Francisco 07/01/2016
Te dou 5 motivos para não ler esse livro, e (...) para ler, veja
Antes de começar essa resenha, vou dar alguns motivos para você não lê este livro.
• Se você não gosta de livros de ficção cientifica, onde o poder é uma discussão em voga....
• Se você não gosta de livros com reviravoltas extraordinárias...
• Se você não gosta de livros que tem plots twits sensacionais que te fazem perder o folêgo...
• Se você não gosta de livros que fazem um cliffhanger fdp, que faz você praticamente implorar para o autor lançar o próximo livro...
• E se você simplesmente não gosta de um protagonista, que te inspira a fazer diferença no mundo...
Pare de ler essa resenha, esse livro não é pra você. Mas, se mesmo assim, você sentiu que esse vai ser o livro da sua vida, então vamo continuar juntos nessa viagem interplanetária de Filho Dourado.
É minha gente, não tá fácil não, o Brasil ta em crise e eu aqui dizendo que li um dos livros mais perfeitos ever, só pra arranjar mais leitores para discutir o quão sensacional é esse livro. Me desculpem a babação de ovo, mas isso tudo é porque Pierce Brown (que além de lindo, hahahah) está construindo uma das melhores distopias da atualidade. Afinal se utopia é um mundo perfeito que nunca vamos alcançar, distopia é o oposto, onde o mundo é totalmente desprezível, e sinceramente, Pierce Brown alcançou com a sua história tão próxima desse conceito, onde poucos livros realmente conseguiram chegar. Sei, vocês vão dizer que é uma opinião de um blogueiro, que ta começando a vida e tal, mas façam um seguinte, leiam e me digam, o que acha, desafio lançado?
Para quem ainda não conhece, Filho Dourado é a continuação do livro Fúria Vermelha, fazendo parte da trilogia “Red Rising, composta por esses dois livros, e “Morning Star” que será lançado, de acordo com a Globo Livros, provavelmente, no mês de junho de 2016. A série conta a história de Darrow, que vive numa sociedade dividida por cores, onde os Ouros são os dominadores, nessa hierarquia, e existem outras cores que estão abaixo, como Rosas, Azuis, Prata, entre outros e a cor mais baixa nessa hierarquia são os vermelhos, do qual Darrow fazia parte. Mas depois de alguns acontecimentos, Darrow é transformado em um Ouro, para chega ao topo dessa sociedade e tentar muda-la.
No primeiro livro é contada a saga de Darrow em um instituto, do qual os Ouros competem entre si para serem os melhores e assim conquistar espaço, no topo (do topo, porque não basta ser Ouro, tem que ser Deus, ou quase isso, Rá), porém a vida nesse instituto não é fácil, e chegar no mais alto posto, poderá custar a vida de muitos Ouros (pensa que a vida deles é fácil? Rá, fácil é a minha vida, que vou no meu trabalho, passo 8 horas por dia e depois sigo meu rumo, a deles é e sempre será um inferno). Se vocês ainda não leram o primeiro livro, que tal se aventurar em nossa resenha de Fúria Vermelha, Clique Aqui e saiba mais sobre essa história.
CUIDADO, se você não leu ao primeiro livro, pode ser pego por alguma situação importante, nesse segundo que influenciará na sua experiência de leitura. Vamos tentar ao máximo evitar Spoiler, mas para evitar, vocês quererem me matar, estamos avisando, passando isso, continuemos (...)
“Não. Você não está certo (...) Deixei a sociedade não porque ela está doente, mas porque ela está morta. A sociedade foi criada pra instilar a ordem. Homens foram obrigados a se sacrificar para que a humanidade pudesse perdurar (...)” (p. 316)
Bom, nesse segundo livro Darrow não está mais no instituto, e alguns anos se passaram. Agora ele é lanceiro da Casa Augustus (casa do Arquigovernador), e ao invés de haver somente Marte como pano de fundo, agora toda a Galáxia se faz presente nesse enredo. Ele se tornou uma das pessoas mais brilhantes de Marte, até que em uma disputa com seu mais novo arquinimigo (não posso falar quem é) ele acaba caindo no fundo do poço. E assim prestes a ser leiloado em um baile de gala, Darrow consegue se reerguer, na frente da Soberana (vocês pensavam que o Arquigovernador estava no topo, miraram longe, existe uma pessoa acima dele que é responsável por todo o império dos Ouros na galáxia) começando-se assim as reviravoltas, intrigas, disputas de poder, e guerras, aí fica a pergunta, será que Darrow e seus amigos sobreviverão a tudo isso?
Se em Fúria Vermelha as batalhas se assemelhavam, as grandes guerras gregas e romanas, agora, apesar de haver vários combates extraordinários que lembram esse período épico, inclusive o clímax desse livro, a história fica ma-ra-vi-lho-sa, com os conflitos no espaço, você disse espaço? Sim, eu disse. Nesse segundo livro, várias das melhores batalhas acontecem além dos territórios terrestres, lembrando histórias como o emblemático Star Wars, porém com muito mais sangue, porque Pierce Brown não tem pena de contabilizar os mortos. Isso é importante, para contar como a nossa sociedade se transformou nesse inferno criado por ele.
