Claudio 19/09/2017
Diminuindo a Desigualdade
Zygmunt Bauman foi considerado um dos mais conceituados pensadores da modernidade. Polonês, radicado na Inglaterra desde 1971 é dele a famosa expressão “modernidade líquida”, termo que usou para definir os tempos atuais onde os relacionamentos e os conceitos se esvaem como líquido em nossas mãos.
Na presente obra, Baumam traz uma questão interessante, afinal, a riqueza de poucos beneficia a todos nós? Divido em 4 pequenos capítulos, o autor tece sua opinião sobre o assunto.
Na primeira parte apresenta estatísticas que mostram que a desigualdade tem aumentado, ainda que a riqueza tenha se multiplicado, mas isto, segundo o autor, nas mãos de poucos. Na segunda parte nos pergunta por que toleramos a desigualdade, logo, trata de questões filosóficas e morais para a perpetuação de poder e de interesses econômicos acima do bem coletivo.
Na terceira parte Baumam ataca o problema, afirmando que somos levados a crer que o mundo funciona assim porque seria o melhor ideal a ser realizado nas condições humanas de comércio e relacionamento. Entende que tal assertiva poderia e deveria ser questionada por quem está fora do poder dominante e não acomodar-se às amarras da economia mundial que empurram uma grande maioria de seres ao consumo desenfreado a um custo muito elevado, a da própria fragmentação do ser.
Na quarta e última parte do livreto, o autor sugere que não percamos a esperança na mudança. Insiste que devemos lutar para diminuir as desigualdades e buscar não ficar dependentes do ciclo econômico que escraviza a alma. Alerta para a fabilidade dos projetos humanos quando centrados no egoísmo e sustenta que a força das palavras, das ideias, poderá manter a humanidade longe das catástrofes que ocorreram em um passado não muito distante.
OPINIÃO SOBRE O LIVRO:
Primeiro livro de Bauman que leio e apesar de pequeno, no começo achei muito tedioso por conta dos números e estatísticas que apresenta. Tenho sempre ressalvas quando pululam muitos números na minha frente ainda mais que eles servem a um propósito dependendo de quem levanta essas estatísticas. Assim, a primeira parte de pouco me aproveitou.
Na sequencia Bauman procura abordar o tema do ponto de vista filosófico e moral, mas não se aprofunda muito neste assunto. Apenas sete páginas são dedicadas às escolhas que fizemos e o mundo que tornamos.
A terceira parte é a mais interessante, pois aponta quatro tópicos principais que alguns dos defensores da economia globalizada apresentam para embasar o livre comércio: o crescimento econômico, o aumento permanente do consumo, a desigualdade natural entre os homens e a rivalidade competitiva entre as pessoas.
Bauman trata um por um destes assuntos de tal maneira que questiona se realmente a economia tem que ser do jeito que está, onde uma minoria explora e fica rica às custas de uma grande massa de consumidores. Em tempos de polarização política, principalmente no Brasil, e dada à experiência dos últimos governos as ideias de Bauman podem parecer socialistas demais em terras tupiniquins. Afinal, depois de anos de governos com um viés assistencialista, o que se viu foi o aumento da desigualdade motivado por políticas econômicas equivocadas.
Bauman talvez não esteja errado, afinal, é louvável querer uma distribuição de riqueza mais equitativa, contudo fazer isto sem prejudicar ou penalizar quem produz é uma tarefa que nossos governantes ainda não conseguiram fazer.
O tema é complexo e fomentar o consumo para gerar mais riqueza ou condições de melhoria de vida pode ser equivocado. Geralmente, como o próprio autor afirma isso só gera mais riqueza para poucos enquanto que muitos ficam mais endividados do que já estão. Algumas teorias econômicas afirmam que a geração de capital invariavelmente levaria as melhorias de condições de vida de uma sociedade. Se isto vai ou não acontecer não ouso afirmar. Mas compreendo que quanto maior o nível de escolaridade e de cidadania de uma sociedade, melhor ela estará apta para escolher que caminho seguir.
Mas vale a crítica e a sociedade de alguma forma deverá criar critérios mais generosos de se propiciar as pessoas condições melhores de trabalho e de empreender o seu próprio capital a fim de se obter melhores condições nas áreas da saúde e educação por exemplo. Nem todos terão a oportunidade de ficarem ricos, mas todos deveriam ter melhores condições de poder escolher e consumir o necessário, sem agredir o meio ambiente e nem explorar o próximo. Mas a roda gira e aonde iremos parar?
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