Contos de Kolimá

Contos de Kolimá Varlam Chalámov




Resenhas - Contos de Kolimá


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Erika 16/06/2020

Estávamos acostumados a respirar o cheiro ácido da roupa surrada, do suor; ainda bem que lágrimas não têm cheiro.
Este é o primeiro de uma série de 6 livros de contos que narram o cotidiano dos condenados aos trabalhos forçados na Sibéria.

O título do livro se refere à região onde Chalámov cumpriu parte de sua pena, às margens do rio Kolimá, localizado no extremo nordeste da Rússia, considerado o centro do frio e da crueldade ocorrido no governo de Stálin. Embora não exista documentos estatisticamente confiáveis, estima-se que dezenas de milhares de pessoas morreram nesses campos devido ao trabalho intenso, às péssimas condições de vida, aos maus tratos e ao o frio, que chega a atingir 60 graus abaixo de zero.

Não vou mentir, são histórias muito difíceis de serem lidas, acabou comigo de verdade. Mesmo com alguns momentos que beiram a poesia, abordando literatura e religião, o autor é bem duro ao deixar bem claro todo o descaso sofrido e as atrocidades cometidas contra os prisioneiros, que nada de bom se aprende nos campos, e que o que existe lá nenhum ser humano deve ver e saber. É preciso ter um estômago (muito) bom e o coração preparado para sair de dentro da nossa conchinha e adquirir conhecimento dessa parte da História. Livro para quem tem coragem.
Onassis Nóbrega 01/05/2023minha estante
Acabei de terminar este volume e endosso totalmente suas palavras. Demorei quase 4 meses, pois tinha que parar frequentemente. Não dá para ler de uma tirada.




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Contos de Kolimá, Varlam Chalámov - Nota 8/10
A literatura russa vem me interessando cada vez mais. Foi na busca por mais livros desse gênero que conheci as obras de Chalámov. O Contos de Kolimá é o primeiro de 6 livros que reunem diversos contos, todos com uma temática em comum: a realidade - cruel - dos campos de trabalho forçado soviéticos. O autor cumpriu pena por quase duas décadas nos campos da Sibéria e, com base nessa experiência, escreveu os relatos autobiográficos. Na congelante Sibéria, com temperaturas que podem chegar até 60 graus negativos, os presos sofrem - e morrem - com o frio, fome, exaustão, falta de higiene e diversas doenças. É com uma escrita sútil e de fácil leitura que Chalámov consegue apresentar ao leitor os limites da crueldade e degradação humana, em um trabalho que levou mais de 20 anos para ser concluído. Recomendo!

site: https://www.instagram.com/book.ster
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Gabrielli 28/01/2023

Sensacional
Que leitura necessária! Melhores relatos sobre os campos soviéticos que li até então. Seco, visceral, sincero e profundo.
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Davi Teixeira 26/11/2023

Relatos sem filtro nenhum. Impactante.
Os contos são um forte testemunho do terror dos campos de trabalhos forçados da União Soviética (Gulags). Nos Gulags, assim como nos campos de concentração, os prisioneiros, principalmente os que foram parar lá por acusação de serem inimigos do povo, ou seja, críticos ao regime soviético, eram punidos com muito trabalho pesado e tortura física e psicológica. Uma das melhores e mais pesadas leituras que eu já fiz. Indico a todos!
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@Kalik 19/05/2022

Quero terminar a coleção em breve!
Escritor nos leva para dentro do Gulag
Visão de vida impressionante !
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Érika 26/10/2021

Apenas primeiras impressões sobre a série
Ontem à noite terminei de ler este livro, o primeiro dos seis livros do ciclo “Contos de Kolimá”, de Varlam Chalámov, que contêm histórias sobre a vida nos campos de prisioneiros soviéticos no século XX. Farei uma resenha mais profunda quando terminar a série inteira, hoje dou apenas noções superficiais sobre este, nos limites da legenda do IG.

