lança uma oferta a Jonas por suas terras.
Em uma quinta-feira, logo depois de um churrasco, Jonas decide cavalgar pela fazenda para espairecer e tentar esquecer-se dos problemas de sua fazenda. Enquanto descansava encostado em um tronco de árvore, um grito feminino chamou sua atenção. Uma guria que galopava a uma certa distância teve problemas com seu cavalo e acabou por sofrer um acidente. Correndo para ajudá-la, Jonas nota que a moça havia machucado o pé e, enquanto a ajuda, eles iniciam uma breve conversa afim de se apresentarem. E Mônica Monteiro era o seu nome.
Por mais que o destemido Jonas Maia tentasse manter distância da sensual filha de seu maior inimigo, a garota era atrevida e sempre tentava uma aproximação com o cowboy – desconhecendo os motivos que o faziam querê-la longe. Depois de oito anos fora da fazenda de seu pai, vivendo no Rio de Janeiro para estudos, agora ela retorna para casa e descobre que seu maior objetivo será seduzir o homem que a ajudara. Com sua pele morena, cabelos longos e coxas grossas, Mônica sempre conquista os homens ao seu redor e não foi diferente com Jonas. Depois de tamanha insistência por parte de Mônica, ele se viu enfeitiçado pelos encantos da cabocla. E, mesmo Jonas estando sempre com um pé atrás, os dois iniciam uma relação às escondidas.
Após Mônica ficar sabendo dos problemas entre Jonas e seu pai, os dois estão cientes dos problemas que aquela relação pode acarretar. Mesmo com brigas, ciúmes e provocações, o casal continua se encontrando, agora com mais frequência. Depois de vários encontros, a relação já não é mais secreta. A cidade inteira fica sabendo e claro que, com essa declaração, vieram os problemas. Porém nada abalou o casal. Até que um imprevisto mudou totalmente a vida dos dois – e, consequentemente, a de todos de ambas as famílias.
Mônica e Jonas eram um casal que, até a metade do livro – antes de resolverem assumir o relacionamento –, me encantava bastante. Porém depois de anunciarem seu casamento, a coisa começou a ficar complicada (para mim). A leitura ficou devagar demais, pois constantemente o casal brigava, se distanciava e, em breve, reatava com uma relação de amor, tornando aquilo um ciclo incessante. Percebi meu sentimento de raiva em relação a Mônica quando, depois de uma briga com seu cônjuge, ela esperou ele se retirar, simplesmente riu e comentou que, mesmo sabendo que toda aquela provocação era errada, adorava ver a cara de zangado do cowboy. Esse foi o momento em que mais senti vontade de esbofetear a personagem.
No restante, a história é fantástica. Em um sotaque mineiro, a autora explora, em seu romance de estreia, até mesmo questões territoriais, como a briga por terras entre famílias de diferentes fazendas e as consequências de traições que podem atingir as próximas gerações. Os personagens criados por Isadora Raes são cativantes – uns, nem tanto... (Sandra, um dia a vida te dará uma rasteira, filha) –, cada um com suas características. Minhas favoritas, sem dúvida alguma são a dona Gilda, mãe de Jonas, e Pamela, irmã de Mônica. Dona Gilda é ríspida em seu modo de ser e falar, podendo ser considerada uma mulher insensível. Acontece que sempre criou seus filhos daquela maneira, com o objetivo de que, quando crescessem, se tornassem verdadeiros homens e não moleques. Pamela era a primogênita de Jack Monteiro e, diferente da irmã ousada, tinha um comportamento mais reservado. Estava sempre apoiando a irmã e permanecendo ao seu lado, independentemente das loucuras que Mônica resolvesse fazer.
O romance foi publicado pela Editora Novo Século através da coleção Talentos da Literatura Brasileira. Todo o trabalho feito pela editora está incrível. A capa ficou um amor, representando dignamente o enredo criado pela autora. O livro possui fontes médias e folhas amareladas, proporcionando uma leitura bastante agradável. O início de cada capítulo é bem simples, mas bonito. Encontrei apenas alguns erros de digitação e separações de cenas desnecessárias. Adorei conhecer a autora e agradeço a ela pela oportunidade dessa parceria e confiança para realizá-la.
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