Claro, em Filho Dourado o pano de fundo se expandiu, os personagens aumentaram, inclusive os inimigos, que deixaram de ser simplesmente, os estudantes do Instituto, para ser os maiores Ouros desse Universo e muitas vezes para sobreviver nesse local, Darrow precisou fazer acordos com ex-inimigos, que um dia pode custar caro.
“(...) Grande parte do poder de um soberano é a fantasia criada pela imaginação das pessoas. Meu poder não são as naves. Não são os pretorianos. Meu poder é o medo deles. Mas eles precisam ter lembranças frescas do medo (...) (p. 189)”
Cara, eu pirei na frase acima, sério. Nesse livro, o autor Pierce Brown é menos estrategista, e mais filosófico, principalmente no que se refere a discussão de Poder. E pensem comigo, nos dias de hoje, existem duas formas de poder majoritárias que conhecemos. A autoritária, relativamente mais fácil, onde um manda e os outros obedecem (ditaduras são exemplo máximo disso) e a Democracia, onde todos através de diálogos, e discussões tomam decisões em conjunto. Se a democracia entra em crise (como estamos vendo no Brasil), parece que a solução é o autoritarismo (por isso os movimentos pela volta da Ditadura), porém isso é perigoso, não que vamos nos tornar a sociedade que Pierce Brown criou, mas é um caso a se pensar e refletir.
Voltando a história, o autor usa um enredo carregado em discussões inerentes a essas disputas de poder e que na verdade, todos podem sair perdendo (todos mesmo), como ele afirma:
“Não deveria ser assim. Os Ouros têm tudo, no entanto exigem sacrifícios até mesmo deles próprios. Esse lugar é doente. Esse império ruiu. Ele come seus reis e suas rainhas, com a mesma voracidade que come os miseráveis que trabalham na sua terra.” (p. 281)
Tá vendo? Então afinal de contas? O Ouros são mesmo os vilões dessa sociedade? Ou a forma como isso está instalado é que é o problema? Como Darrow deve agir?
Isso e outros questionamentos, são chave para entender o mundo criado por Pierce Brown. E por falar nisso, O que é o Darrow? Uau, esse personagem é sensacional. Ele, hoje é o meu personagem favorito ever. Não só porque ele consegue conduzir essa revolução brilhantemente, mas porque é um ser humano, que sofre, confia, e preza por algo, que poderia ser a solução de muitos problemas. A confiança na amizade, pois ele acredita mesmo nas pessoas, mesmo elas fazendo o mal, ele confia, ele acha que com esse sentimento, elas poderão mudar, poderão sair daquele mundo maléfico. Agora é interessante, pois ao mesmo tempo que ele confia fielmente nos seus amigos, ele é “uma farsa”, que se descoberta, pode ser a maior das traições.
Ah um detalhe da história, as vezes achei algumas situações parecidas com Senhor dos Anéis, principalmente no que diz respeito a jornada do Frodo, do tipo, quando parecer que tudo vai dar certo, algo aparece pra acabar com essa sensação. Isso é recorrente no livro e depois que li os agradecimentos e vi o autor falando de Senhor dos Anéis, eu entendi porque.
Em relação a edição brasileira, eu gostei muito, do tamanho do livro, da fonte, espaçamento, são mais de 500 páginas que quando você percebe, já terminou. O efeito brilhoso na capa é lindo, porém não é funcional, pois em meio a luminosidade e contraste com a cor do fundo, você não consegue ver muito “Filho” do título, sem contar que esse efeito desgasta logo. Isso talvez aconteça, pois, a Editora, faz essa coisa linda, em uma edição de capa comum, talvez se fosse edição de capa dura, esse probleminha seria sanado, aliás, uma proposta para editora, seria de lançar esse livro em Capa Dura.
Por fim, quero ressaltar que o Plot Twist do final desse livro é sem dúvida, um dos melhores que eu já vi, pois, uma das maiores qualidades de Darrow, pode ser o responsável por algo, que é muito difícil de digerir, mesmo sendo compreensível. E olha gente, só uma dica, tomem cuidado com os personagens que vocês se apegam, pois depois desse final, eu não espero mais nada, nem de Game Of Thrones gente, sério mesmo.
Então é isso gente, “Filho Dourado é a Curvilâmina no coração da nossa sociedade, para nos levar a reflexão sobre essa disputa de poder, como estamos formados, e onde queremos chegar” No mais, não to me aguentando, estou doido para a leitura de “Morning Star”, o livro encerramento dessa maravilhosa trilogia. Ah, nem preciso dizer que esse livro é 5 estrelas favoritado, né?
“ (...) Darrow. Os Ouros não ascenderam do mero acaso. Nós ascendemos da necessidade. Do caos, nascidos de uma espécie que devorou o seu planeta em vez de investir no futuro (...) Então, quando conquistamos a humanidade. Não foi por ganância. Não foi por glória. Foi para salvar nossa raça (...)” (P. 527-528)
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