Chalámov foi condenado duas vezes ao Gulag: em 1929, por distribuir um texto de Lenin alertando a sobre a periculosidade de Stalin; e em 1937, na maior onda de repressão do período Stalinista. Com mais algumas condenações que acumulou no campo de prisioneiros, ele passou ao todo 17 anos nos trabalhos forçados, como mineiro e depois enfermeiro. Solto em 1951, só voltou a Moscou em 1953, e passou até 1973 escrevendo os seis livros da série.

Adquiri essa série faz um tempinho e estava enrolando para ler por causa do tema pesado, mas entrei para um grupo de leitura conjunta da obra que me deu a coragem que precisava para começar.

Se eu soubesse que era tão bom, teria começado antes.

O autor já me conquistou no primeiro conto, “Pela neve”. Curtinho, ele faz um paralelo entre o trabalho dos homens que abrem caminhos inexplorados pela taiga (floresta do Norte russo) e o trabalho dos escritores. Com esse conto, Chalámov conseguiu traçar o cenário para o livro que viria adiante e ao mesmo tempo nos passar um postulado seu sobre a arte, que dita o caminhar do livro nesse aspecto. No segundo conto, ele fixa mais algumas estruturas, dessa vez jogando-nos direto em um recorte comum – e brutal – do campo, enquanto pincela referências literárias desde a primeira frase.

O que me surpreendeu no autor foi a sutileza como ele transmite a brutalidade, a dureza da realidade retratada. Parece paradoxo usar “sutileza” e “brutalidade” na mesma frase, mas não. Eu tinha receio de encontrar muitas descrições gráficas de violência e dos horrores cometidos naqueles lugares. Não é por aí. A força das histórias está nos detalhes, em coisas não ditas, ditas pela metade. Não que o autor esconda algo, use de afetação. Mas a forma como ele relata os ocorridos desperta pensamentos na nossa mente por um lado que nem estávamos esperando.
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Anderson.Fernandes 17/04/2020

Contos de Kolimá - Resenha - Prisioneiros do regime comunista
Contos de Kolimá
Varlam Chalámov

Minha edição é da editora 34, que está refazendo traduções de livros russos. Achei este livro um relato real e verossímil da dura vida e do tratamento inumado dado pelo Governo Comunista aos prisioneiros. O autor passou vários anos em Gulags, as prisões de trabalhos forçados. Alguns anos em Gulags nos montes Urais e outros na Sibéria, na região do rio Kolimá. Ao pessoal que enaltece o Comunismo venho dizer que estes Gulags não eram muito diferente dos campos de concentração Nazistas. Primeiro que para ser preso e enviado para um campo de concentração deste – bastava fazer coisas simples como criticar o governo(o governo confiscava, monitorava e lia cartas particulares) ou até ter alguém do governo que não fosse com a sua cara. Segundo que o trabalhador, o camarada trabalhador no campo, na lavra, trabalhava mais que um escravo e sua vida valia menos que a de um escravo. Haja visto que nos idos tempos do passado o escravocrata ao menos tinha que comprar e investir algum valor para obter X escravos, ali na lavra as pessoas vinham aos montes e a vida e a morte não tinham valor algum para os chefes.
Normalmente as pessoas morriam de exaustão. Simplesmente não levantavam mais, estava morto. Há um relato onde os presos simularam que o morto estava ainda vivo na sua tarimba a fim de enganar a pessoa que servia a ração da manhã. Desta forma eles conseguiram uma porção extra de comida no café-da-manhã.
É um livro muito bom e tenho interesse em ler os outros volumes. Há várias palavras e termos russos que me eram desconhecidos e tive que pesquisar no Google para entender melhor o que estava sendo dito. Principalmente na questão de roupas e vestimentas. O livro tem algumas notas de rodapé que auxiliam entendimento de outros termos mais específicos. Recomendo a todos a leitura a fim de conhecerem a realidade de um preso do regime Comunista, ideologia tanto defendida por muitas pessoas hoje em dia. A desumanidade e a crueldade que o governo assolava seu próprio povo é impressionante. Em seguida colocarei alguns trechos do livro.
[...] Não mostravam o termômetro meteorológico aos trabalhadores, não havia necessidade, eram obrigados a sair para o trabalho sob qualquer temperatura. Além disso, mesmo sem termômetro, os prisioneiros antigos mediam o frio quase com exatidão: se há nevoeiro gelado, na rua faz quarenta graus abaixo de zero; se o ar da respiração sai com ruído, mais ainda não é difícil respirar, então, quarenta e cinco graus; se a respiração fica barulhenta e visivelmente ofegante, cinquenta graus. Abaixo de cinquenta e cinco graus, o cuspe congela no ar. O cuspe congelava no ar há duas semanas. Todas as manhãs, Potáchnikov despertava esperançovo: será que o frio diminuiu?
[...] Os cavalos não se distinguiam em nada das pessoas. Faleciam por causa do Norte, do trabalho além das forças, da comida ruim, das surras, e, embora tudo isso fosse dado a eles mil vezes menos do que às pessoas, faleciam antes. Então compreendi o principal: o ser humano tornou-se ser humano não porque é uma criatura de Deus e não porque tem um polegar em cada mão, mas sim porque é fisicamente mais forte mais resistente do que todos os animais e, depois, porque conseguiu colocar seu princípio espiritual a serviço de seu princípio físico.

