Resenhas - Os Bebés de Auschwitz

Anna na biblioteca 11/09/2015

Uma incrível jornada de resiliência!
No período em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial, sob o domínio nazista, três mulheres judias, Priska, Rachel e Anka são capturadas e enviadas ao temido campo de concentração de Auschwitz.
Todas jovens e casadas há pouco tempo, com amplos projetos de vida e constituição de família, com muitos sonhos a concretizar, mas cruelmente arrancadas de suas realidades e jogadas num novo cotidiano de privações, violência, humilhações e de muito, mas muito medo!

"Raparam-nos a cabeça, lavaram-nos com uma espécie de desinfetante e, em seguida, levaram-nos para o outro lado da enorme sala", disse Rachel. "Eles caminhavam entre nós e olhavam as mulheres para selecionar as mais novas e saudáveis. Não havia bebés nem mães ali. Apenas mulheres saudáveis que podiam trabalhar."

A nova rotina envolvia horas de trabalho escravo, uma alimentação de baixíssima caloria, muito abaixo do mínimo recomendável para a sobrevivência, constantes inspeções para verificar se ainda eram aptas para colaborar, ausência de condições de higiêne, saúde e moradia.

Sala disse: "Éramos como pequenas ovelhas assustadas. Não reconheci a minha própria irmã, depois de uma guarda da SS ter rapado a nossa cabeça. Disse-lhe que tínhamos deixado de parecer pessoas..."

"Algumas horas depois de chegarem, os kapos serviram-lhes água oleosa, à qual chamavam sopa, a partir de uma panela metálica suja. A sopa era servida num prato por lavar, partilhado por quatro pessoas, sem colher. "Estávamos tão chocadas com todas estas coisas - tão assustadas e a camilho da loucura - que ninguém tinha fome, pelo menos por agora." Sem saber o quão pouco iriam comer, as mulheres desdenharam a única refeição durante vários dias."

A jornalista britânica, biógrafa e autora deste livro, nos presenteia com este maravilhoso e incrível trabalho de pesquisa sobre a vida destas mulheres.
O livro é narrado cronologicamente, traz informações sobre suas origens em um período antes da guerra e de forma minuciosa descreve todo o desenrolar dos acontecimentos da vida de cada uma, mas também informações importantes de cunho histórico, o que para mim, enriqueceu ainda mais a leitura.

Uma investigação incrível através de cartas, relatos de familiares, depoimento de sobreviventes, documentos e material de historiadores, organizada e descrita de forma clara e envolvente, já que não conseguia parar a leitura!

As memórias de Priska, Rachel e Anka são quase que inacreditáveis sob o ponto de vista da crueldade humana, mas principalmente pela capacidade de suportarem a total falta de condições de vida, tanto física como psicológica. Ainda mais difícil, imaginar a possibilidade de engravidar e gerar uma vida, já que mal conseguiam cuidar e alimentar seu próprio organismo.

"Para além do peso que já tinham perdido, as mulheres começaram a perder a pouca massa muscular que tinham e, toda a energia. A pele cinzenta, escamosa e esticada estreitamente pelos contornos dos ossos, pelava e empolava. As mulheres ofegavam com mau hálito; as suas pernas e pés inchavam de tal forma que para muitas delas era difícil caminhar. A temperatura do corpo descia, deixando-as tremer e altamente suscetíveis a infecções."

Recomendo muitíssimo a leitura para que tem interesse pelo tema, mas vale lembrar que apesar de ser um livro maravilhoso, muito bem elaborado, seu conteúdo é pesado, difícil e profundo sofrimento.

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