z..... 12/08/2015
Romance ambientado na Amazônia, marcado pela história de mulheres resolutas e fortes diante de adversidades rotineiras na segunda metade do século XX. Filhas do rio, apesar do título referir-se, primordialmente, a Maria.
Aborda pontos históricos como o garimpo e seringais, despertando um encanto ou curiosidade na descrição da natureza e da vida social.
A obra inicia com a história de Maria, em uma sucessão de eventos fortemente arraigados na cultura ribeirinha, principalmente de décadas passadas. É a parte que mais gostei, mostrando a protagonista da adolescência à maturidade de mulher calejada e pilar em sua família. O ambiente é retratado de forma rústica, isolada e decadente, principalmente em relação ao resgate seringalista.
Na segunda parte o autor apresenta Sandra, que tem uma história ligada a antepassados judaicos e com muitas revelações quanto a trajetória pessoal e de seu povo. O autor fala de eventos ocorridos na Europa que são desconhecidos do grande público, como a organização Zwi Migdal (máfia que atuou no tráfico de mulheres para a América do Sul). Nessa parte os eventos giram em torno do garimpo e sua efervescência comum ligada a bordéis e pirataria.
O livro encerra de forma nostálgica, em uma revisitação dos cenários, deixando em paralelo histórias amazônidas, reais ou fictícias, como tantas que ocorreram ou se passam por aqui.
O aspecto que não recebi de forma interessante foi a interrupção abrupta e descontinuada na história de Maria, que retorna apagada na segunda parte, sem o carisma cativante e admirável em sua primeira passagem.
É o segundo romance de Ilko Minev, recém publicado em 2015, com personagens ligados a "Onde estão as flores?", obra de 2013.