Irei encerrar esta resenha comentando e citando um dos trechos que achei mais comoventes deste primeiro volume. O autor conta a história de um pastor alemão Adam Fritzorguer, originário de um povoado próximo de Marxstadt, às margens do rio Volga. Ele tinha uma única fotografia da filha que guardava com muito carinho e acariciava a foto sempre antes de dormir. Tinha muitas saudades da filha. O chefe da seção então, percebendo isso instou-lhe para que escrevesse para a filha, dando-lhe papel e grafite. Fritzorguer escreveu e após algum tempo veio uma carta do governo dizendo que a filha declarou ter vergonha do pai por este ser um inimigo do povo e que por isso o renegava e pedia que desconsiderassem a existência do parentesco. O autor, tendo acesso a carta antes de Fritzorguer, queima a mesma a fim de poupar o velho pai de tanto sofrimento causado provavelmente pelo sadismo do governo Comunista. Segue então trecho do livro:
“Eu pensava outra coisa: pra que enviar ao pai detento uma declaração dessas? Seria algum tipo particular de sadismo, como as falsas notificações de morte que costumavam mandar a parentes de encarcerados? [...] Amassei o pacote e joguei-o na portinha aberta do forno aceso.”
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Rodiney 28/03/2017

Letras corajosas
Texto referência para todos que desejam conhecer a verdade sobre o regime soviético. Regime que era apresentado de forma perfeita pela propaganda estatal e intelectuais ocidentais que se alinhavam com a ideologia bolchevique, como Sartre. Chalamov passa por todos os piores infortúnios nos gulags stalinistas e paradoxalmente, esses infortúnios não foram suficientes para lhe retirar o que tinha de mais sublime: o pensamento por meio de sua escrita. Chegou a afirmar que o homem possuía uma força que ele desconhecia, força que aparece justamente nesses momentos mais aterrorizantes. A mesma força dos animais em se manterem vivos, o homem também provava nos gulags. Destaco o conto: "Cruz Vermelha", pois apresenta de forma bem atual a depravação moral de toda uma sociedade que aos poucos vai sendo governada por "blatares", bandidos.

site: https://letraincapaz.blogspot.com.br/
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Henrique Fendrich 01/02/2019

Esse espantoso russo faz um painel que é ao mesmo tempo o seu testemunho de como é ser condenado a trabalhos forçados na Sibéria, em meio à Rússia stalinista. Ora, nesses campos de concentração, visivelmente, um ser humano deixa de ser um humano. Os sentidos ficam de tal forma embotados que se matam uns aos outros a troco de nada, ou a troco de um pedaço de pão ou de um tabaco vulgar. Passa-se muita fome nesse tipo de lugar e um dos relatos mais chocantes feitos por Chalámov a esse respeito é o dos prisioneiros que decidiram abrir uma sepultura, pegar as roupas de morto e revendê-las a fim de conseguir alguns trocos que permitissem ter as suas necessidades satisfeitas. Em outro conto, mata-se um cachorro para matar a fome. Esses prisioneiros vivem apenas para o dia que estão vivendo, isto é, não pensam no amanhã, quando talvez nem estejam mais vivos. Muitos procuram a morte, e muitos são os que se mutilam porque, então, não serão obrigados a fazer o trabalho extenuante. Um dos contos que achei mais sensíveis diz respeito a isso e se chama “Chuva”. Há vários momentos crus e violentos, com atitudes chocantes, mas isso era o que um condenado por trabalhos forçados realmente vivia. O testemunho de Chalámov, como muitos outros, deveria ser suficiente para que a humanidade nunca mais cometesse semelhantes atrocidades. Entretanto, quem pode garantir que tudo isso não se repita, quando a humanidade achar conveniente?
Anthony Almeida 12/10/2022minha estante
Se Chalámov conhecesse a crônica, chamaria esses textos de contos ou crônicas?


Henrique Fendrich 17/10/2022minha estante
Talvez chamasse de crônicas, mas no estilo das que o Braga fez durante a guerra.




Marianne.Azevedo 26/02/2020

Excelente
Mostra a realidade
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Mel 11/05/2023

Dilacerante
Livro obrigatório para quem estuda a Rússia e os campos de trabalhos forçados. Infinitamente mais excruciante que Soljenitsin, com descrições duras e cruas sobre os campos. Leiam! Leiam!
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Cdmm 15/02/2022

Realidade bruta
Gostaria que todas as pessoas que ainda se iludem com o comunismo lessem este livro. Retrato brutal do que é o ser humano em posição de poder sobre a vida das pessoas, sobre o que é o ser humano vivendo como um autômato exclusivamente pela sobrevivência das próximas horas e pra completar em um cenário inóspito terrível. Devastador.
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Mrs. Helena Hawthorn 02/07/2020

Muito chato!
Meu deus, mas que livro chato! Poxa, achava que seria tão bom!

1. Alguns contos são mto curtos que você pensa "poxa, mas já?".
2. O autor narra como se fosse um robô. Parece que estou lendo um relatório.
3. Essa tradução está irritante! Várias palavras não foram traduzidas para o pt, e ficaram em russo e as tradutoras apenas colocaram a nota de rodapé com o significado delas. Muitas vezes essas palavras voltam a aparecer em outros contos, mas já esqueci o significado e não sei onde é que ela estava para saber o que significava! Wtf!
4. Apesar de sim, alguns contos serem tristes, não achei nada que não fosse retratado em livros de segunda guerra ou até em outras obras russas!
5. Não me apaguei a ninguém em nenhum conto.

Só dou uma 1 estrela porque gostei de 1 conto só. Não aguentarei ler esse livro até o final, foi mal...tem coisa melhor pra ser lida.
Likah 02/07/2020minha estante
Puxa, que pena! Eu tinha uma expectativa enorme quanto a essa série.


Mrs. Helena Hawthorn 05/07/2020minha estante
Eu acho que fui a única pessoa que não gostou desse livro kkkkkk. Então vá em frente, leia haha. Esse livro me decepcionou muito :'( aff..




jackpveras 28/12/2023

Kolimá, a sepultura dos condenados
Obra de forte teor melancólico, mórbido e absurdamente comovente. Cada um dos contos traz em si uma descrição muito realista da trágica situação vivida pelos condenados aos trabalhos forçados em um ambiente inóspito cujas temperaturas estão na casa dos 50/60 graus negativos, não bastasse a maldade dos comandantes, agentes de cárcere e médicos.
Nesta obra, as pessoas são executadas por nada, contraem doenças terríveis para a época (tifo e escorbuto), passam fome, frio e têm o corpo repleto de piolhos e furúnculos.
Literatura de altíssimo nível.
Acabei de ler o primeiro. Faltam mais cinco.
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Alan 20/02/2017

Não sei se darei continuidade ao próximos volumes, acho que me arriscarei por mais um ou dois, mas sem dúvidas é uma grande livro. Chalámov tem uma prosa simples e crua, sem floreios, talvez como a realidade de Kolimá que ele tenta retratar. Ao contrário do que se possa esperar, Chalámov não tenta ganhar o leitor com descrições grotescas ou muito cruéis. Embora o que ele descreva seja sempre cruel, a narrativa é muito sutil.
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